sexta-feira, 27 de setembro de 2013

BOLINHOS DA VOVÓ

Dona Gonorréia depois que ficou viúva do falecido saudoso velho Pinto, ficou meio desgostosa da vida. Quer dizer: afirmam as testemunhas, incluindo as de Jeová, que ela nunca foi gostosa. Ela queria ser tanta coisa na vida antes de ficar velha, porém, nada de concreto conseguiu, com exceção os joanetes e rachaduras em seus pés.
O velho Pinto não passava de um velho caído, derrubado em todos os sentidos. Coitado. Era aquele tipo de sujeito que queria aparecer de qualquer jeito. Alinhava-se todo, metia um gel da hora nos cabelos, tomava um banho de perfume e ia pro boteco do Mané Vicente. Quem não o conhecia, pensava que ele era um doutor, pois, o velho Pinto falava bonito. Após a terceira dose de conhaque, sua fala já ficava doce. Melada mesmo. Ele era metido em falar em Astrologia e, olha, que entendia bem do assunto. Então, o velho Pinto, querendo sempre falar bonito, quando lhes perguntavam qual era o seu signo, ele dizia: “Sou do signo de Vergem”. Bêbado feito um besouro chapado de veneno ia pra casa trocando as pernas, fazer uma média com sua velha Gonorréia.
Por felicidade do destino, não tiveram filhos. A pobreza era tanta no barraquinho em que moravam em Diadema, na grande São Paulo, que os ratinhos e as baratas ficavam com pena deles. Dividiam a gema de um ovo cozido e só comiam as claras no escuro. E assim, sobreviviam. Miséria total, amados. Ora que melhora, como diz muitos dementes. A curiosidade não só matou o gato como mata qualquer curioso que me perguntar do que é que o velho Pinto morreu. Morreu de fome, é claro. Sonhou que estava saboreando uma picanha e, pensem no tamanho da delícia. Ele lambia e chupava cada detalhe do picão grosso, até que o sonho virou dos avessos, como todos os sonhos viram. A picanha comeu o velho Pinto e cientistas paraguaianos afirmam que a causa mortis foi a Pilory. Mas, tudo bem, ele já morreu.
Dona Gonorréia feia feita uma chapa dos pulmões de um tubérculo superou a dor em lágrimas. Ela tomava suas próprias lágrimas. Vichi!
Dona Gonorréia envelheceu como envelhece um escroto, uma vulva e isso é triste. Até hoje, a ciência ainda não conseguiu provar o “por que” de tudo aquilo que envelhece, fede. E a velha Gonorréia, guerreira das antigas ficou velha. Todo mundo a chamava de vovó e, ela, numa pobreza miserável, chupando pau pensando em pinto de galinha (salsichinha franguina) teve uma ideia brilhante: juntou o útil ao agradável numa só frase: Bolinhos da Vovó. Sim, ela era mais querida do que a mão quente do bêbado que te cumprimenta o tempo todo, só que a velha (meu chapa) queria um troco. Esse papo de “bom dia! Como vai? Tudo bem?” estava enojando a velha Gonorréia. Foi exatamente aí que ela teve uma excelente ideia: a de fazer algo que ficaria na história e ficou mesmo: “Bolinhos da Vovó”.

A velha Gonorréia se chapou de crack e, acreditem se quiser: conversou com seu fogão, geladeira e tudo mais. Arregaçou suas mangas, deu uma porrada numa goiaba bichada e disse pra si mesma: “Agora não tem pra ninguém”. Não é que a coisa deu, Deus? A velha fez uns bolinhos de trigo com certo segredinho e, é claro: a coisa pegou. Todo mundo queria saber qual era esse segredinho. Ela vendia seus bolinhos para gente até da alta, gente. O engraçado é que ninguém sabia ou queria saber da procedência daqueles bolinhos como muito de vocês que comem carne de gato pensando ser carne de gado. A velha Gonorréia, muito inteligente como toda velhinha sacana é, tinha um óleo velho que renovava a cada fritada. Depois de frito ela ainda assava os bolinhos. Pois é, vovó. Graças a um paparazzi paraguaiano que filmou, fotografou tudo, a senhora foi presa. Quantas vidas mandastes pro pau, lacraia? Que vergonha, vovó! A senhora soltava um grito pro alto, enchia os pulmões de catarro e escarrava na massa? Esse era o segredo? Depois, juntava grande quantidade de bolinhos e seus fregueses eram aqueles olhinhos puxados que não queriam nem saber da procedência destes bolinhos. Só que os olhinhos puxados não comerem dele não , viu vovó? Quem comeram deles foram os trouxas. Está presa vovó.


Que esta história sirva de exemplo para muitos: cuidado com aquilo que andam comendo por aí. Depois, pode ser tarde, hein!


doutorboacultural.blogspot.com/

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