segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

HORAS DE AFLIÇÃO (2) O SONHO


Meu nome é Jéssica. Eu amava meu pai. Para mim, o homem mais perfeito que já pude conhecer em vida. Minha mãe faleceu quando eu era uma criança. Eu tinha três anos, mas, lembro-me bem do rosto dela. Uma mulher bem amada sim. Seu semblante dizia tudo.
Cresci aos mimos do meu pai. Tinha este homem como o meu herói. Deu-me excelente educação e, acima de tudo, muito carinho e amor. Fui sua única filha.
Aos dezesseis anos conheci um rapaz dez anos mais velho do que eu. Foi assim, amor à primeira vista. Ele frequentava assiduamente minha casa e, meu pai gostava muito de conversar com ele. Com a permissão de meu pai, começamos a namorar.
Eduardo era a minha paixão. Fazia-me feliz em todos os sentidos. Não me casei com ele, porém, não foi necessário isso para que vivêssemos juntos como marido e mulher. Se meu pai amava-me, amava também a Eduardo. Aliás, nunca vi antes duas pessoas se darem tão bem como meu pai e meu namorado.
Numa noite, rolou em casa um churrasquinho e bebida, só entre nós. Fui pra cama mais cedo, pois, já estava tonta de tanto beber. Dormi. Literalmente, me apaguei. Acordei de madrugada, ainda muito zonza e, Eduardo não estava ao meu lado. Ouvi vozes, sussurros e gemidos que vinham do quarto do meu pai. Fui checar o que estava acontecendo e, me surpreendi de tal maneira que senti nojo da vida. A cena que eu vi era estupenda demais. Eduardo, sim, o meu namorado transava com meu pai. Os dois sem vergonhas não me viram. A luz estava apagada e, a porta do quarto do meu pai estava entreaberta. Como se nada tivesse acontecendo voltei para o meu quarto, para minha cama e voltei a dormir.
Dias depois, Eduardo levou-me para uma chácara de seus avós, situada no Mato Grosso, um lugar deserto, como se isolado do mundo. A casa era imensa. Tinha vários quartos e, para minha surpresa, fiquei aprisionada num dos quartos. Como a vida nos surpreende! Aquele homem que eu tinha como um deus era um demônio ou o próprio Diabo. Duvido que alguém em vida foi tão humilhada, passara tantas horas de aflição como eu. Fui torturada, abusada sexualmente, violentada e, da pior forma. Eduardo, sadicamente, dominado por um prazer diabólico me queimava com cigarros. Obrigava-me a ingerir bebidas alcóolicas e, pior do que isso: vomitava, urinava e defecava sobre mim. Nessas horas, eu estava convicta de que Deus era uma lenda e, que nunca existiu.
Como se não bastasse tanta tortura, tanto sofrimento, aquele monstro, puxando meus cabelos levou-me até o pasto. Era de madrugada. Um cavalo me dominou. Não! Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo comigo; Sangrei muito. Desejei morrer, pois, eu não iria conseguir continuar vivendo depois daquilo. Depois de dominada pelo cavalo, o monstro levou-me novamente para o quarto dizendo friamente:
- Tem uma visitinha pra você. Espero que goste.
Era o meu pai. Aquele que era o homem mais perfeito que eu achava. Ingenuamente, pensei por instantes que ele viera me buscar. Perdi a noção do tempo. Não sei ao certo e, nunca vou saber quanto tempo eu estava sendo escrava daquele monstro. Meu pai abusou sexualmente de mim e, na frente do crápula do meu namorado.
- Sempre tive esse desejo de penetrá-la, filhota.
Que nojo! Tive vontade de matar esses dois demônios e, fiz isso depois que acordei deste sonho que, literalmente, deixou-me louca. Primeiro enforquei Eduardo que dormia a meu lado. Depois, com o auxílio de uma faca fiz picadinho do meu pai.
Hoje estou num sanatório e, acho que este é o meu lugar.

Não seja vítima de sonhos como eu fui. Se de fato a vida é única, viva intensamente cada momento, cada minuto, pois, um dia ela finda. Não tome decisões precipitadas. Ao acordar de um sonho, respire fundo antes de se levantar da cama. Sendo ele, mal ou bom, lembre-se: foi apenas um sonho.


doutorboacultural.blogspot.com/

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