Este aparelhinho inventado nos anos 70 (antigo tijolão)
chamado celular, sem dúvida, é uma das invenções que deixou o homem, na regra
geral, mais abestalhado do que já é por natureza. Quase todo mundo tem e,
inclusive eu também tenho um.
Acho incrível como é que um simples aparelhinho que cabe em
qualquer bolso ou boceta pode despertar tanta atenção nas crianças, velhos e
moços. Já perdeu a graça, se é que um dia teve. O aparelhinho não tem culpa de
existir, é claro, porém, nas mãos dos “bicudos” que os utilizam, creio que é
capaz até de irritar os demônios e o maioral do inferno quando estão por perto.
Você entra num “busão” lotado de bundões e se depara com
aquela conversação nojenta e grudenta. Olha pra baixo e colado às outras bundas
vê um anão falando com sua namorada pelo celular e, graças à viva voz, é capaz
de ouvir o diálogo dos dois:
- Oi, meu amor! Sou eu, o Napoleão, seu homem. Estou num
ônibus lotado.
- Oi Napoleão, meu homem! Estou almoçando e, adivinha o que é
que estou comendo?
- Repolhos e ovos cozidos?
- Como é que você adivinhou?
- É que estou sentindo o cheiro daqui, amor.
Sentado num dos bancos vê um corno manso falando no celular
com sua amada.
- Oi amor! Tá tudo bem por aí?
- Sim, meu amado. O Batista está aqui comigo.
- Batista?!
- Sim. É teu amigo e, se é teu amigo é meu amigo também.
- Sim, meu amor.
- Ele chegou aqui com uma fome lascada, sabe? Mas já dei de
comer a ele.
- O que é que tu deste pra ele comer, amor?
- Peito de galinha e sambiquira.
Ao lado do corno, vê uma crente fanática dizendo ser a mulher
de Deus para uma perdida do outro lado da linha:
- Alô Lurdinha! Sou eu, a mãe do Matheus, a mulher de Deus.
Agora também estou nessa linha, quer dizer nessa operadora e, quero te dizer
que Jesus continua operando em todas as operadoras. O aceite agora é claro!
(Atch...tim), oi?! Porque ele tá vivo.
E a mundana responde:
- To de boa irmã. To curtindo a rã com o sapo na lagoa.
E aquele paizão nordestino falando com sua filha no Piauí que
foi para Paris?
- Alôa! Onde é que tu foi parar, minha filha?
- Em Paris, papai. Está tudo bem por aí? To com saudades do
Brasil e acho que não vou me adaptar aqui não.
- Por que, minha filha?
- Os homens daqui são muitos cherrys.
E o caçula do velho Romão que viajou do Mato Grosso pra
longe, pra Londres e, graças ao aparelhinho, mata a saudade do papai e de toda
a família?
- Papai, mamãe aqui ta tudo bem. Que saudades! E o Rex? Cadê
o Rex? O Rex está por aí? Bota o Rex na linha papai.
- Au! Au!
- Oi Rex! Ta com saudades do Julião, Rex?
- Au! Au!
Imaginem vocês gente? Estão botando até cachorros na linha do
celular. Sem contar que até mudos estão usando ele graças ao teclado, se bem
que de vez em quando, sai uns sussurrinhos tipo: “Hum! Hiii”!
E aqueles casais do tipo grude que estouram seus créditos
naquele bate papo furado, noiado? Enquanto essas pragas não derem um banho de
língua em seus celulares e os créditos não terminarem fica aquele grude nojento.
Gente, em minha opinião, somente bacana é quem deveria ter um
aparelhinho desses. Não quero dizer com isso que eu seja um bacana, porém, eu
respeito o silêncio dos santos. Infelizmente, quase todo mundo tem esse
aparelhinho e, vocês sabem por quê? Porque com quaisquer dez reais vocês podem
ter um também. Se bobear vem até com câmera, filmadora, cartão de memória e
outras histórias. As operadoras, com pena da população sedenta fazem umas
ofertas de créditos e estão dando até bônus pros bobos.
O celular nas mãos dos bacanas cai bem porque o papo é
rápido, ou seja: objetivo e direto. Não perdem tempo com conversinhas
reumáticas, não.
Em suma, creio que esta população doentia tecnologicamente,
precisa rezar. E faço um apelo aos bicudos: desliguem seus aparelhinhos de
celular quando entrarem na casa de Deus, suas antas! Deixem pra curtir essa
modernidade da música em Mp3, Mp4, Mp5 no quintos dos infernos. Amém.
doutorboacultural.blogspot.com/
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