sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

LEITE DE MAGNÉSIO



Magnésio era um homenzarrão bonito feita à regência do coro celestial dos anjos; voz forte, grossa e bem temperada feito o salame italiano; olhos castanhos como o mel de Caetano Veloso; dentes tão brancos como a anemia da loura; enfim, Magnésio era a definição dos artigos; dos casos possessivos, dos fins lucrativos; a loucura dos delírios, a ansiedade dos suspiros, a paralisia dos vírus e o sorriso dos risos.
Por onde Magnésio passava, as narinas das fêmeas ficavam aguçadas. Eta cheirinho bom da peste, Celeste!
Moreno alto, saudável como o peido do galo; curável como a calamidade dos calos; enfim, Magnésio era semelhante aos serafins, gostoso feitos pudins.
Magnésio chegou a Itapira, interior de São Paulo e, sem querer, mexeu com os caipiras na regra geral. O sujeito era um doutor, médico clínico mulheril e, montou um consultório particular bem no centro daquela pacata cidade. A consulta era caríssima, porém, só para mulheres ricas. Só pintavam lá Patricinhas, casadinhas e solteirinhas. Magnésio atendia apenas seis mulheres por dia e era por senha. Uma de suas especialidades era a cura intestinal. A mocinha entrava em seu consultório e, milagrosamente saía de lá curada quando provava do leite de Magnésio, o original, o legítimo. Eta, leitinho bom, Nenê!
Certo dia, logo pela manhã, entra em seu consultório uma velha barriguda tão feia feitas às joanetes e frieiras da barata. Ele se assusta e, deixa seu intestino falar por ele: solta um peido profundo que acaba excitando à velha.
- Eta cheirinho de poderio, meu tio!
Magnésio tira do bolso de seu casaco um vidro de leite de Magnésio e da para a velha:
- Desapareça daqui reumatismo.
E a velha pega o vidro e sai do consultório peidando de alegria. Na sequencia entra Joaberta, sua neta, tão linda feitas as maravilhas de Jesus. Ele regala os olhos, suspira e confessa em pensamento ao grande Padre Bráulio que nunca viu tanta beleza antes. A consulta foi demorada, porém, Joaberta saiu de seu consultório curada feita a lepra de Jó. Eta leitinho milagroso, sô!
As velhas queriam entender por que Magnésio as consultava rapidinho, enquanto as mocinhas eram mais demoradinho. Foi aí que, Maria Encarnação Pinto de Jesus, a velha delegada já aposentada invadiu seu consultório como um peido gordo e mau criado.
- Quero leite, doutor.
Magnésio tira do bolso do seu casaco um vidrinho de leite de Magnésio e entrega para a velha.
- Pronto vovó.
- Por que me atende assim tão rapidinho?
- Porque respeito às velhinhas.
- Não respeita as mocinhas?
- Respeito a todos, mas, em especial as velhinhas. Não comente com ninguém, mas, vou lhe dar de presente dois vidrinhos do meu leite.
E a velha fica animada.
- Não comentarei nem pras mocinhas. O senhor realmente é um sujeito bom. Esse leite faz peidar?
Esse leite faz até as borboletas peidarem vovó. Vá em paz e, se persistirem os sintomas, engravide ou morra.
E a velha Maria Encarnação Pinto de Jesus sai de seu consultório peidando de alegria.
Magnésio cansou de curar as mulheres daquela cidade e partiu pra outra porque o povo estava aumentando por ali e ele queria era paz. 
Hoje, Magnésio é um velhinho, porém, seu leitinho é porreta de bom e pegou fama no mundo inteiro. É bom pra tudo, principalmente pra peidos entalados. Eta leitinho bom, sô!





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