Quanto vale uma vida? Por que, afinal, o último capítulo
dessa história da humanidade nunca chega ao fim? Quantas perguntas ainda iremos
fazer sem nunca, absolutamente nunca, termos uma resposta única e verdadeira?
Meu nome é Adala. Lembro-me dos meus inesquecíveis 20 anos.
Como eu era uma moça bonita! Sempre rodeada de amigos. Que saudades! Pena que a
vida é uma viagem curta e, o tempo quando não nos envelhece, interrompe nossas
vidas para sempre.
Formei-me em psicologia. Meu grande sonho era ajudar as
pessoas problemáticas a encontrar a felicidade dentro delas mesma. Meus pais me
deram uma linda festa. Creio que havia mais de duzentas pessoas em nossa grande
casa no Morumbi, bairro nobre de São Paulo. Tinha gente no jardim iluminado, em
volta da piscina, dentro de casa, no grande salão, enfim, comemorando a minha
formatura.
De repente, assim do nada, bateu em mim uma vontade de chorar
e chorei muito. Sentei-me na beirada da grande piscina, só deixando meus pés
dentro dela. Ninguém veio falar comigo. Fui ao banheiro retocar minha maquiagem
que borrou por causa das lágrimas e, cruzei no corredor com Agatha, uma amiga
da Faculdade. Não sei por que, mas, ela me ignorou. Fez de conta que não me
viu. Depois de retocar minha maquiagem voltei para a festa, no salão de minha
casa. Dancei muita discoteca. Nenhum rapaz veio dançar comigo e, eu odiei
aquilo. A festa era minha. Todos, incluindo até mesmo meus pais fizeram de
conta que eu não existia. Eu só queria entender o por quê. Indignada fui para o
meu quarto ouvindo a música Heart Of
Glass, da cantora Blondie. Chorei muito. Ninguém veio me consolar e, eu também
queria entender o por quê de eu estar assim tão triste e ser rejeitada por
todos. Quando dei por mim, (sou sonâmbula) devo ter dormido e, acordei com meus
pés na piscina.
Era de manhã e todos os convidados da festa já havia ido
embora, com exceção a Agatha que veio me falar.
- Até quando pretende vagar nesta casa, amiga Adala? Você
está morta para esse plano. Tudo acabou há muito tempo.
Fiquei confusa e com muito medo.
- Eu estou morta?
E Agatha me diz.
- Há muitos anos seus pais deram uma festa aqui para você,
lembra? Era a sua formatura.
Fiquei indignada.
- Esta festa foi ontem.
Agatha sorri e me diz:
- Isso tem mais de trinta anos, Adala. Enquanto todos estavam
no salão, eu e você estávamos aqui ao lado da piscina. Cumpri minha missão que
era a de te levar. Empurrei você na piscina e, você morreu asfixiada. Um dia
você vai entender porque fiz isso.
- Eu não quero entender nada.
Corri apavorada de Agatha, que eu tinha como amiga. Gritei
muito. Queria entender o que realmente me aconteceu. Quando dei por mim, eu já
estava aqui neste manicômio onde vivo as horas.
De aflição mais horríveis que alguém possa imaginar. Aqui
dentro, todos me ignoram. É como se eu estivesse morta mesmo. Mas, eu sei que
estou viva e não estou louca. Ou será que estou?
doutorboacultural.blogspot.com/
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