Há
muito tempo atrás, cito uns 500 mil anos, as pessoas da terra viviam em
cavernas e eram semelhantes aos bichos selvagens, porém, havia no coração de
muitos, sentimentos humanos, até então, não descobertos pelo homem, como o
amor, por exemplo.
Rocha,
uma velha marcada pelo tempo, tinha um corpo sofrido, surrado, porém, saudável.
Vivia numa caverna com sua filha Cavernosa, sua neta Pedreira, casada com
Cavernildo e seus bisnetos Pedreirinho e Rochinha.
A
velha Rocha comia ovos de Águia, tomava prazerosamente sangue de tartarugas e
muita água de coco. Talvez este era o segredo dela ser assim tão saudável.
Sucedeu
que um dia, a velha Rocha sentiu um renovo tão forte dentro dela que quis
explorar isso.
Vê
Pedreira tão bem mais jovem do que ela (é claro), se entregando de corpo e alma
ao marido Cavernildo, e sente um desejo assim tão quente e molhado que não
resiste: ataca seu bisneto Pedreirinho que brincava com uma macaquinha
adolescente.
A
velha Rocha não estava mais suportando aquele desejo assim tão estranho que
sentia. Atacou Cavernildo e acabou levando uma cabaçada de pau de Pedreira, a
neta mal criada.
-
Extrume de ferro, não te enxergas que seu tempo de brincar com bonecos já
passou? Vai voar com os abutres, carniça!
Coitada
da velha Rocha. Ela queria ser amada como nunca fora. Ficou por um bom tempo
isolada num canto, desprezada por todos os de sua família. Caiu assim num
sentimento, que hoje chamamos de depressão. Antigamente era falta de pressão,
sei lá.
A
velha Rocha começou a fazer coisas estranhas tipo: sentar nua no pepino verde,
porém maduro, descascar mandiocas com os dentes, enfim, a velha Rocha ficou
louca e, para a alegria de sua família, desapareceu da caverna levando um saco
de pano com todas as suas traias.
Nas
andanças da velha Rocha, ela avista de longe um homem tão bonito, mas, tão
bonito que, acaba beliscando sua própria bunda para certificar-se de que aquela
visão não era apenas um sonho. Aproxima-se do homem que estava deitado num
gramado, pensa em atacá-lo, porém, usa uma tática diferente que costuma dar
certo até nos dias de hoje:
-
Olá! Tudo bem?
Quando
aquele homem bonito vê aquela velha, se assusta.
-
Não me mate, pelo amor de Deus!
-
Não mato ninguém não, mocinho lindo. Ainda mais o amor da minha vida.
-
Amor da sua vida? Sai fora, vovó! Não sou amor da vida de ninguém.
A
velha Rocha chora.
-
Por que será que todos me olham como se eu fosse uma barata velha aposentada?
Pôxa vida! Eu tenho sentimentos. Meu coração não é de pedra.
Aquele
homem fica com pena da velha Rocha, mas é direto.
-
Minha senhora, é comovente o seu choro, mas, encare a vida por outro lado. Seu
tempo já passou. Eu, por exemplo, sou jovem, nem sei como vim parar aqui, mas,
sei por que aqui estou.
-
Por que está aqui?
E
o homem desabafa:
-
Procuro um tesouro que vale milhões. Muitos milhões.
A
velha Rocha tira do seu saco de pano um lindo tesouro.
-
Acaso é este tesouro?
Os
olhos daquele homem brilham feitos diamantes.
-
É este mesmo! Meu Deus! Eu quero! Eu quero!
A
velha Rocha guarda o tesouro no saco de pano.
-
Há séculos venho guardando ouro, prata, ágata marinha, ametista, espineta,
granada, topázio, ônix, diamantes e outras e, eu te pergunto: pra que? De que
me vale tudo isso? Nunca fui amada por ninguém.
Aquele
homem interesseiro toca nos ombros da velha Rocha.
-
Da para mim este tesouro?
A
velha Rocha sorri:
-
Tudo tem um preço, nenê. Achas que sou burra?
-
Que preço é este?
E
a velha Rocha desabafa:
-
Quero que me ames assim da cabeça aos pés, só por uma hora. Depois, pode ir
embora e levar contigo este tesouro.
O
homem não podia se conter de tanta alegria. Olhou para o céu e deu um grito tão
alto que, sem dúvida, acordou muitos anjinhos nenês.
-
Obrigado, meu Deus!
Deu
um beijo de língua na velha Rocha e uns amassos deixando-a louca de vez. Tirou
a casaca da velha, acariciou seus seios muchos e caídos, beijou-os, lambeu-os e
chupou-os e a velha delirava de tanto prazer.
-
Beije, lamba e chupe meus pés, chuchu!
Que castigo dos deuses! Aquilo não eram pés. Pareciam cascas de batatas podres em conserva no inferno. O que um homem não faz por um tesouro, meu Deus? Enfim, vamos respeitar as crianças. Aquele homem teve um relacionamento completo com a velha Rocha e ela cumpriu com o prometido: deu-lhe o tesouro e o homem saiu cuspindo, pulando e correndo, talvez de alegria, sei lá.
A
velha Rocha volta satisfeita para a caverna e sua família a recebe de paus e
pedras nas mãos. Sua filha Cavernosa pergunta:
-
Onde está a caixinha de pedrinhas pintadas de Pedreirinho e Rochinha, mamãe
sacana?
Vichi!
A velha Rocha levou uma surra danada que, por pouco não morreu. Aquele tesouro
era apenas uma caixinha de pedrinhas pintadas.
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