quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O GRUDE






Anestésio e Anestésia realmente nasceram para ficar juntos e, mesmo que morram, ou, desencarnem, segundo os espíritas, ficarão eternamente juntos, pois seus nomes já estavam escritos nas estrelas e, o encontro aqui na terra, não foi por acaso.
Pensem num amor grude. Pensaram? Chiclete cola, corega, carrapato, perdem feio pro grude dessas criaturas. Se eu vivesse mais duzentos anos, jamais, encontraria um amor assim tão grude feito o desses seres.
Anestésio é de baixa estatura, físico desengonçado, d ‘estruturado, assustador, terrível. O sujeito é analfabeto, sem modos, peida e rota em público e, ainda ri feito um retardado.
Anestésia é uma espécie de rascunho do caos do inferno. Feia que dói a alma de uma indefesa barata querendo dizer em agonia que ela não sai cara.
Que amor é esse Giré dos giros, gira sóis, girações, gerações e de tudo o que gera? Será que a perereca pularia no saco do sapo por amar os sapinhos? Será que a cobra precisaria de um rabo? Pensem num ser de braços, mãos, pernas e pés amputados. Pensaram? De repente, vem uns bichinhos e bicha a goiaba. Irmandade, coceira é piedade, tem que coçar. Assim é o grude do amor de Anestésio e Anestésia. Um nasceu pro outro e não adianta. O chulé, por exemplo, não existe nada, absolutamente nada que ele mais admire do que os pés. Ele e sua equipe ficam puto da vida quando os sujeitos passam creminhos, pomadinhas, etc. A vida deles (vírus do chulé) está nos pés. Eles podem até morrer numa lavada, cremada ou pomadada, mas, eles voltam. Bobeiam pra ver.
Pensem numa bunda. Pensaram? Pois é: a bunda de Anestésia é demais, capaz de abastecer bilhões de vermes parasitas que ficam às escondidas no interior do vaso sanitário esperando massas suculentas de infinitas sustâncias com suas linguinhas fininhas.
Anestésio e Anestésia se amam de tal forma que se anestesiam. Peraí! Não usam drogas, não! É suor de boca, de língua, de hálito, de tudo. Na hora do “lambe boca”, a paixão, o amor grude, se revelam. Miudinhos de lasquinhas de frango ou galinha, carne cozida, frita ou assada saem na risada demoníaca do bafo grude. Que porquice, mãe de toda a imundície! Imaginem vocês, carnes mastigadas prontas para caírem no estômago da miséria ser trocadas nas bocas imundas. Isto é escatológico demais!
Ambos se casaram e, por sorte das crianças, não as tiveram. Deve ter alguma coisa errada no interior desses seres que não produzem genes. Mas, eles não estão preocupados com isso. O que realmente importa para eles é o “Love me tender”, o “Meteoro da paixão”, o “Chá, chá, chá do chun, chun, chun, pega lá dá cá que eu te dou mais um”.
O casal vive de uma energia “amorítica”, de um “lambe bocas” daqueles de limpar os fiapos de carne que ficam nos vão justíssimos dos dentes. Eles não se beijam. Eles se lambem. Isso é um escarro cuspilar que só pela misericórdia das línguas.
Anestésio adora quando encontra em suas refeições cabelinhos de Anestésia. Ele come com prazer e, ainda baba feito um louco e diz: “To comendo teu cabelinho”. Ela também adora os pelinhos de Anestésio, porém, ela arranca-os com seus dentes. E, o macaco perde pra ele na quantidade de, pelo menos pelinhos.
Quando Anestésia vai ao banheiro e, eu diria “privada” mesmo, a porca não quer privacidade não. Chama o amado pra vê-la defecar. E que careta essa imundície faz, amados!
Anestésia:
- Ai! Ai! Han, Hun! Ai! Ai! Han! (PLUFPLOFT)
Anestésio:
- Amor, saiu tudinho, né?
Anestésia:
- Han, hun! Vai à saideira (han) agora: (PLUFPLOFTBUNCHÁCHÁCHÁCHUN<CHUNCHUN)
E eles se lambem, lambem e, não precisa ser bicha francesa pra dizer “UÍ, Mona, que coisa horrorosa!”.
Pois é, gente amada: eu achava que tinha visto de tudo, mas, não. Um amor grude feito esse só pela misericórdia da amnésia.

doutorboacultural.blogspot.com/

PERGUNTAS SÁBIAS E PERGUNTAS IDIOTAS




1) Uma pessoa sincera mente?
2) Uma pessoa verdadeira mente?
3) Por que é que tudo junto se escreve separado e separado se escreve tudo junto?
4) Existe cão social? Por que está escrito naquela plaquinha: “Cão Anti Social?
5) Se a propriedade é exclusiva de Jesus, o que é que aquele bando de invasores faz dentro dela?
6) Tem gente que ainda não sabe que Deus é fiel?
7) Afinal, o que é que a baiana tem?
8) O anjo visitou Maria e, em seguida, ela ficou grávida. Por que?
9) Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?
10)                 O que é que tem haver o X com o queijo?
11)                 Por que é que as pessoas riem do peido se todos peidam?
12)                 O cão é melhor amigo do homem ou do dono dele que pode ser uma bicha?
13)                 Será que Deus perdoaria o Diabo se ele pedisse perdão?
14)                 Gente que curte “lixo musical” pode curtir João Gilberto?
15)                 Se uma formiga cair de um edifício de cem andares ela pode se machucar?
16)                 Por que brasileiros gostam tanto de bundas?
17)                 Por que a velhinha chupa tanto aquele torresmo e não come ele logo de uma vez?
18)                 Por que os cachorros gostam tanto de cheirar o reto de outros? Será que acham que também são deles?
19)                 Por que é que a pipa do vovô não sobe mais>?
20)                 E se eu não quiser sorrir por estar sendo filmado?
21)                 Por que têm cachorros que dão voltas e voltas pra pegarem e morderem seus próprios rabos>? Não está contente com eles?
22)                 A galinha conseguiria imaginar o que é uma dor de dente?
23)                 Bem-te-vis chineses cantam diferentes?
24)                 Por que o “pum” do anão não diferente do “pum” do gigante?
25)                 Se “pum” faz eco e ecoa por que “cueca” e não “cueco” ?
26)                 Por que as sereias não têm chulé?
27)                 Por que certas galinhas não têm tetas?
28)                 Se Deus soltar um peido o mundo acaba?
29)                 Eu insisto: O que é que a baiana tem?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012


DOUTOR BOA RESPONDE  PARTE 12

Meu nome é Vicente, tenho 48 anos. Sou divorciado. No passado, abandonei meus filhos, porém, sempre me importei com eles. Minhas ex-mulheres, pelo menos, duas delas foram guerreiras e criaram meus filhos. Sinto que eles não me perdoam e, isto me incomoda muito. Nunca tive um bom emprego e, nem tampouco fui promovido a nada na vida; não tive preparo para me casar e, sei que tudo isso não justifica. Entrei no mundo do alcoolismo no passado e nele fiquei. Não sou um homem realizado, bem sucedido na vida, porém, só Deus conhece o meu coração. Hoje sinto uma imensa necessidade de ajudar o meu próximo, mas, mal consigo me ajudar. Creio que estou pagando por tudo o que fiz no passado.
DOUTOR BOA:
- Vicente, não viva de passado porque ele já passou. Não existe a menor probabilidade de você trazê-lo de volta. Se lá atrás, você não conseguiu construir seu alicerce, não perturbe o seu coração, pois, nem todos conseguem. Se teus filhos não te perdoam pelos deslizes cometidos por você, não fique triste com isso. Talvez eles sejam semelhantes aos anjos celestiais que são perfeitos e que nunca vão errar na vida. Se suas ex-mulheres fossem guerreiras, como você descreve-as, pregariam a paz, a solidariedade, a confraternidade, a união e, principalmente o amor para com seus filhos. A vida prossegue e, garanto que elas, movidas a matéria, encontraram seus “encaixes” físico e material também. Recomece a sua vida longe dessas criaturas que vivem de passado, pois, elas só vão perceber que suas atitudes não passam de “atraso de vida” quando passarem por algo semelhante que você, ou então, quando desencarnarem. Você não precisa do amor delas, porque, aliás, nunca te amaram de verdade. Pare de mendigar amor de filhos. Hoje, os tempos mudaram e sua mentalidade amadureceu. Não queira mostrar suas novas atitudes para quem não é digno. Não vale a pena. Continue amando seus filhos e não faça mais nada, além disso, pois, você já os trouxe ao mundo e, mal ou bem, eles estão vivendo e, querendo ou não aceitar, deve isso a você, que é o pai. Importe-se primeiramente com você, meu caro, pois, se já estivesse feito isso lá atrás, com certeza, sua vida já estaria sido exaltada há muito tempo. Até mesmo os macacos são gratos pelas bananas comidas. O problema é que, o ser humano, na regra geral, pode fazer um monte de coisas lindas no percurso de sua vida e, isso, de certa forma, é esquecido; basta ele fazer só uma coisa errada e, já aparece os donos da verdade; tal coisa errada além de lembrada é cobrada. Já cansei de ouvir histórias em que o pai deu de melhor aos filhos e, os últimos, quando cresceram, colocaram o velhinho no asilo. Livre-se dessa cruz e não envelheça ao lado deles. Se tudo o que você fez por eles, ainda assim foi pouco, paciência. Viva a sua vida, pois, eles jamais vão vivê-la por você. “Olhe um pouco a natureza, sinta prazer em viver”. Esta frase não é sua? Um abraço.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

UM MOLEQUE CURIOSO




Virgolino e Ferreira eram compadres e, por sinal, muito amigos também. Gostavam de uma prosa que só por Deus. Virgolino aonde ia, levava com ele o pentelho do seu neto Raimundo. Que moleque curioso, sô! Tudo ele perguntava, tudo ele queria saber. As prosas dos compadres aconteciam com freqüência na casa do velho Ferreira. Lá, arrastavam umas cadeiras e ficavam horas proseando e, Raimundo (o pentelho) de ouvidos bem afiados, não perdia nenhum detalhe da prosa.
Ferreira:
- Sabe quem esteve aqui mais eu em minha casa na semana passada, compadre?
Virgolino:
- Não faço idéia não, compadre.
Ferreira:
- O Sílvio.
E o moleque já aborda a prosa.
- O Sílvio Santos?
Ferreira:
- Não. O Sílvio Gonçalves, filho do compadre Agostinho e da comadre Maria.
E o velho Virgolino dá uma tapa na careca do neto.
- Sai pra lá, peste. Vai contar as estrelas, moleque curioso que tudo quer saber.
Ferreira:
- Pois é, compadre: o Sílvio toca um violão que não é brincadeira. Me fez até chorar e lembrar do Roberto. O Roberto ta sumido, né compadre?
E lá vem o moleque Raimundo de novo:
- O Roberto Carlos?
Ferreira:
- Não. O Roberto, filho do compadre Vicente e da comadre Maria.
E o velho Virgolino dá mais uma tapa na careca do neto.
- Suma daqui grude chulé! Vai plantar morango no nordeste, “fio” da peste.
Ferreira:
- Grande Roberto! O sonho dele era ser jornalista.
E lá vem o pentelho:
- Jornalista é quem vende jornal?
Ferreira:
- Quem vende jornal é jornaleiro, moleque. Jornalista é formado em jornalismo. Pesquisa e escreve fatos reais e transforma isso em notícia pra rádios, televisões, etc.
Desta vez, o moleque Raimundo não levou tapa na cara não, porque pergunta inteligente é sempre pergunta pra frente, entende?
Virgolino:
- E o Nenê? Dizem que ele tem um montão de filhos, né compadre?
Ferreira:
- O Nenê do falecido compadre Vicente ou o Nenê do falecido compadre Jacó?
Virgolino:
- O Nenê do falecido compadre Vicente. Parece que o cabra tem uns oito filhos.
E lá vem o intrometido do moleque Raimundo:
- Mas, nenê também faz filhos?
Desta vez, Raimundo (o pentelho) leva vários tapaços em sua careca. Seu avô Virgolino estava a ponto de se enfartar:
- Imundície! Escrôto do saco! Suma daqui cabeça de bagre! Vá ouvir Cauby cantar.
Ferreira:
- Esse teu neto é curioso demais, compadre.
Virgolino:
- Isso daí é pior do que ácido úrico, frieira, coceira, joanete e chulé no pé, compadre.
Ferreira:
- Tem que educar ele no cinto. Só tapa na careca vai deixar ele mais bobo do que já é.
Virgolino:
- O compadre tem razão. Já levou tanto tapas que uma veia do seu cérebro se soltou.
E o intransigente moleque Raimundo pergunta pros dois velhos:
- Qual de vocês dois que soltou um peido? Porque eu não fui e, olha que peido de velho fede, viu?
E Virgolino tiro o seu cinto e da uma surra da peste em seu neto, que diz revoltado:
- Não fui quem peidou, vovô!
Virgolino:
- Não está apanhando porque peidou e, sim porque perguntou. Quem peidou foi o compadre Ferreira.
Ferreira:
- Eu não! Aposto que foi tu quem peidou, compadre Virgolino.
E quando o gambá viu que os compadres entraram no tapa por causa dele, saiu numa corrida reta, sem curvas, sem pausa e muito menos sem olhar pra trás.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

LOS ANGELES





Sabe aquele sujeito mentiroso que, pra chamar atenção de alguém, conquistar alguém, tem por hábito, a mentira na ponta da língua? Aquele que leva todo mundo na lábia? Assim era João Luiz. O cara chegava num boteco, pedia uma pinga e ali ficava um bom tempo falando “abobrinhas” com outros bêbados. Ninguém dava mais crédito a suas palavras não.
João Luiz vivia literalmente “fodido”: fazia uns bicos como servente pedreiro, porém, o que ganhava, não cobria sequer as despesas do boteco que freqüentava assiduamente.
Um dia, logo pela manhã, João Luiz chega ao boteco e, ele estava bem alinhado: boa pinta. Parecia até um galã da Globo. “Xique no úrtimo”, e, ele não queria pinga não e nadinha que tivesse álcool. Pediu foi logo uma coca cola pro Zé Vicente, o dono do boteco que o estranhou.
- Vixi Maria, homem! Converteu-se ao cristianismo ou é gracinha mesmo?
João Luiz deu um sorriso tipo de “primeiro mundo” e disse-lhe:
- Nada disso, Zé Vicente. Consegui um excelente trabalho e ficarei três meses fora do Brasil. Estou indo para Los Angeles. Já ouviu falar?
E Zé Vicente o mediu dos pés a cabeça, e lhe perguntou:
- Los Angeles não é a capital do Paraguai?
E João Luiz dá uma gargalhada.
- Tá por fora mesmo, hein “nego véio”? Los Angeles fica nos Estados Unidos.
- Que chique João Luiz! Vai trabalhar nos Estados Unidos? O que vai fazer lá?
- Farei em Los Angeles um prédio.
E ele pede mais uma coca, depois outra e, depois, é claro: outra e, aquele papo se prolonga. Vai chegando outros botequeiros e, só se falava em Los Angeles.
Assim que João Luiz vira as costas para ir ver o novo trabalho, os botequeiros, incluindo o Zé Vicente descem o pau no nome dele.
- Esse cabra é um safado, mentiroso e vagabundo, gente!
- Vocês acham que uma praga dessa tem como ir para o estrangeiro? É mentira, é mentira e, digo mais: é mentira.
Parece que desta vez, João Luiz estava falando a verdade, gente. Ia realmente para Los Angeles. Parou até de beber. O bom dele era que, pelo menos, para sua mulher e filhos ele não mentia. E, em sua casa era só pura alegria.
- Pois é mulher, até que enfim, minha vida mudou e, digo mais: a tua e de nossos quatro filhinhos também. Chega de pobreza.
E Joana, sua mulher lhe pergunta.
- E aquele barato de passa porte, visto, como é que fica?
E diz João Luiz.
- Eu perguntei pro meu patrão e ele simplesmente sorriu e, isto me fez entender que o cabra já arrumou tudo para mim. Disse-lhe também que, a única coisa que sei falar em inglês é: “I love you” e, ele caiu na gargalhada e, isto me fez entender que ele vai mandar pros states comigo um intérprete.
Sua mulher ficou preocupada.
- Ou uma intérprete, não é meu amor?
E João Luiz ficou metido que só a peste. Chegava ao boteco do Zé Vicente sempre bem vestido e dizendo: “I love you babes”, tomava coca cola e dizia: “Eu vou para Los Angeles, não é “Os”, é “Los” Angeles. Que nojo de cara metido, sô! E os botequeiros o rodeavam:
- João Luiz, pretende levar a esposa e seus quatro filhos para os states também?
- Los Angeles é a terra da Disney?
- Se encontrar com Silvester lá longe, mande um abraço pra ele e diga-lhe que sou fã do Rambo.
- Diz para Ronald Reagan vir pro Brasil e que não se preocupe com diárias de hotel, pois, ele pode se hospedar em minha casa.
Pois é, tudo isso, gente, rolou em Guarapuava, interior do Paraná. Finalmente, chegou o grande dia da viagem para Los Angeles. João Luiz esta ansioso demais a ponto de querer tomar uma pinga para acalmar os nervos e matar tanta tensão. Chegou ao escritório do patrão com uma mala tão pesada feito barrigada de baleia ou bunda de elefante. Seu patrão lhe explica detalhes da viagem.
- João Luiz, Los Angeles, para onde você vai fica num bairro de Curitiba, capital do nosso Paraná. Você ficará por lá por uns três meses trabalhando na obra da Dinda, uma paraibana porreta de legal que, atualmente, mora num mocó simples e muito humilde. Lá num quartinho você ficará com mais uns oito peões (o problema será o chulé, né). Boa viagem.
Bairro de Curitiba? Obra da Dinda? Quartinho com oito peões? Por essa, João Luiz não esperava e digo mais: nem eu.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

E O VENTO LEVOU...




Magrildo foi o homem da minha vida. Nunca me importei com a aparência física de um homem, se bem que, Magrildo era muito magro, raquítico, porém, tinha um coração de baleia.
Conheci Magrildo no momento certo: há tempos vinha pedindo a Deus para enviar-me um companheiro. Apareceram vários homens, mas, eu, descartei todos, porque não sentia firmeza em nenhum deles.
Num domingo, fui ao Shopping Center e, quem estava lá de segurança? Ele mesmo: Magrildo. Estranhei e, por fim entendi por que é que tiravam sarro dele. Meu Deus, o que é que aquele homenzinho poderia segurar? Seus braços e pernas pareciam agulhas; dedinhos “finiiinhos” feito barba de gato; calçavam nos pés umas botas de plástico ou seriam de algodão? Fiquei confusa. Suas orelhinhas pareciam aquelas de coelhos e, seu narizinho “finiiinho” feito ponta de lápis. Jesus tenha misericórdia desse homem, porque a coisa tá feia. Fiquei indignada. Senti uma necessidade imensa de ajudá-lo. Parei em frente dele.
- Segurança, onde fica o banheiro desse shopping, por favor?
Ele ficou vermelho feito tomate de fim de feira; fez careta e força pra falar e “fiússs”, sabe aquele que escapa? Pois é: escapou um ventinho falante e, biologicamente ou fisiologicamente percebi que até aquele ventinho era magrinho.
- Fi-fica no-no segun-gundo cocorredo-dor aa direi-reita.
Jesus, ainda bem que as aranhas não têm olfato.  Aquilo fedeu. O vento de baixo se encontrou com o de cima (o de sua boquinha) e aí, quem julga é o nariz. O homem era gago e tinha um mau hálito dos alhos meu pai! Decidi ajudá-lo após ter me concentrado no banheiro. Passei por ele e lhe entreguei meu cartãozinho com o número do meu celular e disse-lhe:
- Pode me ligar a cobrar, se necessário.
Olha o tamanho do cocô do neném que eu fui arrumar pro meu jardim. Magrildo me ligava a cobrar todos os dias, isto é: manhã, tarde, noite e na madrugada também. Quem ganhou muito com isso foi à operadora telefônica que, sem dúvida, adora gago porque gastam mais. Tudo bem, tudo bem! Se eu paguei é porque eu gostei.
Finalmente, marquei um encontro com Magrildo num dia que, xiii! Deu um temporal de ventos e, não entendi porque é que ele chegou tão rápido. Fiquei pensando: “Esse homem deve ser um super herói”. Levei Magrildo para a casa do meu primo Pedro, onde tinha muita fartura, abundância de comida. Meu primo Pedro deixou a mesa repleta de comes e bebes. Pensa numa coisa que tinha sobre aquela mesa? Pensou em lingüiça? Bacalhau com batatinhas? Feijão, arroz, macarrão e polenta? O que?! Maionese?! O que você pensar tinha sobre aquela mesa. A maior satisfação do meu primo Pedro era ver as visitas comerem em sua casa. Jesus tenha misericórdia das lombrigas pobres e miseráveis que choram de fome! Magrildo comeu tanto, mas, tanto que não conseguia se levantar. Meu primo Pedro ainda lhe serviu um suco de mamão.
- Isso aqui ajuda na digestão.
E bravas revoltadas rajadas de peidos multiplicativos saíram de dentro do seu ventre, minutos depois dele ter tomado aquele suco. Ele ficou mais vermelho do que barata tímida. Meu primo Pedro, sorridente foi legal com ele.
- Peide, querido. O banheiro fica ali ó, tá vendo ele? Olha ele lá.
E Magrildo vai ao banheiro e fica por lá por quarenta e um minutos e dezoito segundos, porque eu contei.
Eu já estava tremendamente apaixonada por ele. Queria só ele, pois, sem ele, eu não seria dele e de mais ninguém. Levei Magrildo para minha casa e o coitado ainda passava mal, porém, não peidava e, isso me deixou preocupada, porque o gás podre teria que sair se não apodreceria tudo. O deixei a vontade em minha cama: só de cuequinha e de barriguinha pra cima; fiz uma massagem na barriguinha  dele usando a banha do peixe boy e, pude ver seu efeito: Cada peido que dava gosto de ouvir. Sai carniça! E, Magrildo, depois de ter soltado setenta e dois peidos e meio, porque eu contei, se apagou. Fiquei apavorada. Será que meu “fininho” morreu? Que nada! Minutos depois, roncava, babava e ainda peidava, mas, nadinha de acordar. Dei-lhe um beijo de língua e, senti um linguado na minha boca. Pense numa veia cerebral, pois, a bicha era “finiiinha” que acabou se soltando dentro da minha boca. Jesus será que foi isso que aconteceu com a língua de Moisés bíblico? Acidentalmente, acabei engolindo a língua do meu “fininho”. Ele não chegou a ficar mudo, porém, tudo o que ele falava dificilmente se entendia. Era tipo chinês nordestino do sertão da Ásia, ou pior, sei lá. Eu o amava mesmo assim e, ele a mim.
Num domingo, levei Magrildo para dar um passeio na casa do meu primo Pedro e, antes de chegarmos lá, xiii!! Deu um siricutico no céu e só se via corrida de pega pega de nuvens. Tempestades de ventos das porretas. Pois é, ontem eu chorava, hoje choro e, amanhã chorarei como até hoje choro. Perdi meu amor pra sempre, dr. Boa. E o... e o...
Dr. Boa:
- E o que houve?
Gordililda:
- E o vento levou. Perdi meu amor pro vento, doutor.










doutorboacultural.blogspot.com/

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A BAILARINA


Raquel era uma menininha que tinha um grande sonho: O sonho de ser bailarina. Mas, seus pais eram muito pobres e, não tinham como pagar para ela uma escola de dança. A pobrezinha ficava triste e muito aborrecida com isso. Um dia, quando voltava do colégio para a sua casa, teve uma idéia: “Se eu arrumar um trabalho vou ter dinheiro para pagar um curso de dança”.Coitadinha! Ficou frustrada. Ninguém lhe empregava, pois, afinal, ela tinha apenas nove anos.
Seu pai era servente pedreiro e, quando chovia, não tinha trabalho para ele: sua mãe, uma excelente costureira que adorava trabalhar em casa, só que, muita gente não lhe pagava as costuras, pois, a maioria dos seus fregueses era tão pobre quanto ela. Para completar, os pais de Raquel pagavam aluguel da humilde casa onde moravam, num pau lascado. Aí, danou-se tudo.
A menininha Raquel decidiu procurar as escolas de dança e desabafar sua história, na esperança de darem uma chance para ela. Não teve sorte. Os diretores, professores e proprietários das escolas a achavam bonitinha, talentosa, porém, de graça não, boneca. Mesmo assim, Raquel não desistiu de seu sonho. Escreveu várias cartas para programas de rádio e televisão, porém, não obteve resposta de nenhum deles. Ela ficou muito triste, mas, muito triste mesmo. Opa! Ela lembrou que tinha um cofrinho onde juntava moedinhas que seus pais lhes dava. Teve uma idéia brilhante: abriu seu cofrinho, contou as moedas e foi atrás de comprar um aparelho toca CDS made in Paraguai, que era o mais barato. Entrou em várias lojinhas para pesquisar os valores e, numa delas, encontrou um aparelho que seu dinheiro podia comprar e, ainda lhe sobrava umas moedas. Passou em vários camelôs, pois, ela queria comprar um CD de Ravel. Tinha muito bom gosto, por sinal. Achou e comprou. Foi para sua casa feliz da vida.
Raquel era uma menina inteligente demais da conta, sô! Enquanto seu pai trabalhava dando um duro danado nas obras, sua mãe costurando em casa, o que ela fazia? Ligou seu toca CDS na área de sua casa deixando rolar o “Bolero de Ravel”, sua música preferida e, assim, começou a explorar o seu talento. Dançava feito uma bailarina profissional. Isso chamou a atenção de muitos vizinhos. Ela fazia isso todos os dias, depois de chegar do colégio. Até que um dia, estacionou um carrão de luxo bem em frente da sua casa. Vixi! Era mulher elegante, fina e muito bonita.
- Seus pais estão em casa, menininha?
- Só mamãe.
- Vá chamá-la, por favor.
E, qual não foi a surpresa? Aquela mulher elegante era uma excelente professora de dança e também dona de uma das melhores academias de dança do país. Ofereceu um curso para Raquel inteiramente grátis. Que felicidade! Era tudo o que realmente ela queria.
O tempo passou e, Raquel conseguiu chamar a atenção de grandes celebridades, graças a seu talento. Foi convidada para participar de um festival em Berlim, na Alemanha e, a felicidade completou para ela: Seus pais poderiam acompanhá-la e, todos ficariam no maior e melhor hotel de Berlim sem pagar nada. Era alegria demais.
Chegando à Alemanha, os pais de Raquel ficaram boquiabertos. Nem em sonhos viram um lugar que fosse mais lindo do que aquele. Sentiram-se ricos, ganharam muitos elogios por serem pais de Raquel e, também muitos presentes.
Chegou o grande dia da apresentação de Raquel. Seu pai estava tão nervoso, ansioso que pediu licença à filha para tomar uma pinga. Foi quando Raquel disse:
- De forma alguma, meu pai. Quero que esteja sóbrio neste momento que é tão importante para mim.
E Raquel arrasou em sua primeira apresentação dançando “Bolero de Ravel”. Realmente, ela nasceu para ser artista mesmo. O público aplaudiu tanto, mas, tanto, que deixou Raquel tão emocionada que correu para os braços de seus pais abraçando-os forte, deixando as lágrimas escorrerem de seus olhos.
Pois é, aquela pobre menininha agora era muito rica. Ganhou em primeiro lugar no festival de dança e, teria pela frente, muito trabalho. Raquel passou a ser reconhecida mundialmente. Lembram daquelas escolas de dança no Brasil, que um dia ela foi procurar? Todas elas procuravam Raquel desesperadamente para lhes darem apoio. Apoio? Agora, neném? Raquel Viana Vieira Vilmon não precisava mais daquelas escolas. Agora, ela era reconhecida no mundo inteiro. Agora, era só alegria.
Como seus pais era semi-analfabetos, seria necessário alguém capacitado para cuidar do dinheiro de Raquel que só estava multiplicando-se. Quem melhor do que Ana Martins Moreira de Moraes? Sim! Sua professora fina e elegante que lhe abriu as portas para o sucesso. E, dito e feito. Nas mãos desta grande mulher, o dinheiro cresceu muito mais ainda, porque era bem aplicado.
Antes, moravam de aluguel na periferia de São Paulo. A família residia agora em Alphaville, num condomínio fechado onde só mora magnatas, gente. Fala a verdade: ter dinheiro é bom, não é?
Certo dia, Raquel convocou uma reunião com sua empresária Ana e, o assunto era sério. Raquel andou navegando na internet e ficou comovida com a situação das crianças da Etiópia e, resolveu doar boa parte de seu dinheiro para elas. Só que tinha um, porém: ninguém precisaria saber que tal dinheiro viria dela. Sua empresária se emocionou com tal atitude e, em pouco tempo, muitas crianças etíopes já estavam comendo, bebendo, vestindo-se melhor, regadas com muitos brinquedos também. Raquel ficou muito feliz quando soube disso.
E o tempo passou. Raquel, agora era uma moça muito rica, mas, muito rica mesmo. Uma estrela famosa que conhecia o mundo inteiro e, o mundo a amava muito. Em poucos dias, ela iria com sua empresária para Ásia, participar de Festivais de Dança na Rússia, na China, no Japão e na Coréia.
Numa noite, Dona Conceição, sua mãe, sentiu-se muito mal, não coseguia dormir, pois, estava ansiosa, muito aflita. Precisava falar com a filha Raquel. Foi até o quarto da filha, sentou em sua cama e desabafou.
- Minha filha, ouça o que sua mãe vai lhe dizer: Cancele esta viagem para a Ásia, eu lhe peço isso. Estou sentindo, há dias, em aperto em meu coração e, filha, coração de mãe não se engana. Não vá para a Ásia.
Seu Luís, o pai de Raquel, entra no quarto, naquele instante, olha triste para sua mulher e lhe pergunta:
- {Com quem você está falando, mulher}.
E diz Dona Conceição:
- Ora, estou falando com a nossa filha.
E, mais uma vez, como há alguns anos vinha fazendo, ele a consola:
- Mulher, pelo amor de Deus, Raquel está na China uma hora dessa e está bem. Você está confusa e muito perturbada à toa. Está andando por todos os lados da casa, falando sozinha e chorando. Aquiete-se. Raquel está voltando pra casa em poucos dias.
E, Dona Conceição chora convulsivamente e até grita.
- Ela não vai voltar. Nunca mais teremos nossa filha de volta.
Pois é, que tristeza! {Será que Dona Conceição estava certa em dizer que Raquel nunca mais voltaria para o Brasil, para a sua casa} Estava enganada, mas, não tinha culpa disso, porque estava muito doente. Estava tendo alucinações e, por isso variava muito. Há anos que ela vinha se tratando com os melhores psicólogos, psiquiatras e neurolistas do Brasil e do mundo, porém, seu quadro mais e mais se agravava. Quem estava agora se deprimindo era Raquel, a bailarina. Voltou da Ásia e, decidiu interromper definitivamente a sua carreira, pois, não suportava mais ver o estado de sua mãe, que tanto amava.
Numa manhã, eu, Dr. Boa, recebi em meu consultório, Raquel, uma das celebridades mais linda que já pude conhecer. Ela me contou a sua história num desabafo em lágrimas, pedindo-me ajuda para a sua mãe. É claro que a ajudei, expondo a ela, em poucas palavras, o que realmente deveria ser feito:
“Raquel, sua mãe precisa urgentemente ocupar sua mente. A mudança de vida fora radical demais para ela. Ela, jamais vai habituar-se a este novo tipo de vida que está levando: muito luxo e mordomia; vida de madame. Não são drogas e terapias que vão trazê-la de volta a vida real. Monte uma oficina de costura para ela e verá o que vai acontecer em poucos dias, só isso”.
{Quem diria, hein} Hoje, Dona Conceição não tem mais tempo para ter alucinações, pressentimentos e, portanto, não precisa de medicamentos. Hoje ela trabalha duro em suas costuras e, até mesmo não se importa com alguns caloteiros que não pagam suas costuras. Ela está fazendo exatamente o que sempre gostou: trabalhar. Seu Luís, pai de Raquel, é um velho tranquilo e adora jogar dominó com outros velhinhos na praça. Raquel não interrompeu sua carreira de bailarina, não, porque, adora dançar e, continua linda, exuberante, chamando a atenção de milhares de pessoas com sua dança maravilhosa.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

DR. BOA ENTREVISTA “BEBÊ ETÍOPE”





Com mais de 82, 8 milhões de habitantes, a Etiópia apresenta vários problemas sociais. Conforme dados divulgados em 2010 pela Organização Das Nações Unidas (ONU), o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país é um dos menores do mundo: O, 328. Metade dos etíopes sofre de subnutrição crônica; a taxa de mortalidade infantil é alarmante (77 óbitos de cada mil nascidos vivos) e o índice de analfabetismo é de 64%.
É impressionante ver o número de crianças, adolescentes e jovens freqüentando a escola: uma verdadeira avalanche humana cheia de vida e ânsia de futuro, mesmo que não haja livros e salas para todos com carteiras, quadros e giz. Ainda que haja professores com 250 alunos, o importante é ir à escola!
Os alunos, sobretudo nas aldeias, não tem mochilas, fardas, sapatos e nem cadernos: o único material escolar que levam é, no máximo, uma caneta, um lápis, geralmente, quase gasto, um pedaço de papel e uma borracha. Com este material nas mãos, correm todas as manhãs para a “escola”, felizes por poderem aprender a ler, escrever e a contar.
O que mais me admira é que a maioria dos alunos vai à escola sem ter feito uma refeição. A pobreza de suas famílias não lhe permite o luxo de comer mais do que uma refeição por dia. E, isto na melhor das hipóteses, porque não raramente, pode acontecer que tenham de ir dormir sem comer nada. Mas, felizmente, há outra fome que os devora: é a fome de aprender e de saber para poder sonhar com uma vida melhor. Lá no fundo, trata-se de um grande desejo de se libertar de tantos limites e escravidões. É a fome de liberdade, direito ao qual todo ser humano não quer renunciar.

Meus respeitos a Etiópia. Confesso que me comove ver em cada semblante dessa gente sofrida, tanta miséria, tanta desgraça. Como é que essa gente sobrevive, meu Deus? É muita fome, grande tormento, tribulação e, o mundo vê isso e o que faz?
Eu gostaria muito, mas, muito mesmo de, antes de fechar meus olhos, despedir da vida, a qual eu respeito muito, de poder fazer alguma coisa, ao menos para algumas daquelas crianças. Aí sim, eu descansaria em paz como os grandes e verdadeiros heróis.
Procuro levar entretenimento e alegria para todos, mas, confesso que também choro, porque, é impossível viver a vida do “faz de conta”. Eu amo as crianças porque elas são puras; são anjos inocentes que, como eu e você, não viemos ao mundo por acaso. Quando consigo arrancar um sorriso de um rostinho infantil, sinto-me realizado. Eu rio com as crianças e para as crianças. Como isso faz bem gente!
Amor, carinho, atenção e dedicação são tudo o que uma criança precisa. Vamos todos refletir por instantes no sofrimento que vive a Etiópia e o que, cada um de nós pode fazer para ajudá-la.
Dr. Boa:
- Bebê Etíope, tudo bem com você?
Bebê Etíope:
- Tudo bem, tio. Vai passar na teevisão esse intevista?
Dr. Boa:
- Sem dúvida, bebê. Via internet, youtub e tudo. O que pretende ser quando crescer?
Bebê Etíope:
- Eu petendo ser jogador de futebol.
Dr. Boa:
- Para isso tem que comer muito para crescer forte e sadio.
Bebê Etíope chora.
Dr. Boa:
- Por que chora bebê?
Bebê Etíope:
- Não tem muita comida, tio. Eu e meus imãozinhos só vê comida boíta na teevisão da casa do meu padinho. Ele é rico, mas, não pode ficar sutentando a gente todo dia, né?
Dr. Boa:
- Então, peraí! E se eu te levar pro meu país, Brasil, você vem comigo? Lá tem muita comida.
Bebê Etíope:
- Basil? Meu sonho era conhecer o Basil, tio! Queía viver lá, não só por causa da comida, mas, principalmente porque não tem guerra. É tão tiste ver os home jogando bomba e distuindo tudo. Aqui não tem mais o que distuir. Mas, o tio leva meus imãozinhos também?
Dr. Boa:
- Minha vontade seria levar toda a Etiópia, bebê. Falarei com a presidente Dilma, me aguarde.
Bebê Etíope:
- Tio, é verdade que lá no Basil tem muito danoninhos? Eu nunca comi aquilo. Deve ser gotoso, né tio?
Dr. Boa:
- Tão gostoso que eu trouxe um avião carregado de danoninhos para você e seus irmãozinhos.
E o Bebê Etíope chorou de tanta alegria e, eu despertei de mais um sonho. Sem comentários.