Black era um lindo gato preto. Foi adotado quando ainda era
pequenino por Dona Nova, uma velha rica que morava sozinha num baita casarão em
Gramado – RS.
Black cresceu naquele casarão. Ele desfrutava do bom e do
melhor. Comia até mesmo filé de peixe de primeira e caviar. Seu lugar predileto
para tirar uma soneca da inércia de não fazer nada na vida, além de comer,
beber e dormir, era no sofazão da sala. Pensem num sofá aveludado chique e
muito bonito.
Certo dia, logo pela manhã, a velha Nova estaciona sua limusine
em frente a seu casarão e, Black que tomava sol no jardim sentiu perigo a
vista: é que a velha Nova não estava sozinha. Trazia consigo um lindo cãozinho
da raça poodle que foi batizado pelo nome de White. Pensem nos glóbulos
sanguíneos de um anêmico. Não. White era mais branco.
Black
sentiu-se rejeitado no passar dos dias pela sua dona que já não lhe dava mais a
mesma atenção de antes. O pior de tudo era que o cãozinho White parecia ser
racista e tinha preconceitos com gatos como muitos cães. A presença de Black o
deixava bastante irritado. Black não podia mais tirar sua soneca no sofazão
aveludado da sala e muito menos passear pelo casarão. Namorar? Um dia, Black
trouxe para conhecer o território onde morava, Belly, uma gata francesa e White
a atropelou dali. Black era estupidamente perseguido por White. A velha Nova
passava boa parte do dia na cidade fazendo compras e não sabia do que sucedia
em seu casarão.
. Sua empregada Nicinha (diarista) que vinha fazer faxina no
casarão duas vezes por semana amava White, porém, não suportava Black e a
nenhum gato.
Certo dia, a velha Nova foi sentar em seu sofazão aveludado e
deu azar: sentou-se bem em cima de uma poça de urina. O que?! Ela ficou tão
zangada que por pouco não matou Black de tanto que lhe bateu.
- Seu gato nojento! A partir de hoje não quero mais te ver na
sala e, aliás, em nenhuma parte do meu casarão.
O que a velha Nova não sabia era que aquela urina exposta em
seu sofá não era de Black e sim de White.
Nem sequer no jardim do casarão Black podia mais brincar com
as borboletas. Era perseguido direto por White. Que cãzinho mau humorado e
estressado, gente! O único lugar que Black sentia-se seguro era no telhado do
casarão e, mesmo assim, White espumava de tanta raiva querendo pegá-lo.
Certa noite, já pelas altas horas, a velha Nova entra em
pânico dentro de seu quarto e grita em desespero:
- Socorro! Socorro!
White que tinha acesso livre para entrar e sair daquele
casarão vai até o quarto de sua dona e, simplesmente fica latindo, deixando
Black que estava no telhado, curioso como todo gato é. E a velha Nova gritava
em desespero:
- Socorro! Socorro!
O que será que estava acontecendo naquele
quarto, gente? A velha gritando e seu cãzinho latindo e até uivando. Era um
rato dos maiores que apavoravam os dois. Isto é: a velha Nova e seu cãzinho
White.
Pensem num rato grande. E quem foi que disse que ratos têm
medo de cães? Graças à curiosidade de Black, ele salta do telhado e corre em
direção ao quarto de sua dona e elimina para sempre aquele ratão daquele
casarão. O que? White quis expulsar Black dali com seus latidinhos e a velha
Nova que assistia a tudo grita:
- Pode parar! Violência, não. Parabéns, meu fiel amigo Black.
Você me salvou daquele ratão terrível e, sabe-se lá de quantos outros daqui de
meu casarão. Depois de velha aprendi que lugar de gatos é dentro de casa para
nos proteger desses invasores. A partir de hoje, se quiser, dormirá em minha
cama. E, quanto a você White, não vou humilhá-lo, porém, procure entender:
lugar de cachorros é fora de casa. Quem sabe um ladrão venha me assaltar e você
pode botá-lo pra correr.
E assim, Black, um amigo fiel da velha Nova teve um final
feliz nesta história. Só tinha agora que ficar esperto com os olhares de ódio
de Nicinha (a doméstica) e, principalmente de White. Mas, gatos são muito
espertos, não são? Black até namorava com sua amada Belly dentro do casarão,
gente!
doutorboacultural.blogspot.com/
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