terça-feira, 3 de março de 2015

HORAS DE AFLIÇÃO (16) O VÍCIO



É tarde para reparar erros cometidos no passado. Entrei numa viagem e, lamentavelmente, voltei dela com uma feição horrível e deprimente. Ah! Se eu pudesse voltar atrás e fazer tudo diferente. Retomar minha.

Meu nome é Afonso. Na época eu era um jovem muito bonito, saudável. Aprendi a fumar e a beber quando eu tinha apenas 17 anos. Eu queria me exibir para as garotas, achando que, quem fumava e bebia era homem. Como fui tolo!
Eu tocava violão e cantava em barzinhos no Rio de Janeiro, capital. Tinha uma voz muito boa e era aplaudido por muitos. Cheguei perto de gravar um CD.
Tudo começou com uma rouquidão. Minha garganta estava inflamada, mas, eu não sentia dor e, nem sequer febre eu tinha. Nem fui ao médico. Tomei um remédio caseiro, mas, a rouquidão não passou. Minhas horas de aflição estavam apenas começando. Tomei alguns antiinflamatórios, porém, de nada adiantou. Saía um líquido verde da minha garganta e, entrei em pânico: procurei um médico especialista. A princípio ele disse-me que eu estava com laringite (uma inflamação da laringe que faz a voz ficar áspera ou rouca). Receitou-me alguns medicamentos e disse-me para ficar longe do cigarro. Isso para mim foi o mais difícil. Mesmo com aquela maldita rouquidão, perdendo a voz, não deixei de fumar. Nessas horas pude notar como é que um homem pode ser tão fraco, incapaz de dominar um vício.
Ouvia falar que o cigarro pode causar cerca de 50 doenças diferentes, especialmente problemas ligados ao coração e a circulação, cânceres de vários tipos, doenças respiratórias e, mesmo assim, não deixei de fumar.
Só não gravei o meu tão sonhado CD porque perdi a voz de vez. Eu contraí câncer na garganta. Que aflição! Era uma manhã linda de sábado, por sinal o dia que eu mais gosto. Minha garganta trancou de vez. Naquela manhã, também fumei meu último cigarro. Aquela tragada da fumaça do cigarro que dei provocou alterações no meu organismo, senti o aumento da minha pressão arterial, o aumento dos batimentos cardíacos e a constrição dos vasos sanguíneos. Meu coração batia com mais força e tive um ataque cardíaco. Senti a presença da morte e, creio que não há nada mais terrível do que isso. Fiquei hospitalizado por duas semanas. Não. Eu não queria acreditar que tudo aquilo estava acontecendo comigo.
Contraí um tempo depois, enfisema pulmonar e, na seqüência, câncer de pulmão. Para concluir a série dos males que o cigarro pode causar ao fumante, ganhei um acidente vascular cerebral. (AVC).

Todo câncer relacionado ao fumo - como na boca, laringe ou estômago - tem alguma ligação com o alcatrão. A união desse poderoso trio de substâncias na composição do cigarro só poderia tornar o produto extremamente nocivo à saúde. Para se ter uma ideia, 90% dos casos de câncer de pulmão - a principal causa de morte por câncer entre os homens brasileiros - estão ligados ao fumo.

O câncer pode aparecer em qualquer parte do corpo, mas há certos tipos de tumores que têm predileção pela boca, garganta e pescoço e estão relacionados, geralmente, a agentes causais como o álcool e o tabaco. Por se desenvolverem em áreas mais fáceis de visualizar, esses tumores são passíveis de diagnóstico precoce e, com pequenas intervenções cirúrgicas, é possível resolver definitivamente o problema.

Hoje estou numa cadeira de rodas, num asilo. Não tive mulher e filhos e, depois que fiquei enfermo, até mesmo aqueles que eu achava serem meus amigos me abandonaram.

“Hoje você me acende e, amanhã eu te apago”.

Você já deve ter ouvido esta frase. Se você é um dependente químico, livre-se deste mal enquanto ainda é tempo. Sempre vale a pena viver.





doutorboacultural.blogspot.com/




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