José Ruela era um milionário. Tinha muitas terras, fazendas
espalhadas no mundo todo. Um homem pacífico, bom, caridoso que gostava de
todos. Era muito amado pela esposa e suas duas filhas e, também por seus
empregados.
Não era religioso, mas, gostava de fazer caridades aos
necessitados. Cria em Deus devotadamente e sempre agradecia a Ele por ter lhe
dado tanta prosperidade.
Contudo, com tanta fortuna, ainda assim, José Ruela não
estava satisfeito. Por que afinal? Seria por que ele queria ter mais? Nada disso.
Não lhe faltava nada. Isso sem contar que ele era um homem saudável.
Sucedeu que numa manhã de domingo, José Ruela vestiu-se de
pobre, (sim, daquelas roupas bem simples e, nos pés calçou um sapato velho e
furado) e saiu caminhando por uma das vilas mais pobres de Curitiba, capital do
Paraná. Escolhia as casas mais bonitas da vila e batia palmas no portão. Que
estranho! O que será que ele queria? Veio uma mulher lhe atender.
- Bom dia, minha senhora! Estou carente de uma ajuda, pois,
perdi tudo o que tinha e, nem teto para morar eu tenho.
Que cara de pau! Será que era esse o segredo de José Ruela
ter ficado milionário? Nada disso. Então, por que diabos ele estaria fazendo
aquilo? Logrando as velhinhas, pessoas de bem?
Ele ouvia de tudo nas casas:
- Vai trabalhar vagabundo.
- Não ajudo estranhos.
- Sim, eu posso ajuda-lo.
E as pessoas que lhe tratavam bem, com humildade, mesmo
aquelas que não podiam ajuda-lo, ele, discretamente marcava o nome e o endereço
numa cadernetinha.
O que deixava Zé Ruela furioso, bastante aborrecido eram as
mentiras que muitos pais ensinavam a seus filhos, caso alguém batesse palmas no
portão.
Numa das casas, veio uma garotinha atender Zé Ruela no
portão. Zé Ruela diz:
- Chame o papai ou a mamãe para mim, garotinha.
E aquela garotinha já tinha o texto pronto:
- Meu pai está trabalhando e minha mãe está tomando banho.
Zé Ruela sorri irônico para aquela garotinha e diz:
- Diga para a sua mãe quando ela sair do banho que deixou de
ganhar de mim, duzentos mil reais. Entregarei este prêmio à vizinha.
Que banho rápido foi aquele, meu Deus? Em questão de segundo,
a mãe que estava vendo televisão na sala aparece ansiosa no portão da casa da
vizinha, onde estava Zé Ruela.
- Oi querido, tudo bem? Queria falar comigo?
Zé Ruela olha dos pés a cabeça para aquela mulher e diz:
- Estou notando que a senhora é evangélica. Não devia ensinar
sua filha a mentir. Advirto-vos que isso é pecado e, digo mais, irmã: acabou de
perder a bênção. Sua vizinha que, por sinal, não estava tomando banho e, que
humildemente veio me atender acaba de ganhar de mim, que sou um homem
milionário, duzentos mil reais.
E aquela vizinha evangélica que ensinava sua filha a mentir,
chora em desespero:
- Eu não podia perder esta bênção, meu Deus! Aleluias e
glórias e glórias!
Zé Ruela prossegue:
- A verdadeira religião está dentro de nossos corações, irmã.
Pratique o amor. Viva o amor. Noto que a irmã está arrependida e, diz as Escrituras
que o arrependimento cobre uma multidão de pecados. Está ou não arrependida?
E aquela senhora dobra seus joelhos, chora aos pés de Zé
Ruela e diz:
- É claro que estou. Aleluias! Glórias e glórias!
E Zé Ruela tira de sua sacolinha um pacotinho de balinhas e
entrega para aquela senhora evangélica arrependida.
- Tudo o que eu tenho a lhe oferecer são estas balinhas, irmã
da glória.
E aquela senhora fica zangada:
- Eu não quero estas porcarias. Isso aí eu mesma compro.
Zé Ruela balança a cabeça e pergunta para aquela outra
vizinha humilde:
- Além dos duzentos mil reais, aceita também estas balinhas,
vizinha?
E humildemente ela responde:
- É claro. Meus netinhos vão adorar.
Zé Ruela diz para aquela senhora evangélica:
- Novamente, perdeu a bênção, irmã da glória. Estão
misturadas com estas balinhas bolinhas de diamantes avaliadas em mais de hum
milhão de reais.
E aquela senhora evangélica fica literalmente tão louca, mas,
tão louca que sai correndo gritando pelas ruas:
- Glórias e glórias.
E esta é mais uma das minhas histórias.
doutorboacultural.blogspot.com/
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