Amadeu era um sujeito sonhador demais. Vendeu sua casa de R$
150.000.00 (Cento e cinquenta mil reais) e jogou tudo na loteria. Tudo o que
ganhou foi uma baita dor de cabeça. Além de perder a casa foi morar de favor na
casa do tio Asdrúbal, um velho barrigudo que arrotava, babava e peidava 24
horas por dia. Isso não é normal. O velho devia ser louco.
Amadeu trabalhava de servente pedreiro e tudo o que ganhava
jogava na loteria, mas, nunca ganhava nada. Ele queria mudar de vida. O coitado
era analfabeto e pediu ao tio Asdrúbal que escrevesse uma carta para Sílvio
Santos dizendo que queria muito conhece-lo. Foram mais de quinhentas cartas.
Deu azar: Sílvio Santos nunca lhe respondeu.
Sucedeu que um dia, Amadeu tomava uma pinga num armazém daquele
bem chulé e, lá conheceu Olívio, irmão de Sílvio Santos. Amadeu ficou tão feliz
que pagou uma dúzia de cervejas para Olívio Santos e o papo esquentou.
- Olívio Santos, que prazer estar em sua presença. Quer dizer
que o senhor é irmão de Sílvio Santos?
Olívio abriu aquele sorriso, deu um cuspe tão veloz que foi
parar no X-mortadela que comia Joaninha, uma menininha.
- Sim, sou irmão do Sílvio Santos.
- Mas, eu queria muito conhecer o seu irmão, meu querido
Olívio. Sou fã dele.
Olívio dá um arroto por causa da cerveja e liberta seis
peidos de seu ventre.
- Pois é, sou irmão do Sílvio. Tem a moral de pagar um lanche
pra mim?
- Com todo o prazer, Olívio.
E Olívio come uns três lanches de ovos cozidos, aqueles da
conserva fedida. E como se não bastasse, arrota, solta mais uns peidos e, ainda
fala de boca cheia:
- Pois é, sou irmão do Sílvio.
- Ele ainda continua morando no Morumbi?
Olívio dá uma gargalhada e vem mais uma rajada de peidos.
- Sim, continua no Morumbi. Meu irmão Sílvio adora o Morumbi.
Eu também gosto do Morumbi. Conhece o Morumbi. Já foi pro Morumbi. Eu também
moro no Morumbi. Quer ir comigo pro Morumbi?
Amadeu fica surpreso.
- Sim, é claro que quero. Tem como o senhor me apresentar seu
irmão Sílvio Santos?
Olívio solta um peido tão alto e, desta vez, a velha Inês,
dono do armazém chama a sua atenção.
- Por favor, senhor! Aqui é um ambiente de respeito. Evite
soltar peidos.
Olívio responde preocupado.
- Me caguei todo. A senhora tem um banheiro.
E Olívio vai pro banheiro e lá demora uns quarenta minutos.
Volta para a mesa e convida Amadeu para ir com ele até o Morumbi, na casa do
Sílvio. Amadeu paga o táxi do bairro do Limão até o Morumbi.
Amadeu se choca porque o táxi entra numa favela e para de
frente a um barraquinho.
- O que estamos fazendo aqui? Onde mora o Sílvio Santos?
Olívio da uma gargalhada.
- Aqui. Você não queria conhecer o Sílvio? Não me falou o
tempo todo do Sílvio? Sou irmão do Sílvio e, digo mais: do Sílvio Santos.
E de repente, vem um sujeito esquisito, pinta de malandro no
portãozinho de arame, feio feito uma semente satânica.
- Vamos entrar?
O que?! Amadeu correu e ainda alcançou o mesmo taxi que o
trouxe até ali.
Sinceramente, Sílvio
Santos têm muitos, porém, Señor Abravanel, somente um.
Hoje, Amadeu só ama a
Deus.
doutorboacultural.blogspot.com/
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