Patricinho era um filhinho de papai dos mais insuportáveis e
impertinentes que se podia encontrar na sociedade. Dizia os religiosos que ele
era a pura encarnação de Satanás, o Diabo. O molequinho era maldoso demais.
Amarrava o rabo do seu cachorrinho no pé da cama só pra vê-lo chorar; batia em
sua avó surda, muda, cega e aleijada; rabiscava os livros da biblioteca de seu
pai; soltava bombinhas e morteiros no galinheiro dos vizinhos só pra ver o
pânico dos bichinhos, enfim, o molequinho era um diabinho.
Patrício, seu pai lhe dava presentes caríssimos e, em poucos
minutos, Patricinho destruía tudo. E, que paciência de Jó tinha esse pai, sô!
- Meu filhinho, você botou no fogo o aviãozinho de controle
remoto que o papai lhe deu com tanto carinho? Custou-me tão caro, filhinho
abençoado.
Filhinho abençoado?! Aquilo era um capeta de sunga na sauna
do inferno, sô!
Pereira, compadre de Patrício e padrinho de Patricinho veio
do Amazonas para São Paulo, passar uns dias na mansão onde morava aquele
demônio e, por pouco não enfartou. Vendo seu afilhado fazer tanta maldade achou
melhor tomar um porre de uísque. Pereira cochilou no sofá da sala e, como
calçava nos pés tênis daqueles de cadarços deu nó nos dois. Soltou um morteiro
próximo do padrinho que sonhava e gritou bem alto:
- Pega ladrão!
Pereira levou um susto tão grande que, ao levantar, querendo
correr, não conseguiu. Bateu com a cabeça na quina da mesa central da sala. O
corte em sua testa foi tão profundo que afetou seu cérebro. Não teve jeito:
ficou lelé da cuca.
Patricinho mostrava a língua e a bunda para os criados da
casa; botava mel no feijão, sal e pimenta nos pudins, enfim, esse moleque era
uma peste. Sua mãe se livrou dele logo que o pariu. Partiu para outro plano por
sorte.
Finalmente, uma luz acendeu no cérebro pacífico quase parando
de Patrício, pai do pentelho. Levou o moleque amarrado para um médico
psiquiatra que ficou louco em poucas horas. A direção geral de um dos mais
famosos hospitais psiquiátricos do mundo chamou Patrício para uma conversa
franca e séria numa salinha.
- Seu Patrício, fizemos de tudo e mais um pouco, porém,
chegamos a uma única conclusão: seu filho não tem cura não.
Patrício ficou com os olhos rasos d’água.
- Mas como?! É meu único filhinho. Literalmente, saiu de mim
primeiro.
A equipe médica ficou comovida com as lágrimas de Patrício.
Fazer o que né? Tirou o filho daquele hospital e o levou de volta para a sua
mansão. O moleque voltou a fazer peraltices e maldades ainda piores.
Patrício ainda sentia-se jovem e resolveu arrumar uma
companheira. O que?! A negra Teresa não era fraca não e Patricinho a odiou logo
na primeira vista.
Sucedeu que um dia Patrício precisou fazer uma viagem de
negócios para o exterior e ficaria por lá cerca de dois meses. Quando ele
voltou para o Brasil, para a sua mansão ficou boquiaberto feito um bocó louco.
Seu filho Patricinho não era mais o mesmo, sô! O molequinho agora era
obediente, caprichoso nos estudos, não salgava nem apimentava mais pudins,
enfim, Patrício teve que perguntar a sua amada negra Teresa que milagre era
aquele, no que ela respondeu:
- Percebi que teu filho não tinha nada de louco, não. Ao
vê-lo fazer tantas maldades dei-lhe uma daquelas surras que meus antepassados
levaram na escravidão e, para não vê-lo e ouvi-lo chorar tanto dei-lhe minhas
tetas.
Patrício ficou pálido.
- O que?!
A negra Teresa lhe explicou:
- Dei-lhe de mamar, seu homem. Seu filho me confessou que
nunca havia mamado na vida e esse seria o melhor de todos os presentes que ele
queria ganhar. Agora é só beleza e alegria, mamará nos peitos da negra Teresa
todos os dias.
Eu morro e não vejo tudo, viu sô?
doutorboacultural.blogspot.com/
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