Jasmim era um sujeito calmo e muito tranquilo.
Tinha trinta anos. Era saudável e muito inteligente. Gostava de ler e lia de
tudo. Trabalhava como porteiro de condomínio do grande Edifício das Flores, e
era querido por todos os moradores.
Vixi! Ganhar na loteria parece ser muito difícil,
mas, Jasmim ganhou a maior de todas as loterias da vida: Ganhou o amor de
Flor, a dona do Edifício das Flores que comportava cinquenta e um andares.
Flor era uma mulher muito linda. Loura alta, capaz
de botar Xuxa e Madonna nos pés. O perfume da bichana era francês, seu uísque
escocês, seu médico japonês, enfim, ela não era fraca não. Bateu os olhos em
Jasmim e disse:
- É você mesmo que eu quero. Vai querer me pegar ou
largar?
Jasmim, com medo que ela mudasse de ideia, a
pegou com as duas mãos.
- Eu pego.
E Jasmim passou a morar mais Flor, no terraço
daquele luxuoso edifício. O que?! É claro que ele não trabalhava mais de
porteiro não, sô! Ficou louco? Agora, Jasmim só cuidava dos negócios de sua
amada Flor que tinha quitandas até no Egito; loja de guarda-chuvas até em Lima,
capital do Peru. E ele cuidava direitinho, viu sô?
Sucedeu que, numa bela manhã de domingo, Flor
acordou ouvindo uns “zi, zi, zis” e uns cochichos.
Jasmim não estava a seu lado na cama e, aqueles cochichos vinham da sala. Na
ponta dos pés, Flor vai investigar e, fica surpresa quando vê Jasmim apontando o dedão da mão para um frágil mosquitinho que voava feliz dando
voltas em sua cabeça.
- Eu não quero machucar você, nenê. Está me
irritando.
Flor não conseguiu ficar calada vendo aquela
doidice.
- Com quem você está conversando, amor?
- Amor, conversando está você quem com?
Vixi! Jasmim não falava coisa com coisa, sô!
Flor fica preocupada, é claro.
- Pare de correr, amor. O que está havendo com você?
Jasmim segura firme as mãos de Flor e diz:
- Não estou louco amor, eu juro que não estou ou será que estou?
Flor fica pálida.
- Amor, é claro que você não está louco. Te amo tanto e, sei que isto não tem nada haver. Estava falando com uma mosquinha, amor.
De repente, ele se agacha e fica dando pulinhos no
chão. Flor telefona para a mãe de Jasmim, Dona Rosa que, meia hora depois
chega ao ap. Não gostou nem um pouco de ver o filho naquele estado.
- O que você fez com meu filho, Flor? Ele não era
assim.
- Não sei o que houve com ele, Dona Rosa. Ele não
bebe, não fuma cigarros, nem maconha. Só bebe leite.
Dona Rosa estava preocupada.
- Ligue para o sanatório e peça para virem buscá-lo
porque ele está louco.
Flor se zanga.
- Não farei isso. Ele é o meu marido e cuidarei
dele. Enquanto, Jasmim não estiver agredindo alguém, ficará sob meus
cuidados.
No que Flor acaba de falar, Jasmim, dando
pulinhos esmaga com os pés Lírio, o cachorrinho Poodle, xodó de Flor. Dona
Rosa diz:
- Espero que você não fique louca também.
Dona Rosa vai embora e Flor fica olhando para o
marido que, cansado de pular, deita no sofá da sala e dorme.
Flor fica observando-o e, pensando numa solução
para ajuda-lo. Telefona para Pétala, sua melhor amiga que, meia hora depois vem
até seu apartamento.
- Pétala, você é minha melhor amiga e, estou
enfrentando um problema de difícil solução. Meu homem, o amor da minha vida,
esse bonitão que dorme no sofá, ficou louco e não quero e não vou interna-lo.
Preciso trabalhar e cuidar dos meus negócios, amiga. Pensei em lhe pagar um
ótimo salário, se topar cuidar dele para mim. É pegar ou largar.
Pétala, sorridente responde.
- Eu pego, amiga.
Será que ficar com aquele louco que matou
Lírio, o cachorrinho de Flor, não seria perigoso? Combinou certinho o horário de
segunda a sexta, que Pétala viria trabalhar e boa. Na segunda de manhã, Pétala,
sempre sorridente, chega ao ap.
- Bom dia, amiga!
- Bom dia, amiga!
Flor sai para cuidar de seus negócios e, a amiga
Pétala fica lá cuidando de Jasmim. À tardinha, quando Flor chegava do
trabalho, Pétala passava a ela o relatório da saúde de Jasmim.
- Jasmim deu alguns pulinhos, fez muito
exercício e comeu muito bem, por sinal.
- Que bom, amiga!
E assim, o tempo passou. Pétala, sempre sorridente
estava gostando daquele trabalho, afinal, ela ganhava muito bem e, até que
cuidar de Jasmim não era nada ruim.
Sucedeu que, numa tarde, Flor chega a seu ap. com
um mau-humor dos diabos e desabafa com a amiga Pétala.
- Quase um milhão de reais desapareceu da minha
conta bancária, amiga. Não entendo por que isso está acontecendo comigo.
Xii! Flor estava falindo, sô! Todo o seu dinheiro
sumiu do banco e, ela, além de endividada, perdeu todo o seu crédito. Antes,
quem administrava o seu dinheiro era Jasmim e, o dinheiro só crescia. Seus
cartões de créditos estavam todos no vermelho, mas, ela se lembrou de que, em
seu ap. tinha três milhões de dólares guardados no cofre. Pois é, tinha só o
cofre, porque o dinheiro e todas as suas joias foram fazer uma viagem, sabe-se
lá para onde com Jasmim e a linda Pétala.
Jasmim era tão inteligente que sabia do segredo
do cofre. As contas bancárias eram conjuntas e, afinal, ele quem administrava
tudo. Que loucura, sô! Parece que Jasmim não tinha nada de louco e, deu um
golpe milionário em Flor. Para enlouquecê-la ainda mais, Pétala deixou um
bilhete que dizia assim:
“Amiga, Jasmim foi a melhor coisa que já
aconteceu em minha vida. Estou grávida dele. Não fique triste e nem zangada.
Você dará, com certeza, uma volta por cima. Acreditou mesmo que, Jasmim
falava com mosquito, amiga? Ah! Esse apartamento, como todo o Edifício Flores,
agora pertence à Dona Rosa, mãe do meu Jasmim. Pode ficar uns dias aí,
amiga. Andou assinando papéis demais, amiga? Devia ter maneirado no uísque, não
é? Beijinhos e tchau, tchau”.
Nem todas as histórias terminam bem, infelizmente.
Flor não merecia acabar assim. Perdeu tudo, por amor a Jasmim. Hoje está
dando pulinhos num sanatório. Coitada!
doutorboacultural.blogspot.com/
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