segunda-feira, 26 de agosto de 2013

UMA LEBRE ESPERTA



Pensem numa lebre dócil, carinhosa, amável e muito obediente. Sim, Hanny era tudo isso e digo mais: muito esperta. Seus hobbies prediletos eram pular e cheirar. Ela dava seus pulinhos (invejados pelas pulgas) no jardim e cheirava o perfume das flores, mas, deixava-as quietas. Não as comia não.

Hanny com seus pulinhos passeava pelo jardim e chegava até a casa imensa (tinha acesso livre para entrar e sair) onde moravam Dona Mania e suas três filhas Mani, Manialda e Maninice. E Hanny cheirava tudo: desde as sapatilhas de balé de Mani (a mais velha) até o aroma do café preparado por dona Mania que, coincidentemente, tinha mania de inventar coisas, como por exemplo: café com chantili com gemas de ovos, jiló com azeitonas portuguesas, bolo de melancia com creme de chocolate entre outras coisas.
Certo dia, Maninice, a caçula das filhas de Dona Mania, fez aniversário. O que?! Pensem numa festa. Sua mãe, que tinha mania de inventar de tudo, deu uma festa das porretas. Deixou rolar na vitrola ópera e fez uns bolos diferentes desses populares que todos conhecem. Tinha bolo de camarão com leite condensado, bolo de pepino com abacate e torresmos e, ela não entendeu por que razão, as cinquenta e uma crianças convidadas foram embora para suas casas assim tão cedo. Hanny com seus pulinhos cheirava a tudo e, nem mesmo ela ficou dentro daquela casa. Será que era por causa da ópera que rolava na vitrola? E eu fico me perguntando: será que coelhos e lebres gostam de ópera? Vai saber.
Sucedeu que um dia, quem fez aniversário foi Manialda, a filha do meio. O que?! Ela prendeu sua mãe (que tinha mania de tudo) num dos quartos da casa, porque, desta vez, quem ia dar uma festa diferente era ela. E Manialda fez uns deliciosos bolos na companhia de Lúcia (a autora do legítimo bolo prestígio Lúcia). Gente, a galera se fartou de tanto comer e, foi embora satisfeita para suas casas, é claro. O que?! Rolava até som de Bob Dylan na vitrola.
Pelas altas horas da noite, Manialda acorda em seu quarto e dá um sorrisinho típico daqueles de Juquinha quando ganha uma bala e um balão e diz pra si mesma:
- Agora vou provar do bolo que ninguém comeu: o bolo de cenoura que, nessas alturas, deve estar geladinho na geladeira me esperando.
Manialda vai até a cozinha e, quando abre a geladeira leva um susto.
- O que?! Quem comeu meu bolo de cenoura?
Ela caminha furiosa pela casa e, lá na sala, encontra Hanny folgadamente no sofá comendo o último pedaço daquele bolo de cenoura.
Sábios do mundo inteiro ainda não conseguiram desvendar este mistério: como é que a lebre Hanny conseguiu abrir a geladeira e levar até a sala aquele imenso bolo, já que sua mãe e irmãs juraram que não fizeram isso? Pois é, Hanny com seus pulinhos e cheirinhos se interessou apenas pelo bolo de cenoura, gente. Tinha ainda na geladeira muito bolo prestígio Lúcia, mas, ela nem provou, se bem que cheirou.  


Esqueceram de mim, babies? Não sou a Hanny e sim a Mani.
Há! há! há! há! há!





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