José e
Maria, um casal muito religioso. Gostava de fazer caridades sem fazer acepção
de pessoas. Seja lá, quem fosse que batesse palmas no portão, pedindo ajuda,
vendendo algo, enfim, solicitando doações, eles recolhiam para dentro de casa.
Certo dia,
José e Maria almoçavam quando ouviram bater palmas no portão. José foi atender.
Era um
velhinho franzino, magrinho e estava com uma baita fome.
- O senhor
não tem um pratinho de comidinha pro velhinho?
Os olhos
do caridoso José encheram-se de lágrimas.
- Chegou
ao lugar certo, senhor. Venha para dentro de casa almoçar comigo mais minha
mulher.
E aquele
velhinho se fartou de tanto comer. Ficou satisfeito mesmo, sô.
- Não lhe
pedindo muito, o senhor não tem um cafezinho para o velhinho?
Maria
preparou um café fresco de primeira para aquele velhinho humilde.
- Não lhe
pedindo muito, o senhor não tem um quartinho para o velhinho descansar só um
pouquinho?
José e
Maria hospedaram aquele velhinho num dos melhores quartos da casa. E enquanto o
velhinho dormia e roncava, José e Maria se abraçam na sala.
- Maria,
está pensando o mesmo que eu?
- É claro,
José.
- É como
diz Hebreus 13: 2: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela
alguns, não o sabendo, hospedaram anjos”.
Quem seria
aquele velhinho humilde, hein? José e Maria estavam felizes em hospedá-lo.
Pelas cinco da tarde, José e Maria estavam na sala e, levaram um susto, pois, o
velhinho apareceu assim, muito de repente, nem sequer, ouviram seus passos.
- Me deu
fome de novo, amados.
José lhe
responde sorridente:
-
Estávamos somente esperando o senhor acordar. Tem uma mesa farta na cozinha
aguardando o senhor. Venha.
E José e
Maria ficam felizes de ver aquele velhinho comer assim, com tanto apetite.
Tinha de tudo sobre a mesa. Até mesmo mandiocas fritas.
Depois que
o velhinho se fartou de tanto comer, ficou triste e muito pensativo. Foi quando
José o perguntou:
- Senhor,
alguma coisa lhe aborrece?
E o
velhinho responde:
- É que o
velhinho precisava tomar um banhosinho e vestir umas roupas limpinhas.
José
sorridente diz:
- Mas,
isso não é problema, senhor. Pode tomar um bom banho e, tem até banheira no
banheiro. Quanto às roupas, selecionarei as minhas melhores para o senhor.
E enquanto
o velhinho tomava um banho que demorou no mínimo umas duas horas, José e Maria
se abraçam na sala.
- Maria,
se eu lhe disser que estou feliz, certamente estarei mentindo.
- Meu
Deus! Você não está feliz?
- Muito
mais que isso, Maria! Estou felicíssimo.
- Vamos
orar então marido. Vamos agradecer a Deus por esta glória, glória e glórias.
Aleluia!
Quando o
velhinho sai do banheiro, prova as roupas de marcas de José. Nem todas ele
gosta. Ficou com as melhores. Já estava muito tarde. Ele preocupado pergunta as
horas.
- Que
horas são? Nem sequer um relógio, o velhinho tem.
José lhe
presenteia com um lindo Rolex suíço, o melhor relógio do mundo.
- Agora
tem, meu senhor.
E o
velhinho agradece, porém, joga uma indireta.
- Já está
tarde e o velhinho tem que partir. Que pena! Bem que poderia ser agora, cedinho
pro velhinho partir tranqüilo e sozinho.
José
afirma:
- De jeito
nenhum, senhor! Pouse aqui conosco. Já está tarde e faz muito frio lá fora.
Amanhã não pertence a nós. Glória, glória e glórias. Aleluia!
Na sala,
José e Maria se abraçam.
- Olha só
Maria! Que benção tem em nossa casa. Este velhinho é a glória.
O dia
seguinte era um domingo e o velhinho acaba ficando por lá. Toma o café da
manhã, almoça bem, descansa, toma o café da tarde, descansa de novo, janta e
acaba pousando lá de novo.
O
interessante é que nem José, nem Maria faziam perguntas a ele. Nem sequer,
perguntaram qual era o nome daquele velhinho. Afinal, quem era aquele velhinho?
Passaram
dias, semanas e meses e, o velhinho continuava hóspede da casa. Agora, ele já
não pedia mais nada. Abria a geladeira, as portas do armário e se fartava do
bom e do melhor.Tinha total liberdade.
José era
um excelente carpinteiro e ganhava muito bem. Sustentava a casa. Maria ficava
em casa fazendo faxina e, agora, na companhia do velho que não saia sequer, nem
no portão da casa. Ficava lá dentro de casa numa folga total, sentadão no sofá
da sala vendo televisão, enquanto Maria lavava, passava e cozinhava. O velhinho
gostava mesmo era da cozinha. Que apetite era aquele, meu Deus?
Numa
noite, enquanto todos jantavam em silêncio, o velhinho pergunta a José:
- Tens fé,
amor e paciência?
- Sim, meu
senhor.
- Está
gostando de ter o velhinho aqui em sua casa, como o seu hóspede?
- Sim.
- O que
você faria mais por este velhinho?
Esta foi
uma pergunta muito difícil. José e Maria faziam de tudo por aquele velhinho.
José fica confuso.
- O que eu
poderia fazer mais pelo senhor? Tudo o que desejar, oras!
Havia uma
plaquinha bem na porta da cozinha e, o velhinho aponta com o dedo para ela e
pergunta a José:
- O que
está escrito naquela plaquinha?
E José lê.
-
Propriedade exclusiva de Jesus.
Bem neste
momento, forma uma tempestade, muitos raios e trovões e chove muito forte. O
velhinho pergunta a José.
- Daria
esta propriedade por amor a mim?
José se
engasga e, o velho senta um forte tapa em suas costas e diz:
- Eu não
entendi.
José
simplesmente responde:
- Esta
propriedade é sua, senhor.
E o
velhinho diz:
- Quero
que você e sua mulher a desocupem em poucas horas. Boa viagem para vocês.
José e
Maria, sem entenderem nada, nada perguntam. Saem daquela casa e caminham na
chuva e, sabe lá Deus para onde foram. Nunca mais foram vistos.
O velhinho,
agora era o dono daquela propriedade. Afinal, quem era aquele velhinho? O maior
dos traficantes de passarinhos, já aposentado: João Ferreira Bigolinho.
Coitados de José e Maria. Pensaram que estavam hospedando Jesus Cristo.
Ter fé, amor e
paciência é, sem dúvida, uma dádiva de Deus, porém, não podemos esquecer que
muita gente incrédula aproveita de nossa fé. Para dar mão à palmatória, temos
que ter compulsória, nem todos que batem palmas em nossos portões são pessoas
simplórias e dignas de serem notórias. Então, é desnecessário ficarmos dando
glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.
doutorboacultural.blogspot.com/
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