Jeocrésio era um sujeito feio, desocupado que não prestava
pra nada. Seus pais Jeová e Jesusa tinham pena desta criatura, porém, nada mais
podiam fazer por ele. O camarada, sem querer, assustava as crianças, as meninas
e, enfim, aquilo não era um ser. Era um parecer
com tudo de feio e horrível que alguém pode ver para crer.
Sucedeu que um dia, seu amoroso pai Jeová lhe deu um violão
de presente.
- Distraia um pouco, meu filho. Fique em seu quartinho
treinando que, um dia, você será útil na vida. Será um grande mestre. Até o
músico Djavan será o teu fã.
E Jeocrésio ficava horas e horas em seu quarto querendo
descobrir o segredo de dominar aquele instrumento de seis cordas. Vichi! Os
vizinhos já não estavam mais suportando aquela desafinação total, porém, os pais
daquela criatura tentavam controlar tal situação.
- Mais um pouco de tempo e nosso filho será um rei. Tenham
paciência, amados.
Seis meses depois, Jeocrésio surpreende seus pais.
- Papai, mamãe! Já posso dizer que sei tocar.
Jeová ficou tão feliz em ver a alegria do filho amado que
colocou um cartaz dos grandes bem de frente a sua casa que dizia: “AULAS DE VIOLÃO É AQUI”.
Seres humanos, na regra geral, adoram uma música e, aprender
a tocar com um mestre, quem não quer? Muitos ignoraram a feiura de Jeocrésio e
partiram para os finalmente.
Denise, uma linda médica veterinária queria aprender a tocar
e procurou por Jeocrésio.
- Jeocrésio, meu sonho é tocar e cantar as músicas de Caetano
Veloso. Tenho chance de aprender?
Jeocrésio, por pouco não deixou escapar um peido, pois, tocar
Caetano Veloso não é brincadeira. O cara é um dos músicos mais conceituados do
mundo. Jeocrésio ficou pálido, mas, até que se saiu bem.
- É relativo. Para chegar a tocar Caetano você tem que
começar de baixo. Bahia de baixo entende? Concentre-se apenas no lá maior e mi
maior. Com essas duas notinhas você poderá tocar milhões de musiquinhas.
O que?! Denise nunca mais voltou lá na casa de Jeocrésio
porque percebeu que ele não tocava nada.
Outro dia, apareceu em sua casa um peão sertanejo de bom
gosto, por sinal.
- Jeocrésio, adoraria aprender a tocar as relíquias
sertanejas. Veja bem: falo daquelas sertanejas raízes tipo Belmonte e Amaraí,
Liu e Léo, Lourenço e Lourival e outros.
Jeocrésio amarelou-se, pediu licença e, educadamente soltou
um peido.
- É relativo, meu senhor. Para tocar essas relíquias
sertanejas tem que aprender primeiro o básico, entende? O que é o básico? Lá
maior e mi maior são o início. Esqueça-se do sustenido.
Aquele peão sofridamente aprende o lá maior e o mi maior e
não aguenta mais cheirar tantos peidos fedidos que, educadamente diz a
Jeocrésio:
- Um dia eu volto para aprender o sustenido.
O que?! Aquele peão sertanejo nunca mais voltou. Jeocrésio
não sabia tocar nada, Sô!
Outro dia, apareceu na casa de Jeocrésio um boy surfista e o
barato dele era aprender a tocar reggae. O que?! Quando o boy percebeu que
daquele rec rec jamais chegaria a
reggae caiu fora.
Coitado de Jeocrésio; Ele queria apenas agradar, ser útil na
vida como o pivete de Chico Buarque,
o desabafo de Roberto Carlos, o oceano de Djavan, os canteiros de Fagner e outros. Estava ao
ponto de suicidar-se quando seu pai Jeová, amoroso como uma amora em caldas,
teve uma ideia: pegou seu filho amado pelos colarinhos, deu-lhe uns tapas no
ouvido, puxou-lhe pelos cabelos e o levou de frente a uma universidade.
- Você vai ficar aqui tocando tudo aquilo que lhe vier na
cabeça, meu filho. Você ficará famoso nem que seja na porrada.
O que?! E não é que o pai Jeová estava certo? Jeocrésio só
não conquistou o mundo todo porque nem Jesus Cristo conseguiu isso, mas, pelo
menos, a metade da população ele ganhou. Cito Jeocrésio. A criatura está hoje
na mídia e vende CDS até na China. Ele ainda espera na promessa do pai Jeová de
que um dia até Djavan será o seu fã. Eu morro e ainda assim, não vejo tudo, viu
Sô! O gosto da população está meio doentinho, né?
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