Pensem numa lebre dócil, carinhosa, amável e muito obediente.
Sim, Hanny era tudo isso e digo mais: muito esperta. Seus hobbies prediletos
eram pular e cheirar. Ela dava seus pulinhos (invejados pelas pulgas) no jardim
e cheirava o perfume das flores, mas, deixava-as quietas. Não as comia não.
Hanny com seus pulinhos passeava pelo jardim e chegava até a
casa imensa (tinha acesso livre para entrar e sair) onde moravam Dona Mania e
suas três filhas Mani, Manialda e Maninice. E Hanny cheirava tudo: desde as sapatilhas
de balé de Mani (a mais velha) até o aroma do café preparado por dona Mania
que, coincidentemente, tinha mania de inventar coisas, como por exemplo: café
com chantili com gemas de ovos, jiló com azeitonas portuguesas, bolo de
melancia com creme de chocolate entre outras coisas.
Certo dia, Maninice, a caçula das filhas de Dona Mania, fez
aniversário. O que?! Pensem numa festa. Sua mãe, que tinha mania de inventar de
tudo, deu uma festa das porretas. Deixou rolar na vitrola ópera e fez uns bolos
diferentes desses populares que todos conhecem. Tinha bolo de camarão com leite
condensado, bolo de pepino com abacate e torresmos e, ela não entendeu por que
razão, as cinquenta e uma crianças convidadas foram embora para suas casas
assim tão cedo. Hanny com seus pulinhos cheirava a tudo e, nem mesmo ela ficou
dentro daquela casa. Será que era por causa da ópera que rolava na vitrola? E
eu fico me perguntando: será que coelhos e lebres gostam de ópera? Vai saber.
Sucedeu que um dia, quem fez aniversário foi Manialda, a
filha do meio. O que?! Ela prendeu sua mãe (que tinha mania de tudo) num dos
quartos da casa, porque, desta vez, quem ia dar uma festa diferente era ela. E
Manialda fez uns deliciosos bolos na companhia de Lúcia (a autora do legítimo
bolo prestígio Lúcia). Gente, a galera se fartou de tanto comer e, foi embora
satisfeita para suas casas, é claro. O que?! Rolava até som de Bob Dylan na
vitrola.
Pelas altas horas da noite, Manialda acorda em seu quarto e
dá um sorrisinho típico daqueles de Juquinha quando ganha uma bala e um balão e
diz pra si mesma:
- Agora vou provar do bolo que ninguém comeu: o bolo de
cenoura que, nessas alturas, deve estar geladinho na geladeira me esperando.
Manialda vai até a cozinha e, quando abre a geladeira leva um
susto.
- O que?! Quem comeu meu bolo de cenoura?
Ela caminha furiosa pela casa e, lá na sala, encontra Hanny
folgadamente no sofá comendo o último pedaço daquele bolo de cenoura.
Sábios do mundo inteiro ainda não conseguiram desvendar este
mistério: como é que a lebre Hanny conseguiu abrir a geladeira e levar até a
sala aquele imenso bolo, já que sua mãe e irmãs juraram que não fizeram isso?
Pois é, Hanny com seus pulinhos e cheirinhos se interessou apenas pelo bolo de
cenoura, gente. Tinha ainda na geladeira muito bolo prestígio Lúcia, mas, ela
nem provou, se bem que cheirou.
Esqueceram de mim, babies? Não sou a Hanny e sim a Mani.
Há! há! há! há! há!
doutorboacultural.blogspot.com/
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