domingo, 9 de dezembro de 2012

A CASA DA MÃE JOANA



Mãe Joana era uma mulher bondosa demais, sô! Fazia caridades pra qualquer pessoa que lhe solicitasse ajuda. Se tinha uma coisa que ela não aprendera a dizer na vida era “não”.
Viúva de pai João, um velho que morrera afogado comendo torresmos com pão; não tinha filhos, porém, muitos sobrinhos e, todos a chamavam de mãe Joana. Muitos, ela nem conheciam, mas, acolhia em sua grande e humilde casa, onde sempre cabia mais um.
Certo domingo, enquanto mãe Joana preparava o almoço para ela, Tiquinho, seu gatinho e, Tonico, seu cãozinho fedido, ouviu Cornélio, seu galo, cantar triste. Foi fazer uma revisão completa no galinheiro. Vixi! A galinha Julieta estava morta. Sabe-se lá se ela morreu de infarto, sô! Não fizeram autópsia e, ela foi enterrada. O galo Cornélio olhava tristonho para mãe Joana e, ela entendeu que ele queria morrer também. Quem sabe, ela poderia fazer companhia para a galinha Julieta no galinheiro celestial, onde pintos piam, frangos frangam, galinhas coco rejam e galos cantam eternamente. Amém. Mãe Joana afiou a faca na pia da cozinha para a alegria de Tiquinho, seu gatinho e, cortou a cabeça do galo Cornélio que, foi pra panela. Coitado!
Bateram palmas no portão e, mãe Joana botou mais água no feijão porque chegou mais um. Era Pedrão, seu sobrinho comilão.
- Mãe Joana, que saudades! Tem bolinhos de milho?
Mãe Joana responde:
- Tem bolo prestígio.
- Bolo prestígio de Lúcia?
- Sim, com chocolate e açúcar.
E Pedrão comeu o bolo inteiro e queria mais. Tomou umas copadas de leite, comeu umas fatias de queijo e soltou uns peidos.
- Mãe Joana, vou tirar um cochilo no quarto. To cansado.
Nisso, chega Nina, filha de sua prima e, mãe Joana bota mais água no feijão.
- Mãe Joana, que saudades! Tem café e torradas}
- Tem filé e goiabadas.
E Nina comeu, comeu matando seus desejos que até soltou uns peidos.
- Mãe Joana, estou cansada e não quero ser incomodada. Vou tirar um cochilo. Tranquilo?
Nisso, chega Adala, filha de Odara com Mané Bala, enteada de Obama, sobrinho de mãe Joana.
- Mãe Joana, que saudades! Vim descansar minha bunda no sofá da sala. Inala?
- Inalar o que, meu poejo?
- Inalar os meus peidos.
E Adala foi pro sofá da sala ver televisão, enquanto mãe Joana bota mais água no feijão.
Nisso, chega Itamar, Josafá, Lindomiro, Ciro, Lurdinha, Ritinha, Jeová, Miramar, Neymar e Ana, todos os sobrinhos de mãe Joana e, a casa ficou cheia. Entupiu tudo. Os vagabundos só queriam comer e cochilar. Mãe Joana lavava, cozinhava e passava e, ninguém, absolutamente ninguém dava uma força para ela nos afazeres domésticos, se bem que ela também não pedia.
Nisso, chega Perê Culanto, um pai de santo bacana, namorado de mãe Joana. Quando ele viu aquela folia dos infernos na casa de sua amada ficou louco. Tonico, o cãozinho fedido tomava até sopa no pinico; a galera tomava caldo de cana e tudo. Incorporou o espírito da falecida avó de mãe Joana, a velha Osabá Bilin Bwana no corpo de Perê Culanto, o pai de santo. Botou todos os vagabundos pra correr a pontapés e peidos. Vixi! Foram voados mesmo.
Perê Culanto, mãe Joana, Tiquinho, o gatinho e, Tonico, o cãozinho fedido, ficaram de boa, viu sochê} Só no chopeidança e garapeidoce, tchê!

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