Pensem num homem trabalhador. Imaginem mãos calejadas, cheias
de rachaduras. Um homem honesto, marido fiel, excelentíssimo pai que sustentava
sua linda mulher e seus oito filhos. Grande Geraldo. Este era o homem. Este era
o cara.
Beatriz, linda feita uma atriz de Hollywood lembrava um pêssego de tão formosa que era. Rainha
do lar, incapaz de lavar um pinico, porém, à espera do marido, estava sempre
cheirosa, perfumada feita uma borboleta adolescente. Pra que ia ferrar sua
coluna encerando a casa? Pra que ia torcer seus lindos dedos lavando roupas se
tinha Agnalda, a empregada que fazia tudo sorrindo porque o que Geraldo lhe
pagava era lindo?
Geraldo era de tudo um pouco. Pedreiro, carpinteiro,
jardineiro, latoeiro, construía até poço porque era um profissional de
primeira. Grande Geraldo. Este era o homem. Este era o cara.
Beatriz nunca trabalhou na vida. De línguas entendia tudo.
Inglês? Francês? Isso para ela era como comer goiaba. Gostava de usar aquelas
roupas assim bem chamativas, entendem? Tinha bom gosto. Seu marido era um moço,
quer dizer, já foi moço, porque com o tempo tudo envelhece. Até o coco.
Geraldo fazia de tudo e mais um pouco para agradar sua linda
e exuberante mulher. Tinha ele bom gosto e era tão manso feito um veado
aposentado, porém, tão trabalhador como um peão de buraco que, de tanto cavoucar
chega no mar. Grande Geraldo. Este era o homem. Este era o cara.
Beatriz gostava tanto de um shopping e também de um
superlativo que vivia comprando. Comprava de tudo e que se dane o mundo.
Geraldo pagava porque era o homem, era o cara.
Indiferenças não matam
porque Zezé continua vivo. Apesar de Geraldo e Beatriz serem completamente
diferentes se amava demais e, digo mais: amavam tanto animais que tinham até
mesmo um corno. Pensem num boi gordo e chifrudo, gente.
doutorboacultural.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário