domingo, 30 de junho de 2013

A GRANDE FAMÍLIA



Nena era uma mulher pequena, casada com Alexandre, o grande filho de Tonico, irmão de Rubão, sobrinho de Toninho, cunhado de Amado, genro de Terêncio, padrasto de Geocastro, neto de Ernesto e Aurora, pais de Dora e Durvalina, as tias de Sofia e Matheus, amigo de Deus e também do contente Vicente, casado com Rosana, nora de alagoana, filha de Severina, prima de Fernando e Leandro, irmãos de Sebastião, padrinho de Joãozinho e também do neném Padilha, o caçula desta grande família.

E eu te pergunto: o que é exatamente que eu tenho haver com isso, Vinicius? E você Osmar? Vai-te catar! Só te fiz uma pergunta, seu bunda.

sábado, 29 de junho de 2013

O SORTUDO



Evangelista, sem dúvida, é um homem muito sortudo. Por incrível parecer, ele com seus cinquenta anos bem vividos tem respostas para os mais variados assuntos que alguém possa imaginar.
Evangelista morava num bom apartamento em Curitiba, capital do Paraná, que com muito esforço e boa sorte na vida, conseguiu comprar. Isso lhe trouxe muitos calos nas mãos e nos pés. Trabalhou muitos anos como servente pedreiro e, como vendedor, vendia de tudo, menos drogas. Sofreu muito e, sendo pecado ou não, admitiu ser corno de sua mulher, pois, se ficasse só no trabalho pesado, trabalhando em obras ou vendendo coisinhas, jamais chegaria aonde chegou. Assim diz ele.
Sucedeu que um dia, Evangelista acordou cedo e, quando abriu a janela do quarto de seu luxuoso apartamento para dar bom dia ao dia, (como é acostumado a fazer até hoje), se deparou com um tempo horrível: céu cinzento, nublado e com aquela chuvinha fina, sem graça, que não tem pressa de ir embora. Ele pensou no sofrimento de outrora, que, por causa daquele tipo de chuva, perdeu, ou melhor, deixou de ganhar muito dinheiro na época em que vendia pomadinhas para as dores em geral. Fazia isso de casa em casa, conversando com as pessoas, em especial com as velhinhas que gostavam de ouvir o seu papo e, caso chovesse, seu trabalho ia para a lagoa.
O miserável pagava diárias de hotel, daqueles bem ralés e, para alugar um quartinho fixo e mensal teria que ter dinheiro na mão. Sim, ele gostava de tomar umas cervejinhas com seus amigos e, como era muito otimista, acreditava que aquela fase negativa em vivia, um dia ia acabar. Pois é: amigos e parentes corriam dele feito o Diabo da cruz. O dono do hotel vendo-o literalmente fodido botou o coitado para correr e aí veio o sol trazendo de volta a sua alegria e também das abelhinhas que fabricam o mel. Evangelista aprendeu a lição: guardou seu dinheirinho sagrado na venda dos produtos, cortou as cervejinhas com os amigos; passou a fazer apenas uma refeição por dia e, lamentavelmente, de tanto comer pão com mortadela contraiu uma gastrite. Foram-se suas economias. Gastou tudo o que tinha na compra de remédios e, agora, além de, literalmente fodido, estava doente e, como se não bastasse, voltou a chover e, para completar: estava na rua.
Na época, ainda muito otimista, com muito sacrifício, apelou pelas beatas das igrejas contando a situação difícil em que vivia e, com isso, juntou um dinheirinho e investiu tudo em guarda-chuvas, pois, chovia direto. Saiu para vender nas ruas de Curitiba e deu azar: os fiscais da Prefeitura tomaram todo o seu material e, isso, apesar de doer é justo, pois, os lojistas pagam seus impostos, oras! Mesmo assim, Evangelista não desistiu. Fez um novo apelo e conseguiu mais uma verba das beatas e, investiu tudo em guarda-chuvas novamente. Deu azar: parou de chover e o povo não queria mais guarda-chuvas não. E agora Jesus, Maria e José? Foi-se minha fé. Pensou. Voltou para as beatas e elas o botaram para correr. Chega de verbas. Pediu socorro em várias denominações de igrejas e tudo o que conseguiu foi uma merreca que mal dava para ele pagar uma vaga num daqueles quartinhos de hotéis ralés em que vivia outrora.
Pois é, Evangelista pensou seriamente em arrumar um emprego fixo, mas, não conseguiu. Não tinha experiência de nada comprovada em carteira de trabalho e aí tudo ficou muito mais complicado. Foi parar no albergue e, lá, lamentavelmente foi tratado como bicho, ou pior do que isso: foi confundido com vagabundos e marginais de todas as espécies que também viviam lá, no meio de muita gente boa. Que tolice de discriminação! Neste abrigo, doente, com problemas gástricos, Evangelista apanhou muito de vândalos e, preferiu ficar calado para evitar maiores problemas. Saiu de lá e voltou às ruas de Curitiba na esperança de que, com seu otimismo, tudo um dia iria melhorar para ele.
Sucedeu que um dia, Evangelista revirava um latão de lixo para encontrar ao menos um pão duro para comer, quando estaciona um carro de luxo bem em sua frente. Pensem numa linda mulher. Sai de dentro daquele carro uma mulher maravilhosa e o recolhe para a sua vida. Roberta (o nome da princesa) o leva para a sua mansão na Mercês, bairro nobre de Curitiba. Opa! Parece que, finalmente agora, seus problemas estavam resolvidos.
Quinze dias depois, Evangelista e Roberta se casam no civil e no religioso e, o amor dos dois parecia ser forte.
Evangelista agora vivia feito um rei e tinha traumas de pensar em seu passado. Sua mulher Roberta lhe deu um banho de loja e o cabra ficou bonito. O levou numa ótima clínica dos pés e uma famosa podologista coreana tratou de seus calos com muito amor e carinho. Parece que o dinheiro costuma fazer certos milagres.
Roberta saía sempre às manhãs e voltava puras altas horas da madrugada e isso estava deixando Evangelista preocupado. Com o tempo, ele descobriu que estava sendo traído pelo grande amor de sua vida e caiu em depressão. Não sorria mais como as hienas e chorava muito às escondidas. Roberta era prostituta e, como se não bastasse, traficava drogas. Evangelista, nessas alturas podia ouvir os gemidos de sua amada se deitando com traficantes. Com mansidão de corno foi se acostumando com isso, até que um dia, lamentável dizer, sua amada Roberta acordou morta. Além de traficante, ela era usuária de drogas e não resistiu à overdose. E assim, Evangelista ficou com uma gorda poupança, com a herança que deixou a sua amada. Vendeu a mansão, comprou um luxuoso apartamento bem no centro de Curitiba (Paraná) e, hoje, quando abre a janela de seu quarto para dar bom dia ao dia e, se depara com aquele dia horrível, com aquela chuvinha fina, sem graça, que não tem pressa de ir embora e, vê um miserável como ele, que já foi um dia, simpaticamente sorri, faz um aceno para o infeliz e vai socorrê-lo e, isto inclui até lhe pagar umas cervejinhas, por que não? A única coisa que aborrece Evangelista é esse papo de evangelho. Não insistam. Sem dúvida, Evangelista é um homem sortudo, gente.

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sexta-feira, 28 de junho de 2013

ENTRADA PARA OS CÉUS

Finalmente chegou o dia tão esperado por muitos habitantes da terra. O dia dos justos e fiéis, daqueles que tiveram vergonha na cara de não se juntarem com os lacraias, com a imundície implacável das bactérias humanas; daqueles que preferiram levar uma vida tranquila, pacífica do que uma vida desgraçada, sórdida, marcada e manchada pelo lamaçal do pecado; daqueles que não se misturaram com os vândalos e se livraram dos escândalos; daqueles que dividiram o pão com seus irmãos em comunhão e se absteram da prostituição, da corrupção da carne podre que fora lançada no lago de fogo e enxofre. Eis aí os vencedores, senhoras e senhores. Valeu a pena esperar por esse dia. Ficaram de fora todos aqueles que amam e cometem a mentira; os sem vergonhas, pedófilos e toda a espécie de tarados que deveriam ser linchados desde nenéns para aprenderem a serem homens e viver pacificamente em ordem. Olhem só quantos velhinhos barbados e tarados. Será que a vida não ensinou para essas fezes carnais que é só o amor que satisfaz? Olhem só que pouca vergonha das velhinhas e também das menininhas. Estão todas na fila do mundo moderno sem saberem que está indo direto para o inferno. Acabaram-se a agonia das Marias (e de outras também, é claro), a tristeza das Teresas; o pranto dos Fernandos, os gritos dos Vinícius, o bem bolado dos Leonardos, a astúcia das Lúcias, as risadinhas das Aninhas, a fofoca das Auroras e esse tal de ora que melhora. Chega de palhaçada no reino de Giré. Entrem todos sem frescura e provem do bolo que é de uva.
Sucedeu que, na fila dos fiéis para a entrada nos céus havia uma bicha, por sinal, muito bonita e, São Pedro, o porteiro, barra a sua entrada.
- Pode parar, mocinha. Aqui no céu não tem vaga pra você, não.
Nisso, um sujeito magrelão, de paletó e gravata, que já havia entrada no céu dá uma olhadinha para trás e tira um sarrinho assim diabólico, porém, discreto e, aquela bicha vai à loucura.
- Pode parar digo eu, Mona! O senhor deixou aquele linguição de bigode entrar, por quê? Aquilo ali, lá na terra dava mais que chuchu na serra, só que não era assumido. Olha só pra cara do sem vergonha, Mona!
O sujeito tenta se justificar.
- Mas fiz muitas caridades, senhor. Inclusive tirei muitos homens das ruas, os levei para meu sítio e os tratei com muito amor e carinho e, falei da palavra.
São Pedro olha para todos os lados iguais do céu e diz para aquela bicha.
- Pode entrar, mas, veja bem: pode parar, hein!
E assim, São Pedro, com aquele jeitinho brasileiro vai abrindo exceção para a multidão. Os anjos não gostaram nada disso porque o céu estava virando uma zorra e foram se queixar com Deus, o dono do céu e, isto inclui a lua.
- Senhor Giré, este povo que chegou aí está fazendo do céu um inferno. Ninguém quer saber de ouvir melodias angelicais de nossas harpas. Isto está nos deixando com muita mágoa.
Deus, o sábio dos sábios tenta acalmar os anjos.
- Meus filhos são gente boa e uma hora eles enjoam. Entrem na festa deles e libertem-se dessas amarras. Soltem suas francas, potrancas. E, depois outra: estou ouvindo esses hinos angelicais de harpas há milênios. Podem parar! Uma hora isso tinha que mudar, meu Deus!
E os céus vira num forró bodó da peste silvestre. Até o Diabo, os demônios e muita gente, mandaram o inferno pros quintos e caíram na alegria da folia. Como o coração de Deus é grande, especificadamente do tamanho gigante, perdoou a todos. Foi aí que muitos fiéis protestaram.
- Se soubéssemos que prostituindo, comendo goiabas bichadas iríamos também entrar aqui, jamais perderíamos nosso tempo com esse papo de louvor. Que horror, senhor!
- Pois é, de que nos adiantaram ter tanta fé? Passamos nossas vidas lá na terra, procurando ser certas; virgem feita Maria, ao passo que essas outras aí curtiram do bom e do melhor e estão no mesmo lugar que nós.
Deus, com total delicadeza, da uma porrada numa nuvem e diz:
- Amados, já facilitei meus dez mandamentos para vocês quando resumi em dois e, mesmo assim nenhum de vocês foi capaz de cumprir. Para me amar acima de todas as coisas e a seus próximos como a vós mesmos é preciso ter fibra. Sei que todos vocês, bons e maus são porras loucas, mas, não tem jeito: eu amo vocês demais. No meu reino não tem lugar para racistas e preconceituosos. Tudo isso são coisas de terráqueos. Olhem só os verdinhos chegando aí com Elis Regina: são seus irmãozinhos marcianos. Vamos todos dançar porras loucas. Só quero alegria para minha gigante família.

E assim, todos foram felizes para sempre e isto, também, me inclui.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A SORTE



Dizem que sorte tem quem acredita nela. Errado. Sorte não é uma dádiva, um dom, um conto, uma lenda, etc. Sorte é destino, fado, fatalidade. Crer ou não crer na sorte não faz diferença nenhuma. Ela existe e, pode estar ou não ao lado de uma pessoa. A sorte é mística e costuma surpreender seres humanos, independentemente de serem merecedores ou não.
Desde o início da raça humana, sempre foi assim: uns têm mais, outros têm menos e, alguns, nada têm. Nem todo sucesso é resultado de trabalho. Tem pessoas que muito poucos fazem e, como num passe de mágica, crescem, prosperam e, enfim, são bem sucedidas na vida, ao passo que outras trabalham a vida toda, se esforçam nos estudos, fazem variados cursos, porém, nada de extraordinário, de fabuloso acontece em suas vidas.
Diferente da fé, que é um dom, uma dádiva, a sorte costuma surpreender. Nunca se sabe quando, ao certo ela pode aparecer. A fé, lamentavelmente, costuma falhar, pois, muitos morrem com ela sem nunca alcançarem aquilo que tanto almejaram em vida.
Não existem segredos para se ter sorte em jogos de azar, nem simpatias, rezas, etc. A sorte não faz acepção de pessoas. Simplesmente ela aparece e pronto. Quem nasceu para brilhar na vida vai brilhar. Caso ao contrário, vai morrer com seus sonhos, porque deu azar em todo o percurso de sua vida.
Observe você que a sorte pode surpreendê-lo no amor. Digamos que você, aparentemente, é um velho careca, barrigudo e, literalmente falando feio e, de repente, uma linda mulher, digamos assim, um pêssego se apaixona por você. Espera aí! O que houve?! Você, além de careca, barrigudo, feio, ainda é pobre? Isso, meu anjo chama-se sorte. Com a saúde não é diferente. Tem pessoas que mal se alimentam, comem porcarias, bebem, fumam e, duram muito e, ainda assim, tem uma morte linda. Por outro lado, tem aqueles que nem carne comem, não bebem, não fumam jamais e tem uma morte estúpida tipo: um ataque fulminante ou um derrame cerebral e outros. Isso se chama azar, demônio.
Ninguém, absolutamente ninguém, pode saber como será o destino de si próprio ou de outros. Sem essa de dizer que o destino é a gente mesmo quem faz. A sorte é imprevisível e, pode apostar: ela realmente existe.

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quarta-feira, 19 de junho de 2013

AMIGOS DA CONCÓRDIA


João e José eram muitos amigos. Uma amizade tão perfeita capaz de confundir a perfeição e irritar até Deus, o Criador de tudo e, isto inclui o oceano pacífico. Eles se gostavam demais. O que?! Brigas? Nem pensar. Por causa deles muita gente entrava às tapas sim, mas, eles não. Faziam até boatos de que João e José tinham um caso, pois, aquela amizade era grude demais tipo cola no sapato ou chiclete na dentadura.
João tinha 40 anos e José também, era pobre e José também; era casado e José também. Enfim, ambos tinham muitas coisas em comum. Quando conversavam podiam esquecê-los. Só davam eles.
Sucedeu que um dia, João fez um churrasco em sua casa e, José estava lá, é claro e trouxe consigo sua esposa Josefa e seu filhinho Josefá, um molequinho perturbado por natureza.
Quem temperou a carne foi Joana, esposa de João. José achou aquela carne meio sonsa e comentou com o amigo João.
- Amigo João, você não acha que esta carne está assim mal temperada, sem sal?
João prova da carne e diz:
- Claro que acho, amigo José e, digo-te mais: está com gosto de borracha.
- Amigo João, está com gosto de borracha mesmo. Concordo com você. Isso é uma desfeita que sua mulher está fazendo pra mim, pra Josefa, minha mulher e pro molequinho abençoado Josefá.
- É uma desfeita mesmo, amigo José. O que você acha de eu dar uns tapas nela pra ensiná-la a temperar?
- Acho incrível, amigo João. Dê uns tapas nessa besta quadrada que eu vou fazer o mesmo com a minha que está rindo feita uma gralha no cio lá na cozinha.
E João enche de tapas o rosto de Joana, sua mulher.
- Aprenda a temperar, sua besta quadrada.
E José faz o mesmo com sua mulher Josefa.
- Está rindo de que, quina de calçada?
Josefá, o molequinho perturbado fica ligando e desligando a televisão até que consegue queimá-la e, João grita:
- Pare! Até quando você quer mandar e mudar minha vida? Amigo José, o demônio do moleque queimou a minha televisão.
José fica apavorado.
- Vichi! Queimou mesmo e ela tinha uma imagem tão bonita. Esse moleque é um demônio mesmo. Concordo com você.
- Mande ele pro inferno, amigo José.
- Vou mandar mesmo. Você está certo. Certíssimo.
- Eu sempre estou certo. Você não concorda comigo?
- Claro que concordo contigo, amigo João. Eu é que sou um infeliz, azarado e errado.
- Concordo com você amigo José. Pra ter uma mulher feia dessas, com um filho retardado e perturbado tem que ser infeliz, azarado e errado. Mas, você, apesar de corno é meu amigo.
- Pois é, meu amigo João, sou corno mesmo e mesmo sabendo que você também é, sou teu amigo.
- Amigo José, apesar de sua mulher ser feia como a risada do abutre, até que ela é boazinha na cama, sabia?
- A sua também é, amigo João. É feia feita à estria, mas, até que é jeitosinha.
- Amigo José, já mandou seu filho pro inferno? Olha só o que essa bactéria de goiaba bichada está fazendo com meus discos de Amado Batista.
- Pois é, amigo João. Ele está quebrando todos com os pés. O que eu faço com ele?
- Faça o que quiser, amigo José.
E José da um beijinho na cabeça de Josefá, seu filhinho perturbado.
- Não faz isso não, meu filho, mas, já que fez, fazer o que né?
- Amigo José, você tem uma paciência bonita com meu filhinho, né?
- Tenho justamente porque ele é teu amigo, João. Se fosse meu eu já teria mandado esse desastre para o inferno.
- E é?! Espera lá.
E João da uma surra da peste suada e salgada no molequinho Josefá.
- Fora do meu reino, pimenta.
- Isso mesmo, amigo João. Mande-o embora.
- Mande embora sua mulher também, amigo José.
- É claro. Suma samurai. Mande a tua também, amigo João.
E João manda sua mulher embora de casa também. E assim ficam lá, comendo churrasco e conversando. Que amizade grudenta, Sô! Creio que até os peidos destas criaturas tinham a mesma sintonia. Vai saber.


quarta-feira, 12 de junho de 2013

O CÃO MARICA


Marica significa homem afeminado, muito sensível. Isto pode ocorrer também com os animais? Acompanhem.

Marica era um cão da raça VL, literalmente falando, sem abreviações, porque isso é ridículo: um cão vira latas. Não tinha donos e, não era nem um pouco humilde. Se este frágil e impertinente animal tivesse raciocínio e pudesse falar como os homens, sem dúvida, diria que seu maior prazer era latir. Peraí! Mas, esse latir era protestar contra tudo e todos, principalmente com o Autor de sua vida.
Bastava um algodão cair no chão e Marica não deixava ninguém dormir. Esotéricos do mundo todo afirmam até hoje que este cão via seres ocultos e místicos; os espíritas estão convictos de que Marica via espíritos malignos e benignos também e, fanáticos religiosos (daqueles que queimam o microfone de tanto berrarem) juram que este cão via os demônios ou o próprio cão maior, seu superior, o Diabo.
Marica vivia mau humorado, talvez, pela vida insignificante que levava. Vai entender um cão, Marvin. Uma rotina estressante de não fazer nada social na vida, tipo tirar do bolso da calça uma nota de cem e comer filé de acém e por aí vai. Latir e ficar virando latas até quando? Que tipo de vida era aquela?

O interessante era que grandes cientistas do mundo inteiro e, isto inclui o Paraguai queriam entender o porquê de um orgulho de um cão. Marica, um animal fétido, franzino e feio, não queria ser adotado por ninguém. A raça homem para ele era a coisa mais horrível que podia existir. Não abanava seu rabo para ninguém. Sem chances. Marica, com todo o seu orgulho, revirava latas de lixos e escolhia para si o melhor. Com seu focinho gelado, separava filés de pescada, cabeças de galinhas, tripas de carneiro, etc. Se uma mulher caridosa do tipo Wilma de Barra do Sul, Santa Catarina, (protetora dos cães flagelados) jogasse no chão peixe tulipa com batatas cozidas, ele era capaz de sangrar a perna da coitada com seus dentes afiados.
Sucedeu que um dia Bull, um cão da raça Pitbull, cansado de tanto ouvir Marica latir, escapou da corrente, pulou o muro da mansão onde morava feita uma gata no cio e, até hoje não se sabe como é que ele conseguiu fazer isso e, pegou Marica no topo do morro da vila. Vichi! Bull, o cão pitbull lhe deu uma surra de dentes lascada, que por pouco não o matou. Ainda bem que Dul, a dona de Bull apareceu com uma varinha de marmelo nas mãos para terminar com aquela baixaria.
- Já pra casa, Bull. Pare de dar uma de gostoso, seu animal!
Meia hora depois, Marica, revoltado por ter apanhado protesta em latidos pertinentes e irritantes. Filho da pura excepcional vida! Será que esta praga de cão queria apanhar mais? Com seus latidinhos, certamente, quis dizer a todos os cães que apanhou de um cão folgado e que isso não poderia ficar assim.
Vichi! Sô de Souza ou qualquer coisa! Na vila Vinil, naquela noite ninguém mais dormiu. Do topo do morro, Marica ficou com seus latidinhos desafinados e irritantes incomodando até o sono dos pintos e de suas mães galinhas que costumam acordar cedo.
Vagner, um cão da raça Rottwailer abriu o portão cadeado do casarão onde morava e, até hoje não se sabe como é que ele conseguiu fazer isso e, subiu no topo do morro e deu uma surra da peste do leste em Marica. A polícia ambiental do reino animal doméstico foi acionada e, graças aos guardas heróis, Vagner, o cão da raça rottweiller foi preso por abuso do poder. Marica protestou e, digo mais: protestou muito. Seus latidinhos acordaram até os passarinhos, sem falar dos vizinhos.
Pelas três horas da manhã, Mã, uma cadela da raça pastora alemã, mansa feita uma veada bailarina sobe no topo do morro. Imaginem vocês o som clássico do bolero de Ravel na cena. Paixão à primeira vista?! O que?! O amor é lindo e quem disse que cães não amam? Mã parecia ser fã de Marica. Deu umas lambidas da hora no bichinho nervosinho que ficou calminho como um bebê bicho preguiça. Trocaram muito mais do que olhares e iniciou ali no topo do morro uma união que jamais poderia findar no inferno. Fizeram amor e foi só alegria. Mã despediu-se de Marica com um sorriso e uma lambida caninos e foi embora para a sua casa.
Passaram-se dias e Mã sentia muita azia e, Luzia Ávida, sua dona, constatou que ela estava grávida. Três meses depois nasceram lindos cãezinhos que foram gerados por Marica. Afinal, onde estava Marica que nunca mais o povo da Vila Vinil o viu? Mã subiu no topo do morro várias vezes com seus filhinhos para afinal apresenta-los ao pai Marica, mas, foi tudo em vão. Marica sumiu e, crentes fervorosos do mundo inteiro afirmam até hoje que ele foi arrebatado em espírito para o céu, porque o seu corpo nunca foi encontrado. Mã é uma cadela que tem muita fé. Ela acredita que, muito em breve, vai reencontrar com seu grande amor Marica. É o que todos esperam e eu também.

sábado, 8 de junho de 2013

A ARTE DE ARTHUR


A arte é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias formas, em especial na música, na escultura, na pintura, no cinema, na dança, entre outras.

Após seu surgimento, há milhares de anos, a arte foi evoluindo e ocupando um importantíssimo espaço na sociedade, haja vista que algumas representações da arte são indispensáveis para muitas pessoas nos dias atuais, como, por exemplo, a música, que é capaz de nos deixar felizes quando estamos tristes. Ela funciona como uma distração para certos problemas, um modo de expressar o que sentimos aos diversos grupos da sociedade.

Muitas pessoas dizem não ter interesse pela arte e por movimentos ligados a ela, porém o que elas não imaginam é que a arte não se restringe a pinturas ou esculturas, também pode ser representada por formas mais populares, como a música, o cinema e a dança. Essas formas de arte são praticadas em todo o mundo, em diferentes culturas. Atualmente a arte é dividida em clássica e moderna e qualquer pessoa pode se informar sobre cada uma delas e apreciar a que melhor se encaixar com sua percepção de arte.

Meus amados leitores de todo o Brasil e boa parte do mundo vão valorizar a arte, porque a arte é cultura. Tenho falado muito sobre o passado e, para mim, a verdadeira arte e seus artistas são imortais.

A modernidade de hoje parece não ter mais sentido. Hoje, qualquer débil mental compõe qualquer coisa, faz muito sucesso na voz de vírus musicais graças ao computador, pega fama e ainda ganha uma boa grana. Grande parte do povo não quer perder tempo em cultivar realmente aquilo que vale a pena.

Caso eu esteja mentindo ou dizendo abobrinhas como preferirem, dão uma olhada nas vovós lá do passado e depois olhem para as vovós de hoje. É uma comparação absurda, não é? As velhinhas do passado pitavam seus cigarrinhos de palha, fumo de corda e, falavam muito bonito; aqueciam os pés de seus velhos e o que realmente predominava era o respeito. E hoje? Têm velhinhas por aí até fumando maconha e, se bobear, até andando de skate. Para com isso, sô! Modernidade demais é isso.

Um retrato pintado em óleo sobre tela é como diamantes no sol que nunca envelhecem. É uma obra imortal, sem dúvida. Em meu blogger tem de tudo um pouco; só não tem lixo. Tenho a honra de apresentar a vocês parte do talento de Rubens, um homem que nasceu com um dom esplêndido. O mundo precisa conhecê-lo. Saibam vocês que todo artista, seja pintor, retratista, escritor, compositor, cantor, etc.; enxergam a vida de uma maneira diferente dos demais e, eu admiro isso, porque todo artista respeita a vida.

Prestígio, por exemplo, vocês sabem o que é?


Prestígio normalmente descreve reputação importância social, alta consideração e sólida reputação, está também relacionado ao reconhecimento por uma qualidade nata ou adquirida com o esforço da pessoa.

Bolo prestígio, por exemplo, têm vários, porém, o bolo prestígio de Lúcia é o único. Esta mulher conseguiu conquistar o mundo com esta sua criação fantástica. Que bolo gostoso, gordo!

Agora, vejam bem: porém, vejam e meditem no mais sublime dos pensamentos hereditários de seus pais, avôs, bisavôs, tataravôs ou não, o que é a arte de pensar, agir e fazer.

O cérebro de um nenê é como um miolinho de pão molhadinho pelas babas de um cão. Não pense vocês que tal cérebro não raciocina. Engano, amados. O bichinho do nenê solta um peido e, automaticamente, ri, e, vocês sabem por quê? Porque peidar é extremamente natural. Tudo aquilo que é natural é arte e não adianta vocês discutirem comigo. O que não é natural é o sujeito segurar ou acumular tal gás dentro de si e sair gritando ao mundo que não peida. Toma juízo e tome cuidado como diz o grande e inimitável artista Zezé Di Camargo.

Soltar um preso, ou seja: aquilo que está preso é só alegria. Ninguém vai curtir uma prisão e muito menos uma prisão de ventre. Aquele que peida vive mais, sem dúvida. Vocês não devem se envergonhar desta mais sublime e singela verdade. Tudo o que existe consiste em gás e isto inclui o peido, que, que embora não aceito pelas centopéias, escorpiões e borboletas saem do ventre até das ninfetas e princesas. O peido de uma égua, por exemplo, exala pura relva e, quem é que não gosta de um cheirinho de relva?

Então, amados, quero que vocês conheçam a arte de Arthur, porque eu ainda não conheci. Dizem que ele era um menino muito arteiro, ou seja: fazia muitas artes e que, sua avó Artrose lhe batia muito. É só. É tudo o que sei. Hê, hê. hê, hê, hê.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

VEM AÍ "O CHINA"


DR. BOA



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quinta-feira, 6 de junho de 2013

MÍDIA


Mídia era muito linda. Todas as pessoas de bom senso, de bom gosto gostavam dela. Era agradável, prática e objetiva, dona de uma voz suave capaz de conquistar o mundo todo.
Mídia escrevia lindos poemas, poesias, versos, composições e, juntava tudo e fazia belíssimas músicas que encantavam a todos. Sim, até mesmo as crianças gostavam dela.
Graças a Mídia, era prazeroso ligar um rádio ou uma TV e ouvir músicas de qualidade, agradáveis ao espírito. As pessoas falavam uma linguagem diferente e, se amavam mais e o amor, sem dúvida, era excepcional.

Mídia era tão marcante que influenciava a galera das Universidades a curtir aquilo que tinha sentido, nexo. Era tão bonito ouvir o diálogo de um casalzinho apaixonado falando de composições de grandes monstros sagrados da falida ou quase falecida MPB. Pois é, isso é das antigas.
Mídia, lamentavelmente caiu numa fossa e, eu diria mais: ela caiu foi num lamaçal de carniças fétidas e quase se afogou. Depois dessa queda nunca mais Mídia foi a mesma. Tornou-se fedorenta, asquerosa e horrível e, mesmo assim continuou a ser amada por todos aqueles que gostam e curtem um fedorzinho.
Mídia já não fala mais o que tem nexo e suas apologias ao sexo, as bebidas, não têm o menor sentido, porém, os tarados e bêbados, que são muitos, aplaudem esta imundície.
Mídia envelheceu e não tem saudade de sua mocidade. Ela era tão linda. O negócio dela agora é paranoia na cabeça dos nóias. Ela está em todos os lugares. Creio que até os peixes no fundo do mar estão curtindo essa desgraça. Talvez, ela não esteja no inferno, porque sempre acreditei que o Diabo tem bom gosto como eu e muitos.
Fazer o que, não é? Nas antigas não havia CDS e para o sujeito comprar um vinil era muito caro. Hoje, o sujeito compra CDS com poucas moedas graças a pirataria e leva pra casa cada moda porcaria que é foda. Mídia contagiou quase todos e tudo, menos eu e a todos aqueles que têm bom gosto, é claro.


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quarta-feira, 5 de junho de 2013

O SUICÍDIO DE UMA BORBOLETA


Borboletas vivem em média de duas semanas a um mês. A borboleta monarca pode chegar a viver nove meses.
Voava triste e cabisbaixa uma linda borboleta deprimida. Ela estava cansada da vida que levava. Voar e pousar nas flores dos jardins estava sendo muito rotineiro para ela. Então, aquela borboleta, decididamente pensou em despedir-se da vida.
Subiu voando até o terraço de um edifício, (não se sabe até hoje como é que ela conseguiu fazer isso) rezou muito e depois pulou. Só que ela não morreu não. Automaticamente, no que ela pulou, suas asas abriram-se e ela voou. Assim, ela descobriu que este método de pular para quem tem asas pode fracassar para muitos bichos voadores.
Aquela borboleta pousou bem no meio de uma avenida bastante movimentada, mas, os carros desviavam dela, no que ela ficou muito zangada: “Por que é que essas bestas gostam tanto de borboletas?”.
Os dias foram se passando e aquela borboleta foi tentando vários outros métodos de suicidar, mas, não teve jeito. Fracassaram todos e ela continuou vivinha. Nem sequer os sapos queriam engoli-la.

Num domingo de manhã ela avista um casal simpático batendo palmas num portão. Aquela borboleta teve uma brilhante ideia e, conseguiu pôr fim a sua vida. Morreu esmagada entre as palmas gordas de Josefá uma testemunha de Jeová. Que borboleta bobinha, né Sô?

terça-feira, 4 de junho de 2013

O PROFESSOR DE VIOLÃO


Jeocrésio era um sujeito feio, desocupado que não prestava pra nada. Seus pais Jeová e Jesusa tinham pena desta criatura, porém, nada mais podiam fazer por ele. O camarada, sem querer, assustava as crianças, as meninas e, enfim, aquilo não era um ser. Era um parecer com tudo de feio e horrível que alguém pode ver para crer.
Sucedeu que um dia, seu amoroso pai Jeová lhe deu um violão de presente.
- Distraia um pouco, meu filho. Fique em seu quartinho treinando que, um dia, você será útil na vida. Será um grande mestre. Até o músico Djavan será o teu fã.
E Jeocrésio ficava horas e horas em seu quarto querendo descobrir o segredo de dominar aquele instrumento de seis cordas. Vichi! Os vizinhos já não estavam mais suportando aquela desafinação total, porém, os pais daquela criatura tentavam controlar tal situação.
- Mais um pouco de tempo e nosso filho será um rei. Tenham paciência, amados.
Seis meses depois, Jeocrésio surpreende seus pais.
- Papai, mamãe! Já posso dizer que sei tocar.
Jeová ficou tão feliz em ver a alegria do filho amado que colocou um cartaz dos grandes bem de frente a sua casa que dizia: “AULAS DE VIOLÃO É AQUI”.
Seres humanos, na regra geral, adoram uma música e, aprender a tocar com um mestre, quem não quer? Muitos ignoraram a feiura de Jeocrésio e partiram para os finalmente.
Denise, uma linda médica veterinária queria aprender a tocar e procurou por Jeocrésio.
- Jeocrésio, meu sonho é tocar e cantar as músicas de Caetano Veloso. Tenho chance de aprender?
Jeocrésio, por pouco não deixou escapar um peido, pois, tocar Caetano Veloso não é brincadeira. O cara é um dos músicos mais conceituados do mundo. Jeocrésio ficou pálido, mas, até que se saiu bem.
- É relativo. Para chegar a tocar Caetano você tem que começar de baixo. Bahia de baixo entende? Concentre-se apenas no lá maior e mi maior. Com essas duas notinhas você poderá tocar milhões de musiquinhas.
O que?! Denise nunca mais voltou lá na casa de Jeocrésio porque percebeu que ele não tocava nada.
Outro dia, apareceu em sua casa um peão sertanejo de bom gosto, por sinal.
- Jeocrésio, adoraria aprender a tocar as relíquias sertanejas. Veja bem: falo daquelas sertanejas raízes tipo Belmonte e Amaraí, Liu e Léo, Lourenço e Lourival e outros.
Jeocrésio amarelou-se, pediu licença e, educadamente soltou um peido.
- É relativo, meu senhor. Para tocar essas relíquias sertanejas tem que aprender primeiro o básico, entende? O que é o básico? Lá maior e mi maior são o início. Esqueça-se do sustenido.
Aquele peão sofridamente aprende o lá maior e o mi maior e não aguenta mais cheirar tantos peidos fedidos que, educadamente diz a Jeocrésio:
- Um dia eu volto para aprender o sustenido.
O que?! Aquele peão sertanejo nunca mais voltou. Jeocrésio não sabia tocar nada, Sô!
Outro dia, apareceu na casa de Jeocrésio um boy surfista e o barato dele era aprender a tocar reggae. O que?! Quando o boy percebeu que daquele rec rec jamais chegaria a reggae caiu fora.
Coitado de Jeocrésio; Ele queria apenas agradar, ser útil na vida como o pivete de Chico Buarque, o desabafo de Roberto Carlos, o oceano de Djavan, os canteiros de Fagner e outros. Estava ao ponto de suicidar-se quando seu pai Jeová, amoroso como uma amora em caldas, teve uma ideia: pegou seu filho amado pelos colarinhos, deu-lhe uns tapas no ouvido, puxou-lhe pelos cabelos e o levou de frente a uma universidade.
- Você vai ficar aqui tocando tudo aquilo que lhe vier na cabeça, meu filho. Você ficará famoso nem que seja na porrada.

O que?! E não é que o pai Jeová estava certo? Jeocrésio só não conquistou o mundo todo porque nem Jesus Cristo conseguiu isso, mas, pelo menos, a metade da população ele ganhou. Cito Jeocrésio. A criatura está hoje na mídia e vende CDS até na China. Ele ainda espera na promessa do pai Jeová de que um dia até Djavan será o seu fã. Eu morro e ainda assim, não vejo tudo, viu Sô! O gosto da população está meio doentinho, né?

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A REVOLTA DE UM VEADO


Cherrí era um veadinho delicado, porém muito revoltado. Ainda adolescente teve o desprazer de ver Jubão, um leão feroz e malvado comer sua mãe, seu pai e seus irmãos. Cherrí conseguiu escapar de Jubão, senão, seria comido por ele também.







O veadinho Cherrí vivia tristinho na selva, nem mesmo dormia tranquilo, porque temia ser atacado por Jubão, o leão comedor.


Cherrí conheceu Chaninha, uma veadinha muito linda e ambos deram início a um romance.

Sucedeu que um dia, Cherrí e Chaninha trocavam carícias na selva quando avistaram de longe Jubão, o leão danado. A donzela Chaninha ficou apavorada.
- Que leão grande! Se ele nos pega vai nos comer. Proteja-me veado Cherrí.

Coitado de Cherrí! Não tinha como ele proteger sua amada e muito menos a si próprio. Correu mais do que uma avestruz mocinha e, de longe, com seus olhinhos rasos d’água ficou assistindo Jubão comer Chaninha.
Cherrí estava deveras muito, mas, muito revoltado mesmo. Tudo o que mais queria era se vingar de Jubão, o leão folgado. Deitou-se no mato e resolveu dar um cochilo, pois, estava muito cansado.
O que?! Essa não! Deu de cara com uma cobra macho daquela bem grande e grossa e ficou apavorado.
- Não me coma, por favor.
Maguila, a cobra macho ficou com pena daquele frágil veadinho.
- Fique tranquilo veadinho. Procuro uma carne com mais substância.
Cherrí teve uma ideia maldosa.
- Cobra, eu sei onde mora um leão que é forte, másculo, saudável e, pior: ele é muito folgado. Só ele quer comer. O miserável comeu toda a minha família e, por fim, ainda comeu minha namorada.
- Onde mora esse leão folgado?
- Na selva.
A cobra macho Maguila se zanga.
- - Estamos na selva veadinho. Onde é que está este leão comedor?
Cherrí leva Maguila, a cobra macho até a toca de Juba e, vichi! Maguila deu um bote só em Jubão que chorava de pura dor e clamava.
- Não me coma não! Não me coma não!
Cherrí rí feita uma hiena nenê.
- Bem feito pra você, seu leão comedor.
Pois é, Jubão foi comido mesmo. Não teve outro jeito. Cherrí correu pela selva feliz da vida e ficou ainda muito mais feliz como seu amigo touro chifrudo quando se encontrou com Chaninha. Ficou sem entender.
- Amor, Jubão não te comeu?
E Chaninha diz toda feliz.
- Veado Cherrí, ele queria apenas fazer um lanchinho, bobinho.
- E é?
Sem o comedor Jubão na área tudo ficou melhor. Cherrí e Chaninha foram felizes para sempre.


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PAPO DROGADO


É evidente que uma pessoa chapada de drogas na cabeça não tem um diálogo agradável. Delira nas ideias, viaja em pensamentos absurdos num mundo ilusório criado por ela mesma. E aí, fica aquele assunto vago, sem nexo.
Chico Lobo era um cara louco, porém, não rasgava dinheiro e também não comia bosta. Não era agressivo, mas, era capaz de tirar a paz de cães e cadelas fiéis e honestos da vila onde morava. Queimava uma erva, não a daninha, mas, a danada e, ficava conversando com a lua feito um débil mental. Bastava Chico Lobo passar pelas ruas e a cachorrada já protestava. Muitos cães e cadelas pais de famílias se enfartaram e, nos atestados de óbito fora comprovado que era de pura raiva.
Lúcia Pura era uma santa até se envolver com Chico Lobo. O único vício estranho da menina donzela era roer as unhas dos pés com sua boca. Tirando isso, Lúcia Pura estudava a Bíblia com as testemunhas de Jericó e boa. Pois é, a menina se envolveu com Chico Lobo, começou a queimar ervas e aí o barulho na vila se multiplicou.
Muitas velhinhas cito aquelas fofoqueiras que adoram uma janela, morreram sem saber como é que Chico e Lúcia sobreviviam, pois, eles não faziam nada, absolutamente nada de concreto na vida, exceto perturbar a paz dos inocentes.
Certa noite, o casal chapado viajam num assunto que, como dizia a crente Maria: Só pela misericórdia de Deus. Lúcia Pura lia a Bíblia, quer dizer: ria das letrinhas. Chico Lobo, muito louco pergunta:
- Está lendo o livro de Genésio?
- Ainda não cheguei lá. Estou em Gênesis.
- O barato mesmo é o livro de Júnior, pode crer!
Lúcia pura discorda:
- Júnior? Júnior não escreveu livro nenhum da Bíblia.
- Não?!
- Júnior escreveu o alcorão.
- E Jesus? Não escreveu nada?
Lúcia Pura sorri:
- Só escrevia na areia pelo que estou sabendo.
- Pô meu, pode crer! Que viagem foi aquele barato de fazer a água virar vinho?
- E a multiplicação dos pães e dos peixinhos?
- Será que já vieram fritos?
- Vai saber, né?
Chico Lobo e Lúcia ficam observando uma mosca voando, até que a coitada cai de corpo e alma num panelão de sopa. Chico Lobo da uma risada diabólica.
- Chapada pra caracas essa mosca, pode crer!
- Teve uma morte bonita. Morreu na fartura.
De repente, sobe pela parede uma barata e Lúcia Pura diz:
- Olha outra louca lá. Para onde será que ela está indo?
- Provavelmente numa reunião dos tomates. Olha só as antenas dela. Estão captando alguma coisa.
De repente, Chico Lobo e Lúcia Pura ouvem tiros diversos e, por instantes, parece que o efeito daquela droga passa. Ouvem mais tiros e se ajoelham e choram. Seria os traficantes? Seria a polícia? Ouvem mais tiros. Oram e choram. Ouvem mais tiros. Acalmam-se quando ouvem o plim plim. A TV estava ligada na Globo e o filme era de bang bang.
Chico Lobo da uma gargalhada.
- Caracas! Até a Globo está tirando uma com a gente, cara! Muda de canal. Bota no Gugu.
Pois é, não tem jeito. O papo drogado é assim mesmo. Que absurdo, Sô! Livro de Genésio? Livro de Júnior? Júnior escreveu o alcorão? Peixinhos fritos? Mosca que morreu na fartura? Barata indo pra reunião de tomate? Bota no Gugu? Pode parar! Internem estes loucos.


GENTE DA CAVERNA ( O TESOURO)



Há muito tempo atrás, cito uns 500 mil anos, as pessoas da terra viviam em cavernas e eram semelhantes aos bichos selvagens, porém, havia no coração de muitos, sentimentos humanos, até então, não descobertos pelo homem, como o amor, por exemplo.




Rocha, uma velha marcada pelo tempo, tinha um corpo sofrido, surrado, porém, saudável. Vivia numa caverna com sua filha Cavernosa, sua neta Pedreira, casada com Cavernildo e seus bisnetos Pedreirinho e Rochinha.

A velha Rocha comia ovos de Águia, tomava prazerosamente sangue de tartarugas e muita água de coco. Talvez este era o segredo dela ser assim tão saudável.
Sucedeu que um dia, a velha Rocha sentiu um renovo tão forte dentro dela que quis explorar isso.


Vê Pedreira tão bem mais jovem do que ela (é claro), se entregando de corpo e alma ao marido Cavernildo, e sente um desejo assim tão quente e molhado que não resiste: ataca seu bisneto Pedreirinho que brincava com uma macaquinha adolescente.

 - Sai pra lá, imundície dos infernos! Não enxergas que sou apenas um menininho? 


Vou falar para o meu pai te expulsar da caverna, sua velha tarada.

A velha Rocha não estava mais suportando aquele desejo assim tão estranho que sentia. Atacou Cavernildo e acabou levando uma cabaçada de pau de Pedreira, a neta mal criada.
- Extrume de ferro, não te enxergas que seu tempo de brincar com bonecos já passou? Vai voar com os abutres, carniça!
Coitada da velha Rocha. Ela queria ser amada como nunca fora. Ficou por um bom tempo isolada num canto, desprezada por todos os de sua família. Caiu assim num sentimento, que hoje chamamos de depressão. Antigamente era falta de pressão, sei lá.
A velha Rocha começou a fazer coisas estranhas tipo: sentar nua no pepino verde, porém maduro, descascar mandiocas com os dentes, enfim, a velha Rocha ficou louca e, para a alegria de sua família, desapareceu da caverna levando um saco de pano com todas as suas traias.
Nas andanças da velha Rocha, ela avista de longe um homem tão bonito, mas, tão bonito que, acaba beliscando sua própria bunda para certificar-se de que aquela visão não era apenas um sonho. Aproxima-se do homem que estava deitado num gramado, pensa em atacá-lo, porém, usa uma tática diferente que costuma dar certo até nos dias de hoje:
- Olá! Tudo bem?
Quando aquele homem bonito vê aquela velha, se assusta.
- Não me mate, pelo amor de Deus!
- Não mato ninguém não, mocinho lindo. Ainda mais o amor da minha vida.
- Amor da sua vida? Sai fora, vovó! Não sou amor da vida de ninguém.
A velha Rocha chora.
- Por que será que todos me olham como se eu fosse uma barata velha aposentada? Pôxa vida! Eu tenho sentimentos. Meu coração não é de pedra.
Aquele homem fica com pena da velha Rocha, mas é direto.
- Minha senhora, é comovente o seu choro, mas, encare a vida por outro lado. Seu tempo já passou. Eu, por exemplo, sou jovem, nem sei como vim parar aqui, mas, sei por que aqui estou.
- Por que está aqui?
E o homem desabafa:
- Procuro um tesouro que vale milhões. Muitos milhões.
A velha Rocha tira do seu saco de pano um lindo tesouro.
- Acaso é este tesouro?
Os olhos daquele homem brilham feitos diamantes.
- É este mesmo! Meu Deus! Eu quero! Eu quero!
A velha Rocha guarda o tesouro no saco de pano.
- Há séculos venho guardando ouro, prata, ágata marinha, ametista, espineta, granada, topázio, ônix, diamantes e outras e, eu te pergunto: pra que? De que me vale tudo isso? Nunca fui amada por ninguém.
Aquele homem interesseiro toca nos ombros da velha Rocha.
- Da para mim este tesouro?
A velha Rocha sorri:
- Tudo tem um preço, nenê. Achas que sou burra?
- Que preço é este?
E a velha Rocha desabafa:
- Quero que me ames assim da cabeça aos pés, só por uma hora. Depois, pode ir embora e levar contigo este tesouro.
O homem não podia se conter de tanta alegria. Olhou para o céu e deu um grito tão alto que, sem dúvida, acordou muitos anjinhos nenês.
- Obrigado, meu Deus!
Deu um beijo de língua na velha Rocha e uns amassos deixando-a louca de vez. Tirou a casaca da velha, acariciou seus seios muchos e caídos, beijou-os, lambeu-os e chupou-os e a velha delirava de tanto prazer.
- Beije, lamba e chupe meus pés, chuchu!

Que castigo dos deuses! Aquilo não eram pés. Pareciam cascas de batatas podres em conserva no inferno. O que um homem não faz por um tesouro, meu Deus? Enfim, vamos respeitar as crianças. Aquele homem teve um relacionamento completo com a velha Rocha e ela cumpriu com o prometido: deu-lhe o tesouro e o homem saiu cuspindo, pulando e correndo, talvez de alegria, sei lá.
A velha Rocha volta satisfeita para a caverna e sua família a recebe de paus e pedras nas mãos. Sua filha Cavernosa pergunta:

- Onde está a caixinha de pedrinhas pintadas de Pedreirinho e Rochinha, mamãe sacana?


Vichi! A velha Rocha levou uma surra danada que, por pouco não morreu. Aquele tesouro era apenas uma caixinha de pedrinhas pintadas.




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