Raquel era uma menina dotada de uma inteligência fora de série. Adorava as artes em geral, principalmente a música. Tudo ela queria saber, entender. Ficava em seu quarto ouvindo músicas variadas e, quando não entendia uma letra de uma delas corria para perguntar a sua mãe que tinha o hobbie de ficar ouvindo músicas pelo celular.
- Mamãe, acabei de ouvir uma música no rádio e não entendi muito bem a letra.
- Filha! Justo agora que mamãe está curtindo um Bob Dylan?
- Bob Dylan é bom demais, mamãe. Praticamente é um ícone, um profeta da música folk-rock. Para mim é o melhor compositor de temas político-sociais da história da música, principalmente os eventos da década de 60. Eu nem era nascida, mas, eu viajo lá, sabia?
Sua mãe ficava admirada pelo conhecimento musical, histórias de astros e estrelas que tinha sua filha Raquel.
- Robert Allen Zimmerman, sabe quem é, mamãe?
- Não. Quem é?
- Bob Dylan, mamãe! Ele aprendeu a tocar harmônica e piano na adolescência além de tocar violão, o instrumento que junto com a gaita se tornou sua marca registrada.
- Minha filha, só sei dizer que Bob Dylan é bom.
- Ele, sem dúvida alguma revolucionou a arte de se compor canções, mostrando ao mundo os problemas sociais que ocorrem no dia a dia. Sua carreira é lendária e sua música é imortal. Uma das minhas músicas preferidas dele é “like a rolling stone”.
- Parabéns, filhinha! Estou ouvindo agora “Hurricane”. Você conhece?
- Demorou, mamãe. Sei de cor todas as músicas de Bob Dylan.
- Minha filha, disse-me que ouviu uma música no rádio e não entendeu a letra. Que música é essa?
- Não prestei muita atenção no nome do cantor e muito menos no nome da música, mas, fiquei curiosa com a letra. O cara diz que deu o céu, deu o mar pra ganhar o coração da guria; fala em raio da saudade e, no final diz que é o meteoro da paixão.
Sua mãe suspira e lamenta:
- Minha filha, mamãe não é universitária e essas canções atuais requerem muito estudo para entendê-las. Que tal, perguntar ao Google? Ele vai esclarecer todas as suas dúvidas.
E Raquel ficava encucada querendo entender as letras de certas músicas, que por sinal, sua mãe também não entendia. Então, ela corria pro Google.
Raquel tinha apenas 10 anos e, realmente era muito sábia para a sua idade. Adora ler e escrever e seu maior sonho era ser quando crescesse, uma escritora.
Certo dia, sua mãe lhe flagra chorando sozinha em seu quarto. Raquel ouvia uma música no rádio e se emocionou demais com a letra.
- Por que choras, minha filha?
- Mamãe, que letra triste! O cara estava dormindo na praça quando foi abordado por um guarda que queria lhe descer o cacete. Ele implora pro guarda: diz que não é vagabundo, nem delinqüente. É apenas um cara carente e só dormiu na praça pensando nela. Coitado do cara!
- Esta é muito boa e também muito triste, minha filha. É um clássico. Quem canta? Odair José ou Amado Batista?
- Não faço a menor idéia, mamãe. Vou perguntar pro Google. O que esse cara quis dizer quando pediu pro guarda fazer tudo com ele?
- Pergunte pro Google, minha filha. Estou curtindo um som das antigas agora. Sabe quem está cantando?
- Agenor de Miranda Araújo Neto.
- Errado, minha filha. É o Cazuza.
- Cazuza era o seu apelido, mamãe. Na definição do dicionário é um “vespídio solitário de ferroada dolorosa”. Era um grande compositor, mamãe. A música que mais gosto dele é aquela: “Maior Abandonado”. Que letra incrível e até fácil de entender.
- Concordo com você. Agora o que se torna mais rica a música são estas letras assim metafóricas feito aquela do guarda.
E assim, Raquel e sua mamãe ficavam horas e horas falando sobre astros e estrelas. Que cultura exemplar, não é?
hahahaha essa foi muito boa
ResponderExcluiro que será que o guarda fez com o cara? hahaha