Não há nada que seja mais sublime do que o amor. Cito um amor
de verdade; aquele que é capaz de suportar toda a dor e superar todos os
obstáculos. Tudo na vida pode findar um dia, menos o amor que é imortal e
infinito.
Jeniffer era uma mulher linda em todos os sentidos. Deixava
transparecer uma beleza interior verdadeira, o que encantava a todos. Nasceu em
berço de ouro na pacata cidade de Socorro, interior de São Paulo e era filha
única do Sr. Albert White, um milionário inglês que a deixou uma rica fortuna
de herança. Jeniffer estudou nos melhores colégios da Europa e, sem dúvida,
tinha uma inteligência brilhante. Quando esta jovem encantadora completou vinte
e um anos, seu pai promoveu uma grande festa de aniversário para ela. Lamentavelmente,
nesse mesmo dia, Jeniffer perdeu seu melhor amigo: seu pai, que sofreu um
infarto do miocárdio e não resistiu, entrando em óbito.
Jeniffer morava num casarão em Socorro. Vivia
rodeada de amigos e pessoas da alta sociedade. Muitos deles queriam namorá-la,
porém, Jeniffer não quis se comprometer com nenhum deles. O que deixou muitos
rapazes indignados e surpresos foi o interesse desta jovem tão bela e tão rica
por um mendigo de rua.
Ela se apaixonou por um homem que vivia bêbado, maltrapilho e
sujo, dormindo nos bancos da praça. Jeniffer investiu tudo de melhor para com
aquele homem, que em pouco tempo, abandonou seus vícios e saiu das ruas. Muitos
rapazes planejavam matar aquele homem, porém, todas as tentativas foram
fracassadas felizmente. Jeniffer casou com Aparício (o ex-mendigo) e, ambos
foram morar em Londres, na Inglaterra. Pelo menos lá, ninguém conhecia o histórico de Aparício.
Aparício estava adorando sua nova vida. Estudou muito, graças
ao incentivo de sua amada mulher Jeniffer. Jamais se encheu de orgulho e arrogância
em seu coração, pelo poder que agora tinha em mãos. Seu lema era praticar o bem
para com todos, assim como sempre fazia Jeniffer.
O amor de Jeniffer e Aparício era muito bonito. Não dependia este amor de nenhum fator
externo; não era aprisionado, nada tinha haver com sexo; um amor que não
causava dor, sofrimento, ciúmes, enfim, um amor incondicional.
Sucedeu que um dia, Jeniffer saiu de Londres e foi visitar
sua avó que estava doente em Liverpool. Ocorreu um trágico acidente na estrada. Um
ônibus vinha de contramão em alta velocidade e bateu contra o carro de Jeniffer
que conduzia o veiculo sozinha. Seu carro capotou várias vezes e explodiu. O
motorista daquele ônibus morreu na hora, porém, Jeniffer sobreviveu. Seu corpo
ficou totalmente carbonizado e ela ficou irreconhecível. Lastimavelmente,
horrível. Ela morreu e, da pior forma que se pode morrer em vida: morreu nas
orelhas, no cabelo, no nariz, na face, nos dedos das mãos, nos olhos. Com mais
de 60% do seu corpo queimado, morreu no espelho.
Quando Aparício recebeu esta trágica notícia caiu em total depressão, porém, deu uma volta por cima e reforçou ainda
mais seu amor por Jeniffer. Com o dinheiro que tinha poderia contratar os
melhores enfermeiros para cuidar de sua mulher que ficara inválida, que passara
por diversas cirurgias, que morria de dor a cada dia que passava, porém, não
fez isso. Ele mesmo é quem se comprometeu a cuidar de sua amada mulher.
Dava-lhe os medicamentos, alimentava-a, banhava-a, enfim, ficava 24 horas ao
lado dela, que dois anos depois não resistiu e veio a falecer nos braços do
marido.
Aparício perdeu total interesse pela vida. Toda a sua autoestima
caiu de verdade. Aquela fortuna deixada para ele não tinha nenhum valor
significativo. Antes de cometer suicídio, deixou uma carta:
“O amor é muito mais que pensei ou sequer imaginei. Aqueles que dizem viver sem amor enganam a si mesmos. Eles não vivem. Eles vegetam. O amor é como um diamante verdadeiro no sol que nunca envelhece. Este amor me surpreendeu. Estive morto e esse amor me trouxe à vida; aprendi a amar e, neste dia soube o que é viver de verdade, porque valorizei a minha própria vida. Sim, este amor era quem coloria todos os meus sonhos, que satisfazia meu ego, que me incentivava a viver. Não. Eu não quero morrer como um velho cavalo; não há nada, absolutamente nada na vida que vai me fazer sorrir, que vai me fazer esquecer este amor. E agora? Para onde foi o meu único e verdadeiro amor? Não importa. Estou indo ao seu encontro”.
doutorboacultural.blogspot.com/
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