segunda-feira, 26 de agosto de 2013

UM AMIGO FIEL



Black era um lindo gato preto. Foi adotado quando ainda era pequenino por Dona Nova, uma velha rica que morava sozinha num baita casarão em Gramado – RS.

Black cresceu naquele casarão. Ele desfrutava do bom e do melhor. Comia até mesmo filé de peixe de primeira e caviar. Seu lugar predileto para tirar uma soneca da inércia de não fazer nada na vida, além de comer, beber e dormir, era no sofazão da sala. Pensem num sofá aveludado chique e muito bonito.

Certo dia, logo pela manhã, a velha Nova estaciona sua limusine em frente a seu casarão e, Black que tomava sol no jardim sentiu perigo a vista: é que a velha Nova não estava sozinha. Trazia consigo um lindo cãozinho da raça poodle que foi batizado pelo nome de White. Pensem nos glóbulos sanguíneos de um anêmico. Não. White era mais branco.
Black sentiu-se rejeitado no passar dos dias pela sua dona que já não lhe dava mais a mesma atenção de antes. O pior de tudo era que o cãozinho White parecia ser racista e tinha preconceitos com gatos como muitos cães. A presença de Black o deixava bastante irritado. Black não podia mais tirar sua soneca no sofazão aveludado da sala e muito menos passear pelo casarão. Namorar? Um dia, Black trouxe para conhecer o território onde morava, Belly, uma gata francesa e White a atropelou dali. Black era estupidamente perseguido por White. A velha Nova passava boa parte do dia na cidade fazendo compras e não sabia do que sucedia em seu casarão. 
. Sua empregada Nicinha (diarista) que vinha fazer faxina no casarão duas vezes por semana amava White, porém, não suportava Black e a nenhum gato.
Certo dia, a velha Nova foi sentar em seu sofazão aveludado e deu azar: sentou-se bem em cima de uma poça de urina. O que?! Ela ficou tão zangada que por pouco não matou Black de tanto que lhe bateu.
- Seu gato nojento! A partir de hoje não quero mais te ver na sala e, aliás, em nenhuma parte do meu casarão.
O que a velha Nova não sabia era que aquela urina exposta em seu sofá não era de Black e sim de White.
Nem sequer no jardim do casarão Black podia mais brincar com as borboletas. Era perseguido direto por White. Que cãzinho mau humorado e estressado, gente! O único lugar que Black sentia-se seguro era no telhado do casarão e, mesmo assim, White espumava de tanta raiva querendo pegá-lo.
Certa noite, já pelas altas horas, a velha Nova entra em pânico dentro de seu quarto e grita em desespero:
- Socorro! Socorro!
White que tinha acesso livre para entrar e sair daquele casarão vai até o quarto de sua dona e, simplesmente fica latindo, deixando Black que estava no telhado, curioso como todo gato é. E a velha Nova gritava em desespero:
- Socorro! Socorro!
O que será que estava acontecendo naquele quarto, gente? A velha gritando e seu cãzinho latindo e até uivando. Era um rato dos maiores que apavoravam os dois. Isto é: a velha Nova e seu cãzinho White. 
Pensem num rato grande. E quem foi que disse que ratos têm medo de cães? Graças à curiosidade de Black, ele salta do telhado e corre em direção ao quarto de sua dona e elimina para sempre aquele ratão daquele casarão. O que? White quis expulsar Black dali com seus latidinhos e a velha Nova que assistia a tudo grita:
- Pode parar! Violência, não. Parabéns, meu fiel amigo Black. Você me salvou daquele ratão terrível e, sabe-se lá de quantos outros daqui de meu casarão. Depois de velha aprendi que lugar de gatos é dentro de casa para nos proteger desses invasores. A partir de hoje, se quiser, dormirá em minha cama. E, quanto a você White, não vou humilhá-lo, porém, procure entender: lugar de cachorros é fora de casa. Quem sabe um ladrão venha me assaltar e você pode botá-lo pra correr.
E assim, Black, um amigo fiel da velha Nova teve um final feliz nesta história. Só tinha agora que ficar esperto com os olhares de ódio de Nicinha (a doméstica) e, principalmente de White. Mas, gatos são muito espertos, não são? Black até namorava com sua amada Belly dentro do casarão, gente!


doutorboacultural.blogspot.com/

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