Braulio era um pinto jovem, bonito. Gostava de comer como todos os
pintos. Certo estava ele. Queria ser galo como o pai e cantar para as galinhas.
Será?
Branca era uma gata branca, metida, orgulhosa, não dava bola para
ninguém e, muito menos para pintos. Nem de gatos ela gostava.
O pinto Braulio sofria de amores pela gata Branca. Mas, como pode
ser isso? Um pinto, filho de um pai galo e de uma mãe galinha se apaixonar por
uma gata? Pois é, nos fins dos tempos tudo pode acontecer e, digo mais:
aconteceu mesmo. Braulio, o pinto, queria Branca, a gata.
Vichi! A galinha Brazilina (mãe do pinto Braulio) pirou de vez e o pinto Braulio saiu do
terreiro e foi pro jardim florido, onde morava Branca. Coitado do pinto
Braulio! Branca, a gata não queria saber de pintos não.
Passava boa parte do dia e da noite numa bate papo miau com a gatinha Chau uma gata chinesa.
Braulio tomou uma decisão certeira e disse pra si mesmo: Deixarei de ser um pinto mole,
deprimido e caído. Pularei desta fase de frango e, a partir de agora cantarei
como galo.
Coitadinho! Acabara de sair do ovo e já queria esse renovo. As
cordas vocais dessa gema jamais sairiam às claras.
Braulio, inconformado, procura um terreiro de macumba e leva sorte
ao chegar lá: o pai-de-santo delicadamente o atende e resolve ajudá-lo depois
de ouvir todo o seu relato. Braulio chora:
- Me ajude a conquistar uma gata. Não posso pagar em mios, nem em
milhões, porém, pago em milhos.
Que pinto bobo! Falou todas essas abobrinhas porque deu umas
bicadas no gole da malvada pinga. Desde quando um pinto sabe o que é porém?
O pai-de-santo delicado, respeitado por gays geral do Brasil e do
mundo, segue Braulio até sua casa, quer dizer: o terreiro que ele morava. Que
tristeza no galinheiro, gente! O pai-de-santo incorporado no Exú Brasil, decepa a
cabeça da galinha Brazilina e explica pra mesma depois de morta porque fez
isso. Motivo: Por ter posto um pinto mole no mundo. Olha para os olhinhos
lacrimosos do pinto Braulio e diz:
- Se Branca, a tua gata amada comer a galinha da tua mãe, vai
gamar em você.
E o pai-de-santo delicado coloca a falecida Brazilina toda
esquartejada num pratinho bem no centro do jardim florido onde morava a gata
Branca. Só que todo esse trabalho não deu em nada.
Branca passa por ali acompanhada de Chau, a gata chinesa, olha
para a falecida Brazilina, ora por ela e diz:
- Sou vegetariana, meu amor. Não posso guardá-la dentro de mim.
Descanse em paz nos céus.
E, de repente, dos altos céus, provavelmente abutres etíopes,
estavam com uma fome daquelas e, aterisam naquele jardim e comem a galinha
Brazilina e seu filhinho Braulio. Branca chora assistindo tudo isso no galho de
uma árvore. E o pai-de-santo, para surpresa de todos, realmente era um veado.
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