Meu nome é Janaína. Este é um nome que meus pais me deram em
uma das vidas que nasci na terra.
Meu pai era um milionário e, eu uma Patricinha mimada. Eu só conhecia o luxo, a riqueza e tinha aversão
à pobreza, a miséria.
Eu tinha 21 anos e era uma moça muito bonita, porém, esta
beleza era só por fora. Por dentro, eu era uma pessoa vazia, fria e calculista,
com pensamentos irônicos, diabólicos. Não gostava de ninguém, em especial, as
crianças.
Namorei um dos motoristas do meu pai e, sempre transávamos.
Um dia me senti horrível. Um mal estar insuportável. Tinha muitas náuseas e
vômitos e, é claro, depois de fazer alguns exames, descobri que estava grávida.
Odiei isto. Queria me livrar daquele embrião que já estava há 12 semanas em meu
útero. Procurei uma clínica clandestina e, lembro-me ter ouvido do médico:
- A criança que está dentro de você vai morrer de forma
horrivelmente dolorosa.
Respondi friamente:
- Que morra.
Minha vida voltou a ser o que era depois deste aborto. Muitas
transas, baladas, enfim, curtição. Nunca precisei trabalhar e, afinal, só pra
lembrar: eu era filha de um milionário.
Apesar de eu viver tomando pílulas para não engravidar,
lamentavelmente, engravidei. Voltei naquela mesma clínica clandestina e fiz
outro aborto.
Um tempo depois, aconteceu outra vez e, desta vez apaguei na
sala de cirurgia. Eu, Janaína, horas depois estava sendo velada. Que cena
horrível! Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Eu
assistia a tudo. Meus pais, parentes e amigos, toda aquela gente chorando e, eu
ali, ao lado de todos eles sem poder ser vista, sem poder me manifestar, fazer
qualquer coisa. Chorei e gritei muito, vendo-me dentro daquele caixão. Inútil.
Ninguém podia me ouvir. No dia seguinte fui enterrada e, não existe nada,
absolutamente nada que seja mais triste do que isso.
Eu que desejava tanto acordar daquele pesadelo real, acordei
num mundo sombrio, frio, cinzento e muito triste. Não sei dizer com exatidão quanto
tempo fiquei ali vagando, desejando viver, porque aquilo não era vida.
Um homem de branco, parecia um anjo, disse-me que eu
regressaria à Terra. Esta notícia me deixou muito feliz, porém, este regresso
não foi como eu imaginei.
Eu era um embrião e corria apavorado da morte. Um aparelho de
sucção foi ligado ao útero daquela gestante assassina e foi feita a curetagem,
uma raspagem do conteúdo uterino por um instrumento parecido com uma colher,
chamado cureta.
Lembrei-me daquela clínica clandestina e, da minha conversa
com o médico.
- A criança que está dentro de você vai morrer de forma
horrivelmente dolorosa.
- Que morra.
Ah! Se eu pudesse apagar definitivamente estas horas de
aflição que sofri. Correr da morte é a coisa mais terrível que alguém possa
imaginar. Realmente morri de forma horrivelmente dolorosa. Isso foi necessário
acontecer para que hoje eu possa entender o mal que causei em vida, abortando
aquelas vidas. Regressei outras vezes à Terra e passei pelo mesmo processo da
morte horrível. Passei por isso. Paguei por isso.
Hoje estou num lugar lindo, florido. Estou num paraíso
rodeada de muitas crianças que, hoje adoro. Logo farei outro regresso à Terra
e, desta vez, nascerei filha de pais pobres. Eu ainda tenho muito para
aprender.
Não jogue fora a sua
vida. Reflita muito antes de tomar decisões precipitadas, pois, depois, pode
ser tarde demais para se arrepender. Pense nisso.
doutorboacultural.blogspot.com/
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