Recentemente atendi uma menina em um dos meus consultórios que, por pouco não fiquei “pirado” como ela.
- Como é teu nome?
- Maria Encarnação Pinto de Jesus.
- Belíssimo nome.
- Qual é o teu problema, Maria?
- Que Maria?
- Você não se chama Maria?
- Maria Encarnação Pinto de Jesus. Sou completa. Odeio que me
chamem pela metade.
- Ok! Então, qual é o teu problema?
- Pra quem o senhor está perguntando?
- Pra ti, oras!
- Meu nome não é “ti” e não tenho horas.
Respirei fundo e pensei em Giré dos giros.
- Ok! Maria Encarnação Pinto de Jesus... Qual é o teu problema?
- No momento nenhum.
- Nenhum?! Em que posso te ajudar?
- Tá me achando com cara de necessidade, é?
- Não minha querida.
- Querida?! O senhor é pedófilo?
- Claro que não! Você está louca?
- Não, mas estou ficando. Não te dei a liberdade para me chamar
de querida.
- Me perdoe Maria.
- Maria?!
- Ô... Quer dizer: Maria Encarnação Pinto de Jesus.
- O que quer dizer meu nome? Isso não importa. Por que quer
saber?
- Saber o que?
- O que acabou de me perguntar.
- Não lhe perguntei nada.
- O senhor é louco?
- Não, mas estou ficando.
- Tá me remendando, é?
Respirei fundo e quis me livrar dela:
- Aceita um café?
- Minha religião não permite. Obrigada.
- Nem um cafezinho?
- É café ou cafezinho?
- Cafezinho.
- Mas, antes o senhor me perguntou se eu aceitava um café, não
foi?
- Isso não importa Maria!
- Que Maria?!
- Maria Encarnação Pinto de Jesus. Café ou cafezinho não importa. Vai querer ou não?
- Já lhe disse que minha religião não permite e o senhor fica me insistindo?
- Ok! Vamos esquecer-nos do café. O que trouxe até aqui?
- Um táxi.
Respirei fundo...
-O que está acontecendo com você?
- Pinga com limão. Ela me deixa louca.
- Interessante. Tomar pinga com limão sua religião permite?
- Permite. Lá na igreja é o maior barato quando todo mundo tá chapado! É tal de glória, glória dos “caraios”, Doutor! Pode crer! Mas, eu quero me libertar da cachaça por que ela pode me inchar de vez. Aí dana- se tudo.
- Já pensou em mudar de religião?
- Já, mas minha religião não permite.
- Então pare de beber.
- Beber?! Eu já parei.
- Parou?!
- Sim, agora eu só tomo.
- Beber e tomar são a mesma coisa.
- De jeito nenhum. Toma-se na bunda, não se bebe na bunda.
- Mas estamos falando de pinga com limão!
- Sim. Mas eu já lhe disse que parei de beber.
- Parou de beber, mas continua tomando?!
- É claro.
- Mas isso não é a mesma coisa?
- Claro que não! Cadê a sua inteligência, Doutor? Parei de beber, mas continuo tomando na bunda, entendeu agora? E os caras lá da minha igreja não me perdoam.
- É óbvio que não vão te perdoar.
- Quer dizer então que o Sr acha que eles estão certos em não me perdoar?!
- Como é que vão te aceitar no meio deles, seus irmãos de igreja se você acaba de me confessar que está tomando na bunda?
- Mas estou tomando deles que se chapam da pinga com limão.
- Mas, então menina... Se isso está lhe incomodando fuja dessa igreja e desses caras e boa.
- Fugir? Eu não! É tão gostoso ficar tomando.
Abri minha gaveta e peguei meu cassetete e, totalmente enfurecido bati bem forte na mesa e gritei:
- Vaze daqui sua louca! Fuja louca!
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