Meu
nome é Jacó. Na época eu era um jovem bonito, forte, saudável, sem vícios. Cursava
o segundo ano de medicina na PUC (Pontifícia Universidade Católica) em
Curitiba, capital do Paraná.
Eu
amava meus pais e minhas irmãs gêmeas. Éramos cinco. Havia uma harmonia muito
gostosa em casa, em nossa família que muitos invejavam.
Eu
era o caçula e, por sinal, o queridinho dos meus pais. Trabalhava como
balconista de uma farmácia das 7hs às 15hs, chegava à minha casa, tomava um
banho, tomava um lanche e ia para a Faculdade. Meus pais se orgulhavam de mim.
Conheci
Marília, uma linda garota que mudou o meu lado de viver, assim, radicalmente. Apaixonei-me
por ela e, com ela conheci um outro lado da vida. Essa garota me dizia
frequentemente que eu levava uma vida muito certinha e, isso era ridículo. Eu
que não fumava e nem bebia, aprendi a fumar e a beber com Marília, minha
namorada. Pior do que isso, fiquei viciado em maconha, cocaína e crack.
O
primeiro tombo que levei foi o de perder o meu emprego na farmácia. Eu chegava
lá, sempre chapado de drogas na cabeça e, é claro, fazia tudo errado e, por
isso fui mandado embora.
Em
casa, virei um tormento. Brigava com meus pais e irmãs porque queria dinheiro para
manter os meus vícios. Como eles não me davam, eu roubava.
Nessas
alturas, já havia abandonado meus estudos na Faculdade. Isso ainda não foi
tudo. Virei um marginal e, Marília se orgulhava disso, porque além de ser uma
usuária de drogas, também era uma marginal.
Num
domingo de manhã, estava só eu e uma das minhas irmãs gêmeas em casa. Meus pais e uma
das minhas irmãs estavam na igreja. Jane, minha irmã estava gripada e de cama.
Invadi o seu quarto e abusei dela e ainda a ameacei:
-
Se abrir o bico e contar o que houve aqui, eu te mato. Pode apostar que eu
estou falando sério.
Ela
não falou nada para os meus pais, porém, fez algo pior: fugiu de casa e, nunca
mais, nem eu, nem meus pais e minha irmã Jade tivemos notícias dela.
Um
tempo depois, abusei de Jade também num domingo de manhã, enquanto meus pais
estavam na igreja e, eu acabava de chegar das ruas chapado de álcool e drogas
na cabeça. Com Jade foi diferente. Ela contou para meus pais que eu a estuprei.
Meu pai me expulsou de casa e a briga foi tão feia que ele se enfartou e morreu
antes de chegar ao pronto socorro.
Jade
também foi embora de casa por minha causa. Marília ficou grávida de mim e veio
morar em casa para desgosto de minha mãe.
Marília
e eu espancávamos minha mãe com freqüência por causa de dinheiro. Fazíamos dela
de nossa escrava. Coitada! Foi parar num sanatório. Ficou totalmente louca.
O
interessante é que a minha mudança depois de conhecer Marília foi radical. Confesso
que virei um monstro mesmo. Não tinha sentimento de amor por ninguém, com exceção
a Marília. Ela era tão fria como eu e, acho que era por isso que a gente se
dava tão bem.
Eu
trabalhava para traficantes e, com eles, não tinha como brincar. Fiquei devendo
para um deles, o Julião, e, minhas horas de aflição estavam apenas começando. Como
parte da minha dívida, tinha que assistir Marília e ele transando e, ela estava
no sexto mês de gravidez. Não. Eu não queria acreditar que aquilo estava
acontecendo comigo.
Minha
filha nasceu de parto prematuro e fiquei com nojo de ouvir da boca de Julião, o
maldito traficante:
-
Deixa ela crescer só mais um pouquinho que vou prová-la.
Eu
devia muita grana para aquele traficante matador. Ele cobrava de mim de uma
forma diferente: transando com minha mulher e, na minha frente.
Um
dia, enquanto Marília amamentava Janaína, nossa filha, vi uma cena terrível. Marília
foi estuprada e em seguida esquartejada por aquele monstro e, pior do que isso
tive que enterrá-la nos fundos da minha casa. Nunca mais hei de esquecer disso.
Depois, o traficante e mais dois dos seus comparsas foram embora.
Eu
sabia que eles iriam voltar, é claro. Para poupar a vida da minha filha e a
minha também, fugi de Curitiba. Que alívio! Fui parar lá em Gramado, na serra
gaúcha no Rio Grande do Sul e, não deixei pistas. Estava mais do que na hora de
eu mudar radicalmente de vida e, confesso que realmente mudei, Me converti ao
cristianismo e, com o tempo me tornei pastor.
Muita
gente que hoje ouve a minha história, me critica, me condena, mas, Deus sabe
que me arrependi de tudo o que fiz de errado lá atrás. Estou ciente de que
destruí minha família, abusando das minhas irmãs, matando o meu pai do coração
e mandando minha mãe para um sanatório. Mas, me arrependi de tal forma que
peguei nojo de drogas e de tudo aquilo que desagrada a Deus.
Muito
tempo passou. Janaína, minha linda filha já tinha sete anos e cantava no coro da
minha igreja, a qual, eu era pastor. Como ela cantava bem, meu Deus!
Num
domingo de manhã, aquele que veio para roubar, destruir e matar não estava sozinho.
Aquele traficante, o Julião, do qual fiquei devendo lá em Curitiba invadiu a
minha casa junto de seus comparsas.
Foram
as horas de aflição mais tensas que passei em minha vida. Violentaram minha
nova esposa na minha frente e a mataram.
- Eu
não lhe disse que quando sua filha crescesse mais um pouquinho, eu iria prová-la?
Clamei
alto a Deus para que ele expulsasse aqueles demônios de minha casa, mas, isso não
aconteceu. Eu amarrado tive que assistir minha filhinha sendo estupidamente
estuprada, agonizando e pedindo-me socorro até fechar seus olhos e morrer para
sempre.
-
Agora você não me deve mais nada pastor e, sendo assim, vou deixá-lo viver para
você entender que essa é a pior forma de morrer.
Fuja
do mal, ainda, enquanto é jovem. Joguei minha vida fora e, quando quis recupera-la
já era tarde demais. Não faça como eu. Abrace a felicidade que está ao seu lado
e, mesmo que você morra, pelo menos, morrerá feliz.
doutorboacultural.blogspot.com/
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