É evidente que uma pessoa chapada de
drogas na cabeça não tem um diálogo agradável. Delira nas ideias, viaja em
pensamentos absurdos num mundo ilusório criado por ela mesma. E aí, fica aquele
assunto vago, sem nexo.
Chico Lobo era um cara louco, porém, não
rasgava dinheiro e também não comia bosta. Não era agressivo, mas, era capaz de
tirar a paz de cães e cadelas fiéis e honestos da vila onde morava. Queimava
uma erva, não a daninha, mas, a danada mesmo e, ficava conversando com a lua feito um
débil mental. Bastava Chico Lobo passar pelas ruas e a cachorrada já
protestava. Muitos cães e cadelas, pais de famílias, se enfartaram e, nos
atestados de óbito fora comprovado que era de pura raiva.
Lúcia Pura era uma santa até se envolver com Chico Lobo. O único
vício estranho da menina donzela era roer as unhas dos pés com sua boca.
Tirando isso, Lúcia Pura estudava a Bíblia com as testemunhas de Jericó e boa.
Pois é, a menina se envolveu com Chico Lobo, começou a queimar ervas e aí o
barulho na vila se multiplicou.
Muitas velhinhas, cito aquelas fofoqueiras que adoram uma janela,
morreram sem saber como é que Chico e Lúcia sobreviviam, pois, eles não faziam
nada, absolutamente nada de concreto na vida, exceto perturbar a paz dos inocentes.
Certa noite, o casal chapado viaja num assunto que, como dizia a
crente Maria: Só pela misericórdia de Deus. Lúcia Pura lia a Bíblia, quer
dizer: ria das letrinhas. Chico Lobo, muito louco pergunta:
- Está lendo o livro de Genésio?
- Ainda não cheguei lá. Estou em Gênesis.
- O barato mesmo é o livro de Júnior, pode crer!
Lúcia pura discorda:
- Júnior? Júnior não escreveu livro nenhum da Bíblia.
- Não?!
- Júnior escreveu o Alcorão.
- E Jesus? Não escreveu nada?
Lúcia Pura sorri:
- Só escrevia na areia pelo que estou sabendo.
- Pô meu, pode crer! Que viagem foi aquele barato de fazer a água
virar vinho?
- E a multiplicação dos pães e dos peixinhos?
- Será que já vieram fritos?
- Vai saber, né?
Chico Lobo e Lúcia ficam observando uma mosca voando, até que a
coitada cai de corpo e alma num panelão de sopa. Chico Lobo da uma risada
diabólica.
- Chapada pra caracas essa mosca, pode crer!
- Teve uma morte bonita. Morreu na fartura.
De repente, sobe pela parede uma barata e Lúcia Pura diz:
- Olha outra louca lá. Para onde será que ela está indo?
- Provavelmente numa reunião dos tomates. Olha só as antenas dela.
Estão captando alguma coisa.
De repente, Chico Lobo e Lúcia Pura ouvem tiros diversos e, por
instantes, parece que o efeito daquela droga passa. Ouvem mais tiros e se
ajoelham e choram. Seria os traficantes? Seria a polícia? Ouvem mais tiros.
Oram e choram. Ouvem mais tiros. Acalmam-se quando ouvem o plim plim. A TV estava ligada
na Globo e o filme era de bang bang.
Chico Lobo da uma gargalhada.
- Caracas! Até a Globo está tirando uma com a gente, cara! Muda de
canal. Bota no Gugu.
Pois é, não tem jeito. O papo drogado é assim mesmo. Que absurdo,
Sô! Livro de Genésio? Livro de Júnior? Júnior escreveu o Alcorão? Peixinhos
fritos? Mosca que morreu na fartura? Barata indo pra reunião de tomate? Bota no
Gugu? Pode parar! Internem estes loucos.
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