terça-feira, 15 de maio de 2012

O GOSTO ESTRAGADO


Existe um dizer assim: “Gosto não se discute”. Discordo disso. É sem lógica porque eu não gosto de bosta.
A música, por exemplo, é uma das artes que eu mais admiro. Falo de música, não de lixo musical que, lamentavelmente vem poluindo mais e mais o planeta, especificadamente o Brasil. Não citarei aqui os nomes desses “pés-de-chinelo”, vírus musicais porque posso ser processado. Citarei apenas aquilo que eu gosto e que vocês deveriam gostar também. Posso dizer que tenho bom gosto. É uma pena que muitos monstros sagrados ficarão de fora porque a lista é grande. Acompanhem atentos para esta história real:
“Vicentinho tinha 16 anos e era um moleque trabalhador querido por muitos. Era um Office boy e tinha muitos hobbies como ler, escrever, ouvir boa música, etc. Apaixonado por música desde sua infância sua cantora predileta até hoje (e ele está berando os cinquentão) ainda continua sendo Maria Bethânia. Parabéns, Vicentinho!”
“Ele cantava com seus colegas grandes sucessos desta ilustre cantora como: “Mel, Ronda, Negue, Diamante Verdadeiro, Olhos nos olhos, Brincar de viver, Loucura, Três apitos e muitos outros”.
“Vicentinho compõe até hoje belas canções da MPB só que talvez nunca façam sucesso porque a maioria não está interessada e o que manda hoje, como também naquela época é a mídia”.
“É claro que Vicentinho gostava como gosta até hoje de outros intérpretes. Desde moleque sempre foi apaixonado por Bob Dylan, Elton John, Kenny Rogers, Whitney Houston, Diana Ross e muitos outros monstros sagrados que hoje, lamentavelmente parece que foram esquecidos ou não lembrados, como preferirem”.
“Naquela época era lindo de ver as mocinhas saindo da faculdade cantando “Tempos Modernos” de Lulu Santos, “Cheia de Charme” de Guilherme Arantes, “Ovelha Negra” de Rita Lee e muitas outras belíssimas canções que vão ficar na saudade”.
“Hoje, Vicentinho cresceu, já é avô e está insatisfeito, assim como eu, com esse maldito lixo que chega a feder e fede. A galera, na regra geral, chama essa merda de curtição. Curtição?! Isso é lixo, galera idiota! São letras sem nexo que só mesmo retardados são capazes de entender. Veio à internet, o celular, a MP3 e, ai fodeu tudo nas mãos desses dementes. Essas musiquinhas idiotas estão na parada e eu morro de medo de sofrer uma parada cardíaca ou respiratória porque ter ódio delas é pouco e eu amo a vida”.
O indivíduo pega um “busão” lotado e já dá de cara com boysinhos ou menininhas fedorentos ouvindo essas porcarias. Tem uns até que dizem: “Eu sou eclético”. “Eclético era o Rei Salomão, bobão”. Você é um patético, isso sim. Vai ouvir “Sonho de Ícaro” na voz do cantor Biafra e só você entender uma linha sequer vai ganhar um pirulito de mim e quero que chupe todinho, tá legal?
Voltando as antigas, naquela época as pessoas falavam uma língua bonita, cheia de provérbios, de adjetivos. Até o brega tinha nexo nas canções e era bonito. A moleca apaixonada curtia um Roberto Carlos e chorava com prazer de molhar lenços; os moleques curtiam um Cazuza e se exibiam para as molecas falando bonito; curtiam uma Legião Urbana, Raul Seixas e até uns Beatles. E hoje? Hoje curtem uns gritos e acham que estão abafando no infinito. Que país é este, gente?!
Nas antigas, o camarada entrava num conservatório musical e muitos se cagavam para aprenderem a tocar um violão. Saíam de lá tocando todas de Chico Buarque, Caetano Veloso, Djavan, Milton Nascimento, Gilberto Gil, etc. E hoje? Hoje tocam o vento. Sai prá lá peidinho fedorento! Mete-te a tocar um Tunai pra ver como é fácil. Se bobear até um bebê toca essas musiquinhas atuais.
O indivíduo liga seu maldito radinho de tecnologia avançada made in Paraguai e o que ouve é só lixo. Quando sintoniza uma estação boa (que ainda existe) e o ouve um Peppino Di Capri, Domenico Mondugno, Rita Pavone, Gigliolla Cinquetti ele ignora, ora ou chora. Não entende nada e nem nunca vai entender de música, porque é um inútil. Sem essa de falar bonito pra ele. Ele curte apenas o que está na mídia. A mídia é você que faz, idiota!
Naquela época, uma menininha de 12 anos sabia ler e escrever e a danadinha falava bonito. É claro: ela tinha bom gosto e, se estiver viva hoje, pode apostar que continua tendo. E hoje? A menininha atual mata seu pai de desgosto por curtir esses monstros. Essa menininha e também suas amiguinhas gostam desses lixos porque os cantores são bonitinhos. Bonitinhos? Eu queria vê-los cantando suas malditas músicas no colo do capeta no inferno. Beleza física não tem nada haver com talento, povo nojento. Fazer o que se até a beleza física está na mídia, não é?
Que pena me dá dessa geração! Quando vejo na multidão um carro cheio de boysinhos e ouço o que eles estão curtindo me coço todo. Fico imaginando a quantidade de merda que eles devem em suas veias cerebrais.
Quem sabe eu, Doutor Boa, um dia possa realizar um dos meus sonhos: ter um programa de rádio. Então, quem sabe, eu possa trazer esses monstros sagrados de volta. Fico imaginando aquela vozinha doce de menina adolescente me falando ao telefone: “Quero ouvir “Sangrando” de Gonzaguinha ou “Reluz” de Marcos Sabino ou então “Sintonia” de Moraes Moreira. Que besteira! Isso nunca vai acontecer e eu tenho que parar de sonhar. Por isso é que, me perdoem os idiotas, mas, para mim gosto se discute sim. Eu amo quilo que é bonito, lindo, divino, não lixo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário