terça-feira, 9 de abril de 2013

MENTE DOENTE


A vida, sem dúvida, revela às vezes, surpresas inesperadas para qualquer um de nós. Lamentavelmente, nem todas as histórias têm um final feliz. Há aqueles que passam a vida inteira sonhando e, quando acordam dão o último suspiro da vida e morrem. Por outro lado, tem aqueles que nem sonham e, tudo o que fazem na vida, da bons resultados; colhem frutos que nem sequer plantaram. Assim é a vida.
Victor era um sujeito ignóbil, mas, almejava mudar de vida. Era loquaz e atraía muita gente com sua lábia, nem sempre mentirosa. Desempregado, sobrevivia de sonhos, acreditando que um dia seria “alguém” na vida. Iludia a todos a sua volta, inclusive a si próprio. Desde pequeno tinha aptidão para as artes, em especial, a música e a escrita.
Envolveu-se com Rose, uma jovem bonita e, ambos, literalmente fodidos, se casaram e, passaram a morar na humilde e aconchegante casa de aluguel de Dona Rosa (mãe de Rose), uma pobre diarista doméstica que ganhava pouco, porém, deste pouco, cobria as despesas como aluguel, luz, água, comes e bebes, cigarros para ela e, o casal de vagabundos que passavam o dia inteiro coçando; não planejam nada de concreto para garantir um futuro melhor para eles.
Com o passar do tempo, vieram os filhos e, a saúde dos “vagai” era boa, pois, vieram à luz quatro filhos. A velha Rosa, com as mãos calejadas de tanto torcer roupas, ficou preocupada, é claro, mas, por outro lado, sentia um carisma pelo genro Victor que só Freud explica.
Victor começou a se coçar com mais profundidade e partiu para a boemia. Ele achava que nas noitadas, encontraria soluções para os seus problemas. O vagabundo chegava em casa pelas madrugadas, às vezes, pelas manhãs, sempre bêbado e maltrapilho, muitas vezes, com manchas de batom na blusa e mordidas femininas no pescoço, mas, sempre com um pacotinho de linguiça nas mãos, às vezes, uns torresminhos e uns Kinder ovos para seus filhinhos. O pior era que o miserável, fodido e mal pago ainda brigava com sua ingênua mulher que já não tinha sequer, forças para soltar um peido. A jovem Rose caiu numa depressão ferrada, mas, ainda assim, encheu-se de gás, soltou uns peidos e lavou as meias e as cuecas de Victor, porque tinha esperança de que aquele crápula, bunda mole, ordinário, parasita e sem vergonha, um dia, seria um homem de verdade na vida. Espera pra ver Rose: um dia verás e digo-te mais: ou nunca verás.
Victor passou a pedir auxílio nas igrejas em geral, porém, não quis levar Jesus em sua mochila e, por isso, se deu mal. Vendo ele que não tinha mais saída, deu um perdido na mulher, na cunhada que provou, na sogra que lhe sustentou e nos seus quatro filhinhos que adoravam ouvir suas lindas historinhas. Sem vergonha! Não te arrependes não, demo? Peraí Pererê Culamba! Sua intenção era voltar um dia e reverter este quadro miserável, sô! Tudo isso rolou em Joinville, Santa Catarina.

Victor chegou à capital paranaense com cara de choro e abordou diversas igrejas evangélicas e, desta vez, sem lábia mentirosa. Disse que sua mulher e filhos estavam sendo ameaçados pelo proprietário da casa que queria receber o aluguel e essas paradas todas. Não lhe deram nem umas moedas para o café. Victor fez de tudo e mais um pouco, só não roubou, porém, nada conseguiu fazer por eles. Aí danou-se de vez.
Conheceu uma aeromoça gaúcha na rodoviária de Curitiba e, a loura gostou tanto dele que fez questão de cancelar sua viagem, lhe pagar um café amargo pra curar a ressaca do bêbado e, uma noitada num excelente hotel. Vixi! Ficaram lá três dias! Como o amor é lindo, gente! Victor ficou tão gamado por Glauce que lhe abriu o jogo, após relações quentíssimas de puro prazer, tchê!
- Gata linda, sou casado e tenho quatro filhos, porém, pretendo separar-me dela, mas, nunca deles, compreendes?
Glauce, uma gaúcha porreta, inteligente feito o cérebro da peste, sorri e diz:
- Báh tchê! Não quero ser tua amante, compreendes? Quero que tu sejas meu homem e eu a tua mulher.
Não deu outra: Victor juntou suas forças, soltou um peido daqueles bem achocolatados e foi para Joinville solicitar a sua formosa e sofrida mulher Rose a separação de corpos. O quê?! Por pouco Rose não lhe sentou uma cadeirada em sua cabeça. Depois que teve relações com Rose, o cara de pau rota, deixa escapar alguns peidos acumulados, sorri sem graça e diz:
- Pois é, Rose! Escapou. Encontrei Glauce, a glicose da minha vida e depois de muitas andanças entre o Paraná, fomos para o Rio Grande (terra dela) e lá ela ficou grávida de mim.
Um tapa na cara foi pouco, não é, Victor? Rose ficou furiosa:
- Depois que deitas comigo e me zoa legal, tu me diz isso?! Traístes a mim e também a ela, seu animal! Pule imediatamente da minha cama.
Com cara de bunda magra, Victor lhe diz:
- Pois é, né?
Fazer o que, não é? Glauce grávida de Victor ria o tempo todo de tão feliz.
- Estou grávida de tí, tchê! Hê, hê, hê, hê!
Foram dar uma passeada pelo Rio Grande, Glauce fez a cabeça do pai que lhe soltou uns dólares nas mãos e boa. Agora era só alegria. Victor leva a loura pra São Paulo, toma umas geladas com ela e, hotel pra cá e preá lá, alugam um ap, depois, conseguem um empreguinho pra sustento e, Victor não gostou nada dessa ideia. Queria viver só de suga, sô?
Eta, gaúcha da serra serrada pelada, tchê! Teve sorte de se embuchar de Victor, aquele que lhe deixaria uma rica herança. E deixou mesmo, sô! Nasceu uma menina tão inteligente que já veio com os olhos abertos. A moleca escreve desde poema até histórias bem boladas diversas; é bloguista e curte gêneros musicais porretas como seu papi. Só que ela tá aborrecida com seu papi, viu? Ferdinanda é o nome da fera.
Os avós de Ferdinanda moravam lá pras bandas do Rio Grande, tchê! Queriam conhecer a netinha e, a mãe Glauce foi até lá. Vixi! Quando voltou para Araraquara-SP, Victor já estava longe. O que é que deu na cabeça dele? Voltou pros braços de Rose, sua primeira mulher e os filhos pularam feita as pulguinhas de tão alegrinhos que ficaram. Só que a união do retorno não deu certo, infelizmente. Victor e Rose brigaram feio e danou-se tudo. Desesperado, sem ter onde descansar sua bunda, Victor volta para Curitiba, depois vai para São Paulo, escreve lindas cartas para sua amada Glauce do Rio Grande do Sul, mas, nunca mais teve retorno.
Nos botecos da cidade de Jundiaí, interior de São Paulo, Victor conhece Vivana, uma garçonete loura, bonita e grávida. Trocam olhares maliciosos e decidem morar juntos. Foi tudo muito rápido, sô! Victor e Vivana viviam entre tapas e beijos e, foram parar lá pras bandas de Santa Catarina, terra de Rose, sô! Nasceu Luizinho e, Victor orgulhoso o registrou como se fosse seu filho mesmo.
O ciúme de Vivana era tão grande que, por pouco não terminou em tragédia. Rose e as crianças foram dar uma passeada na casa de Victor, bem quando Vivana estava na maternidade. Danou-se tudo. Quando Vivana voltou da maternidade com Luizinho no colo e soube que a bunda de Rose sentou em sua cama (ou seja: na cama deles) o pau se fechou de vez. A baixaria foi tão grande que se separam. Vivana, furiosa joga todos os trapos de Victor pela janela.
- Suma da minha vida, seu verme! Volta lá pra tua mulher.
Vixi! Victor foi é pra São Paulo, capital e, não demorou muito, Verônica e Luizinho foram atrás dele. Como foi difícil localizar Victor, Vivana friamente dá um perdido em Luizinho, deixando-o na casa de uma tia anônima. Perdeu a guarda da criança pra deixar de ser trouxa, bunda furada. Procurou Victor por ruas, avenidas, por todos os lugares e, pensou: ele deve estar pelos bares. Não deu outra: a loura era meia adivinha, sô! Encontrou seu amado num porre da porra num boteco da Vila Arens, em Jundiaí-SP. Como o amor é lindo e também muito sem vergonha se uniram de novo, alugaram uma casinha e não demorou muito nasceu uma linda menininha, que é a preferida de Victor. Essa ele ama demais. Rananel é ela: mais uma herdeira dos bens espirituais de Victor.
Quando algo não tem que dar não dá mesmo. Não adianta insistir. Victor e Vivana se separaram e cada um foi para um lado.
Até pouco tempo, Victor lutava com uma senhora depressão e, ao mesmo tempo conseguia fazer milhares de pessoas sorrirem, devido a suas escritas, sempre bem boladas. Alguns filhinhos revoltados com ele, agora já crescidinhos deixaram mensagens de deboche e provocações via internet e, isso fez com que Victor perdesse o tesão de escrever. Procurou o demonismo e falou com o próprio Diabo:
- Um dos meus filhos me mandou esta mensagem no meu Facebook: “Honre ao menos o pinto que você tem no meio das pernas”. Nunca lhe dei nada, senhor! Sacrifico meu sangue pra ti em troca disso. Faço um único pedido pra ti.
Dias depois, Quiabo seu filhinho metido a europeu recebe uma caixa via Sedex e, dentro dela, uma cabeça, um pênis e um bilhetinho que dizia assim: “Boa sorte na vida, meu filho. Lamentavelmente, não tive a mesma sorte que você na vida. Como não fui capaz de honrar meu pênis e sempre tive uma cabeça desajuizada, resolvi presenteá-lo. Caso não queiras guardar no freezer de recordação, dê de presente aos abutres. Adeus!”

Dr. Boa responde:

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