Magnésio era um homenzarrão bonito feita à regência do coro
celestial dos anjos; voz forte, grossa e bem temperada feito o salame italiano;
olhos castanhos como o mel de Caetano Veloso; dentes tão brancos como a anemia
da loura; enfim, Magnésio era a definição dos artigos; dos casos possessivos,
dos fins lucrativos; a loucura dos delírios, a ansiedade dos suspiros, a
paralisia dos vírus e o sorriso dos risos.
Por onde Magnésio passava, as narinas das fêmeas ficavam
aguçadas. Eta cheirinho bom da peste, Celeste!
Moreno alto, saudável como o peido do galo; curável como a
calamidade dos calos; enfim, Magnésio era semelhante aos serafins, gostoso
feitos pudins.
Magnésio chegou a Itapira, interior de São Paulo e, sem
querer, mexeu com os caipiras na regra geral. O sujeito era um doutor, médico
clínico mulheril e, montou um consultório particular bem no centro daquela
pacata cidade. A consulta era caríssima, porém, só para mulheres ricas. Só
pintavam lá Patricinhas, casadinhas e solteirinhas. Magnésio atendia apenas
seis mulheres por dia e era por senha. Uma de suas especialidades era a cura
intestinal. A mocinha entrava em seu consultório e, milagrosamente saía de lá
curada quando provava do leite de Magnésio, o original, o legítimo. Eta,
leitinho bom, Nenê!
Certo dia, logo pela manhã, entra em seu consultório uma
velha barriguda tão feia feitas às joanetes e frieiras da barata. Ele se
assusta e, deixa seu intestino falar por ele: solta um peido profundo que acaba
excitando à velha.
- Eta cheirinho de poderio, meu tio!
Magnésio tira do bolso de seu casaco um vidro de leite de
Magnésio e da para a velha:
- Desapareça daqui reumatismo.
E a velha pega o vidro e sai do consultório peidando de
alegria. Na sequencia entra Joaberta, sua neta, tão linda feitas as maravilhas
de Jesus. Ele regala os olhos, suspira e confessa em pensamento ao grande Padre
Bráulio que nunca viu tanta beleza antes. A consulta foi demorada, porém, Joaberta
saiu de seu consultório curada feita a lepra de Jó. Eta leitinho milagroso, sô!
As velhas queriam entender por que Magnésio as consultava
rapidinho, enquanto as mocinhas eram mais demoradinho. Foi aí que, Maria
Encarnação Pinto de Jesus, a velha delegada já aposentada invadiu seu
consultório como um peido gordo e mau criado.
- Quero leite, doutor.
Magnésio tira do bolso do seu casaco um vidrinho de leite de
Magnésio e entrega para a velha.
- Pronto vovó.
- Por que me atende assim tão rapidinho?
- Porque respeito às velhinhas.
- Não respeita as mocinhas?
- Respeito a todos, mas, em especial as velhinhas. Não
comente com ninguém, mas, vou lhe dar de presente dois vidrinhos do meu leite.
E a velha fica animada.
- Não comentarei nem pras mocinhas. O senhor realmente é um
sujeito bom. Esse leite faz peidar?
Esse leite faz até as borboletas peidarem vovó. Vá em paz e, se persistirem os sintomas, engravide ou morra.
E a velha Maria Encarnação Pinto de Jesus sai de seu consultório peidando de alegria.
Magnésio cansou de curar as mulheres daquela cidade e partiu pra outra porque o povo estava aumentando por ali e ele queria era paz.
Hoje, Magnésio é um velhinho, porém, seu leitinho é porreta de bom e pegou fama no mundo inteiro. É bom pra tudo, principalmente pra peidos entalados. Eta leitinho bom, sô!
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