Feliz como o nome já diz era um homem muito feliz. Mas,
pensem num homem feliz. Assim era Feliz: um sujeito de bem com a vida que, quem
não o conhecia, dizia que era um débil mental, pois, o homem vivia rindo feita
uma hiena adolescente.
Repórteres do mundo inteiro, inclusive do Paraguai, queriam
entender o porquê de Feliz ser assim tão feliz. O homem morava só num barracão
de zinco tão quente que ele fritava ovos na parede. Era só jogar os ovos e
pronto. Ficavam fritinhos.
Certo dia, bem na hora da boia, bate em seu portão um
homenzinho franzino, velhinho e pergunta quase chorando para Feliz:
- O senhor não teria um pratinho de comida pra servir a este
humilde e pobre velhinho?
Feliz dá um abraço tão forte naquele velhinho que, por pouco
não o quebra.
- Vamos entrando, vovô. Aqui em minha casa é só alegria.
Havia um cacho de bananas nanicas em cima da mesa e Feliz lhe
serve. O velhinho odiou aquilo porque queria comer filé com fritas, jamais
bananas nanicas. Comeu umas três para não fazer desfeita.
- Estou satisfeito, senhor. Obrigado.
Feliz dá um sorriso daqueles bem assustadores.
- O que?! Satisfeito está o peido. Não fique acanhado pobre
diabo. Coma mais.
E o velhinho come forçado mais três bananas. Feliz insiste
para ele comer mais e o coitado acaba arrotando.
- Agora estou satisfeito, senhor.
- O que?! Seis bananinhas pode matar a fome de cinco mil e
uma formigas, mas, não a fome da tua barriga. Coma mais.
E aquele velhinho acaba comendo todo o cacho de bananas. Não
resistiu. Não deu pra segurar e acaba soltando um peido revoltado.
Feliz lhe diz sorrindo:
- Agora sim, creio que tu estás satisfeito. O peido é a marca
registrada da satisfação. Vá em paz dando glórias e glórias.
No caminho, aquele velhinho amaldiçoa tanto Feliz que acaba
chorando de puro ódio. Estava ele agora com uma dor de barriga desgraçada.
Entra num matagal, desce a calça e dá aquela barreada, como diz a linguagem
popular. Teve vontade de comer vivas aquelas aves que não paravam de repetir: “Bem te vi! Bem te vi!”.
Voltando
aos repórteres do mundo inteiro, inclusive do Paraguai, queriam saber,
entender, compreender o porquê de Feliz ser assim tão feliz. Um dos repórteres,
inclusive do Paraná (estado brasileiro) conseguiu um furo de reportagem que,
sem dúvida, vai ficar na história. Feliz fala no microfone diante das câmeras
de televisão:
-
Eis que vou revelar o segredo pra vocês de eu ser assim tão feliz.
O
mundo aplaude Feliz e fica em silêncio e ele, toma um gole de pinga e diz:
-
Um ser como eu, dotado de muita saúde, energia vital Brasil, capacitado de
belezas mil; aquele que era, que é e que sempre será tem o mérito, a honra de
falar ao mundo, de falar a este povo sofrido, maligno, desgraçado, macumbado,
derrotado, caído como um pinto que tanto queria ser galo, porém, nunca foi por
causa da mãe galinha assassina que matou tal pinto pelo bico, pois, se esta
peste tivesse dentes como a cadelinha, o filho do pinto seria mais drástico,
porém, isso agora não vem ao caso.
Feliz
faz uma pausa, toma um gole de pinga e continua.
-
Não tenho ouro, nem prata, aliás não tenho nada, porém, toda via, entretanto,
contudo e com nada sou feliz como o papai abutre que vê seus filhinhos
abutrinhos comendo carniça e se satisfaz com isso porque é pai e eu pergunto:
qual é o pai que não ama o seu filhinho? Abutres também amam Dona Ruth.
Feliz
faz outra pausa e toma mais um gole de pinga e depois prossegue:
-
O nenenzinho desde o ventre de sua mamãe já almeja a felicidade. A sua
felicidade. Desde quando, lá atrás, no passado, ele era uma porra louca já
sonhava com a boa vida e sossego do baiano, com os pulinhos das pererecas e rãs
e, principalmente com o oceano de Djavan, porém, isto também não vem ao caso
agora. A felicidade não se compra, não se vende, e muito menos se aluga como
muitos fazem com suas bundas. Que feio! Tudo na vida tem um preço e este é o
verdadeiro segredo. O peido, por exemplo, é um gás feliz. A felicidade de um
peido quando sai de um reto quadrado, redondo ou fedorento é tanta que ele até
evapora. Observem vocês aquela mocinha linda, sensual, cheirosa como o creme de
Madonna (deve ser bom e caro), pois, saibam que aquela linda mocinha também
peida e digo mais: até caga. A mocinha peida às escondidas porque é educada,
mas peida como as borboletas e as centopeias e isso também não vem ao caso
agora.
Feliz
faz mais uma pausa. Toma mais um gole de pinga e depois prossegue:
-
O homem tem que sorrir para ser feliz. Meu pai teve a feliz ideia de me dar
esse nome porque previu que eu seria um ser diferente de todos e é isso que eu
sou. O povo chora a toa. Basta ouvir um flashback do ídolo mega star Amado
Batista e já está chorando feito um embrião adulto. Por que isso? O amor é
lindo quando se ama sorrindo. Baratas não perdem tempo com lágrimas e olha que
elas adoram cebolas. Observem que olhos lindos elas têm. Pernilongos não perdem
tempo com chupetas mas, adoram chupar e o que isso tem haver? Por que o bebê
automaticamente para de chorar quando a mamãe lhe da uma chupeta? Que graça tem
isso bebê bundão? Parece bobo.
Feliz
faz mais uma pausa. Toma mais um gole de pinga e prossegue:
-
Nem todo Luiz é feliz e isso não tem o menor sentido. Tenham fé e acreditem na
alegria de uma égua parindo um cavalinho que já nasce meio grandinho. E o
cavalinho troteia e até galopa. Sorria pra si mesmo olhando em seu espelho.
Olha só a obra que papai e mamãe fizeram: você. Então, sorria porque viver é só
alegria.
Feliz
toma mais um gole de pinga, pega um repórter paraguaiano e lhe enche de
porradas. Uma repórter norte americana, preocupada com tal violência pergunta:
-
Por que o senhor fez isso, Feliz?
Feliz
da um sorriso diabólico e diz:
-
Porque eu estou muito feliz. Quando não se sabe mais o que fazer de tão feliz
que está tem que sair dando porradas.
Vichi!
Feliz enche de porradas também aquela repórter norte americana. Toma o último
gole e, finalmente, revela o segredo de sua felicidade.
-
Pra ser feliz é isso daí: tem que comer bananas. Quem já viu um macaco triste?
Eu nunca vi. Banana é o alimento que engorda, faz crescer e peidar. Eis aí o
segredo da felicidade: comam bananas.
Feliz
cai na frente das câmeras de televisão e morre pra alegria de todos. Que cara
chato, sô!
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