quarta-feira, 29 de outubro de 2014
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
SERES PEQUENOS
Meu
nome é Andréa, tenho 22 anos. Sei que a história que eu vou contar aqui pode
parecer paranoia doutor, mas, não é. Eu juro que não sonhei e nem tão pouco
inventei isso.
Desde
os meus 16 anos sempre gostei de me masturbar e, eu mesma perdi minha
virgindade numa dessas masturbações sem precisar de um pênis de qualquer
moleque, entende? Sempre gostei do meu corpo e sentia tesão comigo mesma.
Numa
tarde, eu voltava do colégio para a minha casa, como sempre, de segunda a sexta-feira,
filha única, meus pais trabalhando e eu ficava só em casa, em especial em meu
quarto no andar de cima. Que saudoso sobrado! Lá, eu descalçava meus tênis
e ficava massageando meus pés e, isso me dava muito tesão. Eu pisava em meus
materiais escolares como lápis, canetas, régua e borrachas, sentindo-me
superior a eles e, isso só aumentava o meu prazer, entende? E, confesso que
nessas horas batia-me uma fome daquelas. Foda-se! Eu matava minha fome e meu
tesão na frente do espelho do meu guarda-roupas.
Naquela tarde, eu sentia um tesão
diferente, assim muito forte. Fazia um calor de 40 graus, (eu acho), tomei uma
ducha fria e me joguei nua na cama, quer dizer: só de calcinha e, ela estava
totalmente molhada de puros orgasmos. Deu-me um sono profundo; fiquei dopada e,
nunca fui usuária de drogas. Dormi pra valer porque apagou tudo. Acordei
assustada e, com uma fome violenta. Desci para
a cozinha e peguei uma melancia e fui comer em meu quarto.
Que
droga! De repente, entra pela janela uma “coisa” semelhante a uma nave ou um
disquinho voador totalmente parecido com a melancia. E, aquela coisa bateu
contra o espelho do meu guarda-roupas, e quebrou. Só que aquele disquinho
voador também se danificou. Curiosa, fiquei observando: saíram de dentro
daquela “coisa verde” dois homenzinhos jovens em miniaturas. Corpinhos lindos!
Seres pequenos lindos, eu juro. Falavam uma língua estranha que eu não entendia
nada, apenas deduzi que, eles estavam assustados. Um deles, o menor, tinha 18
cm e outro 30 cm. Que sadismo, o meu! É claro que eu os dominei. Eu com 1.75 m
de altura era gigante para eles, entende?
Mergulhei
um de cada vez na minha vagina e fiquei brincando com aquelas “coisinhas
lindas” até eu ter vários orgasmos. Caracas! Fiquei assustada. Por pouco não os
matei asfixiados ou afogados com o meu orgasmo. Dei um banho neles e,
na sequência guardei-os na minha mochila escolar, antes, certificando de
que, de lá, jamais fugiriam.
Com
meus pés destruí aquela “coisa verde” e, com minha boca faminta e sádica comi
toda ela. Confesso que tinha um gosto muito bom. Só que, minutos depois expeli
tudo aquilo que engoli pra fora, no vaso sanitário. Que alívio! Tomei mais uma
ducha, depois fui ver minhas miniaturas. Espera aí! Elas não estavam mais na
minha mochila e, entrei em pânico. Procurei por elas em todo o meu quarto e,
juro, doutor: isso não foi um sonho e, prova disso é o espelho quebrado do meu
guarda-roupas. Não me chame de louca, Doutor, porque essa é a minha história.
DR.
BOA:
- Andréa,
se tem algo que eu levo realmente a sério é a loucura dos loucos. Para que eu
chegue à conclusão do misterioso caso dos “seres pequenos” vou precisar lhe
fazer algumas perguntas e, peço que você seja sincera nas suas respostas, ok?
Andréa:
-
Ok, doutor.
DR.
BOA:
- Você
é podólatra. Estou certo de que é.
Andréa:
-
Sim. Como sabe disso?
DR.
BOA:
- Qual
a maior loucura ou fantasia que já fez por sexo?
Andréa:
-
Esmaguei até sangrá-los e matá-los seis pintinhos de galinha com os meus pés e,
enquanto fazia isso, tive orgasmos.
DR.
BOA:
- Já
se masturbou com objetos escolares?
Andréa:
-
Sim.
Dr.
BOA:
- Com
que objetos você se masturbou?
Andréa:
-
Com minha caneta e minha régua, que eu mais gostei.
(30
cm)
(18 cm)
DR.
BOA:
- Você
é sonâmbula?
Andréa:
-
Nossa! Sou sonâmbula, sim.
DR.
BOA:
- Naquelas
horas de tesão intenso o que você costumava comer?
Andréa:
-
Melancia, a minha fruta predileta.
DR.
BOA:
- Não precisa dizer mais nada, Andréa. Apenas, ouça-me. Você é podolatra, sádica
como mesma disse-me. O prazer de dominar seres pequenos começou lá atrás,
quando você esmagou com os seus pés, pintinhos de galinha; fez isso também com
objetos escolares. Como sabia do tamanho exato daqueles seres pequenos que você
injetou em sua vagina? Sem dúvida, foi sua caneta, que presumo que tenha 18 cm
e sua régua, 30 cm. Depois, banhou-as e guardou-as em sua mochila escolar.
Diante do espelho, você devorou a melancia (sua fruta predileta) e, seu tesão
era tanto que conseguiu quebrar o espelho do seu guarda-roupas, sabe-se lá
como, afinal, você é sonâmbula e, sonâmbulos fazem coisas que os “acordados”
não entendem. Quando você despertou desse sonho erótico e maluco foi conferir
se os seres pequenos ainda estavam lá na sua mochila escolar. Eles nunca
estiveram lá, minha querida. Você deve ter notado que, entre os objetos no
interior da mochila, dois estavam molhados, ou seja: sua caneta e sua régua.
Andréa:
-
Meu Deus! Estavam mesmos molhados.
DR.
BOA:
- O
mais estranho de tudo o que eu gostaria de entender foi como você conseguiu
comer até as cascas da melancia. Se bem que você as expeliu tudo no vaso
sanitário.
Pula santa! Você é imaginativa demais e isso me mete medo.
Pula santa! Você é imaginativa demais e isso me mete medo.
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terça-feira, 7 de outubro de 2014
A ESTANTE
Ana Cristina era uma grande mulher
guerreira, trabalhadora. Ficou viúva de Rodolfo, um bom homem que lhe deu uma
linda menina.
Júlia tinha apenas um ano de vida, mas,
era esperta demais. Parecia entender tudo. Olhava atenta para um objeto e, nem
piscava os olhos. Sabe-se lá o que a pequena Júlia imaginava.
Geralda, mãe de Ana Cristina era uma velha
doente, acamada. Em nada podia ajudar a filha que, além de trabalhar fora,
fazia os serviços domésticos. Era sempre aquela rotina de segunda a sexta: Ana
Cristina acordava cedo, deixava a pequena Júlia na creche e ia pro trabalho.
Quem cuidava da velha Geralda era Alda, uma boa vizinha.
Ana Cristina trabalhava como empregada
doméstica numa casa de família. Ganhou de Leonora, sua patroa, uma linda
estante, por sinal, muito grande e pesada. Leonora deixou bem claro:
- Ana Cristina, lhe dou de presente esta
estante, madeira boa, fina e cara, porém, está com um dos pés quebrado. Bote um
calço nela e boa.
Pensem numa estante bonita. A sala de Ana
Cristina que era grande parecia agora pequena, porque aquela estante tomava um
bom espaço.
Sucedeu que num dia de sábado, Ana
Cristina estava atarefada demais com seus afazeres domésticos. Lavava roupas
num tanquinho do lado de fora de sua casa e, de cinco em cinco minutos corria
para a sala pra ver se estava tudo bem com Julinha. Que bonitinha! Ela assistia
desenho animado na TV e nem piscava os olhos.
Alda, a boa vizinha, veio receber de Ana
Cristina certo dinheiro por cuidar da velha Geralda durante a semana.
- Minha mãe tem lhe dado muito trabalho,
Dona Alda?
- Não. Sua mãe é um doce, Ana Cristina.
Nem parece uma retardada, uma débil mental, uma louca.
De repente, um barulho alto seguido de um
estouro. Sim, o barulho era na sala. Ana Cristina corre para lá e aquilo que
viu foi o motivo de sua loucura. Aquela imensa estante caída no chão. Nossa!
Uma das veias de seu cérebro estourou. Só pode. Ela grita tanto, mas, tanto que
soava até línguas estranhas. Uma loucura. Alda, a boa vizinha também grita e
chora muito.
- Meu Deus! Meu Deus! Por que isso
aconteceu? Coitada da pobrezinha Julinha.
Como a vida nos surpreende, gente! Como
aquela estante foi tombar? Por quê?! Quantos “por quês” ainda iremos perguntar e quem vai nos
responder?
Julinha era uma linda bebezinha adorável.
Um anjinho de Deus, querida por todos. Quantas lágrimas! Pelo menos uns quatro
homens fortes, bons vizinhos foram erguer aquela grande e pesada estante. Ana
Cristina gritava, pulava e babava no quintal. Ficou realmente louca.
O que estava previsto acontecer,
aconteceu. A estante caiu. Estava mal calçada, sei lá. Caiu, caiu. O que tem de
acontecer acontece. Não entendemos os desígnios de Deus, mas, creio que Ele tem
muito mais o que fazer do que ficar segurando uma estante. Onde estava o anjo
da guarda daquela criança? Talvez brincando de esconde-esconde nas nuvens com
outros anjos.
Não existe nada, absolutamente nada que
seja mais lindo, mais puro do que um sorriso de uma criança. E agora, a culpa é
de quem? Da mãe ignorante? Depois do fato ignora-se o ato. Não adianta ficar
questionando feito um papagaio: "Mas, como isso aconteceu?". Mesmo
que explique a causa para esse loro, ele não vai entender nada. Quem sabe
pousou um pernilongo cansado de sua jornada sobre aquela estante e, esta não
resistiu e por isso caiu. E a neném? Quem sabe uma família de cupins famintos e
podólatras acabaram de comer o pé ferido da estante e, por isso, esta caiu. E a
neném?
Uma criança é como um anjinho inocente.
Não tem noção de que o perigo pode star presente até no amigo Vicente, num
parente, num ausente, num presidente, num tenente, num demente, num deficiente,
na gente, numa corrente, numa semente, numa mulher inteligente, num valente,
numa mente, num paciente, num vivente, num ascendente, numa dívida pendente,
num cachorro quente, em nossa frente, etc. Pode estar num poeta, num atleta,
numa bicicleta, num pateta, não importa. O perigo pode estar numa porta, numa
torta, numa morta, numa derrota, num agiota, num idiota, não é verdade? Está em
toda parte. Numa arte, num biscate, num padre, num compadre, numa comadre, numa
madre, num covarde. Que absurdo! O perigo pode estar em tudo. Está no mundo,
num susto, num minuto, num assunto, num surdo mudo, num defunto, num presunto,
num luto, num "vamos ficar juntos". É um dilema. O perigo pode estar
num problema, num esquema, numa Maria Madalena, numa fêmea, numa alma gêmea,
numa gema, numa algema. Diacho! O perigo pode estar num macho, num cacho, num
riacho, sei lá. Pode estar num caminhar, num andar, num devagar, num apressar,
num "olá", num "deixa pra lá", num cair e levantar, num
"blá-blá-blá", no mar, num altar, num lugar ou em qualquer lugar.
E agora, o que dizer? Caiu, caiu. O perigo
pode estar num fio, num tio, num assobio, num rio, num cio, num pavio, num pio,
num "ninguém me viu", minha senhora. Pode estar numa sogra, numa
nora, numa escola, numa cola, numa sacola, num "não me amola", num
fora, num apavora, num "vamos embora", numa fofoca, numa foca, numa
dorca, numa cobra, numa sobra, numa droga, numa Ioga, numa frota, numa bota,
numa jóia, num nóia.
Como é triste a dor de perder um ente
querido, meu Deus! Muitos protestam: “Difícil aceitar, se conformar.É muita injustiça".
Tem gente que é tão ruim, mas, tão ruim
que odeia um final feliz de uma história. Por isso é que o perigo pode vir a
todo instante. Pode estar num volante, num andante, numa amante, num diamante,
num alto falante, num tratante, num ignorante e, até mesmo numa estante.
Ao erguerem do chão aquela imensa e pesada
estante, uma surpresa que fez calar até a boca dos anjos: “Cadê Julinha, meu
Deus?” A pequena Julinha, para surpresa de todos estava dormindo no colo de sua
avó Geralda. Mas, como?
- Eu precisa ajudar minha filha Ana
Cristina em alguma coisa. Desde que vi aquela estante, senti perigo. Com
dificuldade, levantei-me desta cama e fui até a sala e peguei minha netinha
trazendo-a para junto de mim.
Grande velha Geralda que hoje não está
mais entre nós. Pobre Ana Cristina hoje está acamada, doente e, não varia das
idéias. Quem cuida dela é a mocinha Júlia, uma grande figura.
Muitas vezes agimos como crianças que não
têm noção do perigo. Achamos que nunca vai acontecer com a gente aquilo que
vemos acontecer com os outros. Não somos como os diamantes no sol que duram
para sempre. O perigo pode star num brilhante, num volante, num elefante, num
restaurante, num ignorante, diante ou distante. Não importa. O perigo está em
toda parte e, pode estar ao nosso lado também. Nada pode valer mais, possa ser
mais valiosa, preciosa do que nossas vidas que são glórias e glórias e, esta é
mais uma das minhas histórias.
doutorboacultural.blogspot.com
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
SONHOS ROUBADOS
Francisco era um jovem muito talentoso.
Compunha lindas músicas e tocava um violão como um verdadeiro artista. Que
letras lindas! Fazia canções nos mais variados gêneros: MPB, Samba Canção, Rock
Pop, Bossa Nova, Sertaneja, enfim, todas muito bem elaboradas. Seu grande sonho
era gravar um CD e mostrar sua arte ao mundo.
Muitas noites, Francisco passava em claro,
compondo em seu quarto. Dagmar, sua mãe, queria muito ajudá-lo, pois,
reconhecia o grande artista que era o seu filho.
Mãe e filho pagavam um alto aluguel para
morarem num subúrbio de São Paulo. Dagmar era diarista, trabalhava em casa de
família e, Francisco, seu único filho de apenas 21 anos, trabalhava como
servente pedreiro.
O falecido Emílio, pai de Francisco,
desejava muito, antes de morrer, ver seu único filho no auge do sucesso.
Espera aí! O que faltava afinal, para
Francisco fazer sucesso? Ele era um jovem bonito, se bem que beleza não conta
na lista dos monstros sagrados. É claro: faltava-lhe uma chance na vida; alguém
que lhe desse um “empurrãozinho”.
Francisco conheceu Isabela, uma linda moça
que, por sinal, não era fraca não. Filha de um Deputado Estadual e, fã de
Francisco. Ela sempre o incentivava.
- Chico, o mundo precisa ouvir suas
músicas. São lindas demais!
Francisco passou a cantar em barzinhos da
grande São Paulo e, num desses barzinhos, conheceu Honésio, um homem que tinha
fama de ser um milagreiro. Conversaram muito e, Honésio prometeu ajudá-lo.
- Traga-me suas melhores músicas: suas
melhores letras. Tem partituras de todas elas?
- Sim.
- São registradas suas músicas?
- Não. Não sei como fazer isso.
Honésio olha sério para Francisco e lhe
diz:
- Mas, eu sei. Traga-me suas composições e
músicas e vamos gravá-las.
Francisco ficou muito entusiasmado. Ele e
sua namorada Isabela sentiram firmeza naquele homem. Por outro lado, Dagmar,
sua mãe, não estava assim tão confiante.
Num sábado à tarde, Francisco encontra-se
com Honésio naquele barzinho, como combinaram.
- Trouxe suas músicas?
- Sim. Estão todas aqui.
Francisco tinha em mãos uma pasta com pelo
menos umas trezentas composições e músicas de sua autoria. Honésio leva
Francisco para sua luxuosa mansão. Francisco fica mais confiante ainda.
- Nossa! O senhor mora aqui?
- Sim. Graças ao meu talento.
- O senhor também é um artista?
- Duvidas?
E no interior daquela luxuosa mansão havia
um estúdio, para surpresa de Francisco que ficou muito emocionado.
- Nossa! Parece que estou sonhando.
Honésio pede para Francisco cantar algumas
músicas e grava-as em alguns canais. Excepcional! A gravação ficou perfeita.
Depois de ouvi-la, Francisco pergunta a Honésio:
- Posso levar uma cópia desse CD para
mostrar à minha mãe e à minha namorada?
Honésio lhe diz sério:
- De forma alguma. Você só vai mostrar seu
trabalho a sua parentela e, principalmente ao mundo quando este for executado.
Estamos apenas começando. Não pense que é tão fácil assim. Vou dar uma olhada
detalhadamente em todo o seu trabalho e, no próximo sábado, gravaremos de novo.
E Francisco, ingenuamente, deixa nas mãos
daquele homem toda a sua arte. No sábado seguinte vai até aquele barzinho e não
encontra Honésio. Isso o deixa bastante preocupado. Ele não lembrava mais onde
Honésio morava. Nem sequer pegou o número de seu telefone, nem email. Muitos
sábados passaram-se e Honésio nunca mais foi visto.
Numa manhã de domingo, Dagmar, mãe de
Francisco por pouco não enfarta. Ouve no rádio uma canção de seu filho cantada
por um cantor famoso. Corre para o quarto do filho, que ainda dormia. Que
trágica notícia! Francisco não tinha registros, Direitos Autorais de nenhuma de
suas músicas. Aquilo, sem dúvida, o deixou pra baixo.
- Eu preciso achar esse sujeito, mamãe.
- Mas, como?
Francisco volta para aquele barzinho que
costumava cantar, porém, não encontra Honésio. Vai até a polícia, mas, também
não acaba resolvendo nada.
Meses depois, outras de suas músicas
estouram nas paradas do sucesso. Onde estava, afinal, Isabela, sua namorada,
que também sumiu?
Francisco recebe uma carta de Veneza,
Itália. Era de Isabela. Com as mãos trêmulas, abre o envelope e lê aquela carta:
“Chico, a verdadeira arte não pode ficar
oculta. Você despertou sua arte tarde demais. O mundo jamais vai aplaudi-lo,
exatamente por não conhecê-lo. Afinal, quem é você? Estou ao lado de um
verdadeiro homem, de um artista que, jamais, deixaria sua arte em oculto. Dê
uma volta por cima; recomece a viver; faça tudo de novo. Explore sua arte, seu
talento no momento certo e para as pessoas certas, seu bobinho. Boa sorte na
vida”.
Honésio e Isabela estavam juntos
desfrutando do bom e do melhor graças às canções de Francisco que fez muito
sucesso na voz de grandes intérpretes. Francisco perdeu tudo o que compôs em
sua vida. Caiu numa depressão total e não suportou mais viver. Cometeu
suicídio. Talvez, o mundo nunca ficará sabendo que ele era, sem dúvida, um
grande artista.
Se você é um artista, valorize a sua arte
antes que seja tarde. Registre-a antes de mostrar ao mundo. Lamentavelmente,
existe muita gente invejosa. Gente que não tem talento, criatividade, dom e que
vegeta na vida a espreita do sucesso de muitos que morrem sem serem
reconhecidos.
A vida é única. Só se vive uma vez.
Explore o artista que existe dentro de você. Não jogue fora sua arte. Creia na
vitória que pode vir sem demora do universo que te apoia porque é uma joia e
quer te cobrir de glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.
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terça-feira, 19 de agosto de 2014
FÉ, AMOR E PACIÊNCIA
José e
Maria, um casal muito religioso. Gostava de fazer caridades sem fazer acepção
de pessoas. Seja lá, quem fosse que batesse palmas no portão, pedindo ajuda,
vendendo algo, enfim, solicitando doações, eles recolhiam para dentro de casa.
Certo dia,
José e Maria almoçavam quando ouviram bater palmas no portão. José foi atender.
Era um
velhinho franzino, magrinho e estava com uma baita fome.
- O senhor
não tem um pratinho de comidinha pro velhinho?
Os olhos
do caridoso José encheram-se de lágrimas.
- Chegou
ao lugar certo, senhor. Venha para dentro de casa almoçar comigo mais minha
mulher.
E aquele
velhinho se fartou de tanto comer. Ficou satisfeito mesmo, sô.
- Não lhe
pedindo muito, o senhor não tem um cafezinho para o velhinho?
Maria
preparou um café fresco de primeira para aquele velhinho humilde.
- Não lhe
pedindo muito, o senhor não tem um quartinho para o velhinho descansar só um
pouquinho?
José e
Maria hospedaram aquele velhinho num dos melhores quartos da casa. E enquanto o
velhinho dormia e roncava, José e Maria se abraçam na sala.
- Maria,
está pensando o mesmo que eu?
- É claro,
José.
- É como
diz Hebreus 13: 2: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela
alguns, não o sabendo, hospedaram anjos”.
Quem seria
aquele velhinho humilde, hein? José e Maria estavam felizes em hospedá-lo.
Pelas cinco da tarde, José e Maria estavam na sala e, levaram um susto, pois, o
velhinho apareceu assim, muito de repente, nem sequer, ouviram seus passos.
- Me deu
fome de novo, amados.
José lhe
responde sorridente:
-
Estávamos somente esperando o senhor acordar. Tem uma mesa farta na cozinha
aguardando o senhor. Venha.
E José e
Maria ficam felizes de ver aquele velhinho comer assim, com tanto apetite.
Tinha de tudo sobre a mesa. Até mesmo mandiocas fritas.
Depois que
o velhinho se fartou de tanto comer, ficou triste e muito pensativo. Foi quando
José o perguntou:
- Senhor,
alguma coisa lhe aborrece?
E o
velhinho responde:
- É que o
velhinho precisava tomar um banhosinho e vestir umas roupas limpinhas.
José
sorridente diz:
- Mas,
isso não é problema, senhor. Pode tomar um bom banho e, tem até banheira no
banheiro. Quanto às roupas, selecionarei as minhas melhores para o senhor.
E enquanto
o velhinho tomava um banho que demorou no mínimo umas duas horas, José e Maria
se abraçam na sala.
- Maria,
se eu lhe disser que estou feliz, certamente estarei mentindo.
- Meu
Deus! Você não está feliz?
- Muito
mais que isso, Maria! Estou felicíssimo.
- Vamos
orar então marido. Vamos agradecer a Deus por esta glória, glória e glórias.
Aleluia!
Quando o
velhinho sai do banheiro, prova as roupas de marcas de José. Nem todas ele
gosta. Ficou com as melhores. Já estava muito tarde. Ele preocupado pergunta as
horas.
- Que
horas são? Nem sequer um relógio, o velhinho tem.
José lhe
presenteia com um lindo Rolex suíço, o melhor relógio do mundo.
- Agora
tem, meu senhor.
E o
velhinho agradece, porém, joga uma indireta.
- Já está
tarde e o velhinho tem que partir. Que pena! Bem que poderia ser agora, cedinho
pro velhinho partir tranqüilo e sozinho.
José
afirma:
- De jeito
nenhum, senhor! Pouse aqui conosco. Já está tarde e faz muito frio lá fora.
Amanhã não pertence a nós. Glória, glória e glórias. Aleluia!
Na sala,
José e Maria se abraçam.
- Olha só
Maria! Que benção tem em nossa casa. Este velhinho é a glória.
O dia
seguinte era um domingo e o velhinho acaba ficando por lá. Toma o café da
manhã, almoça bem, descansa, toma o café da tarde, descansa de novo, janta e
acaba pousando lá de novo.
O
interessante é que nem José, nem Maria faziam perguntas a ele. Nem sequer,
perguntaram qual era o nome daquele velhinho. Afinal, quem era aquele velhinho?
Passaram
dias, semanas e meses e, o velhinho continuava hóspede da casa. Agora, ele já
não pedia mais nada. Abria a geladeira, as portas do armário e se fartava do
bom e do melhor.Tinha total liberdade.
José era
um excelente carpinteiro e ganhava muito bem. Sustentava a casa. Maria ficava
em casa fazendo faxina e, agora, na companhia do velho que não saia sequer, nem
no portão da casa. Ficava lá dentro de casa numa folga total, sentadão no sofá
da sala vendo televisão, enquanto Maria lavava, passava e cozinhava. O velhinho
gostava mesmo era da cozinha. Que apetite era aquele, meu Deus?
Numa
noite, enquanto todos jantavam em silêncio, o velhinho pergunta a José:
- Tens fé,
amor e paciência?
- Sim, meu
senhor.
- Está
gostando de ter o velhinho aqui em sua casa, como o seu hóspede?
- Sim.
- O que
você faria mais por este velhinho?
Esta foi
uma pergunta muito difícil. José e Maria faziam de tudo por aquele velhinho.
José fica confuso.
- O que eu
poderia fazer mais pelo senhor? Tudo o que desejar, oras!
Havia uma
plaquinha bem na porta da cozinha e, o velhinho aponta com o dedo para ela e
pergunta a José:
- O que
está escrito naquela plaquinha?
E José lê.
-
Propriedade exclusiva de Jesus.
Bem neste
momento, forma uma tempestade, muitos raios e trovões e chove muito forte. O
velhinho pergunta a José.
- Daria
esta propriedade por amor a mim?
José se
engasga e, o velho senta um forte tapa em suas costas e diz:
- Eu não
entendi.
José
simplesmente responde:
- Esta
propriedade é sua, senhor.
E o
velhinho diz:
- Quero
que você e sua mulher a desocupem em poucas horas. Boa viagem para vocês.
José e
Maria, sem entenderem nada, nada perguntam. Saem daquela casa e caminham na
chuva e, sabe lá Deus para onde foram. Nunca mais foram vistos.
O velhinho,
agora era o dono daquela propriedade. Afinal, quem era aquele velhinho? O maior
dos traficantes de passarinhos, já aposentado: João Ferreira Bigolinho.
Coitados de José e Maria. Pensaram que estavam hospedando Jesus Cristo.
Ter fé, amor e
paciência é, sem dúvida, uma dádiva de Deus, porém, não podemos esquecer que
muita gente incrédula aproveita de nossa fé. Para dar mão à palmatória, temos
que ter compulsória, nem todos que batem palmas em nossos portões são pessoas
simplórias e dignas de serem notórias. Então, é desnecessário ficarmos dando
glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.
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PAI HERÓI
Meu nome é
Alan, hoje tenho 28 anos. Desde moleque sempre fui revoltado com tudo e com
todos. Aos 12 anos comecei a usar drogas e, para sustentar meu vício roubava
até mesmo minha mãe. Para não ficar devendo para traficantes eu me prostituía.
Os gays adoravam transar comigo, pois eu era ativo, os dominava nos
relacionamentos. Ganhei muito dinheiro me prostituindo que, aos 18 anos já
tinha meu carro e aos 20, meu apartamento. Eu só usava tênis e roupas de marca.
Eu chorava muito porque sentia um vazio muito grande dentro de mim.
Envolvi-me
com um gay bem mais velho do que eu e, nos apaixonamos de verdade. Foi àquele
gay que me ajudou a me livrar das drogas porque eu já estava me despedindo da
vida. Gratidão não tem preço, mas, eu devo isso a ele.
Numa
noite, após uma relação sexual, desabafei a história do meu passado com ele
que, repentinamente teve uma crise de choro. A história era minha e eu queria
entender o “porque” dele chorar tanto. Ele dispensava minhas carícias, não
parava de chorar e, por fim gritou feito um alucinado: “Eu sou o seu pai”. Foi
à última vez que vi aquele homem.
Sozinho em
meu apartamento comecei a chorar em desespero ouvindo uma música do grupo YES,
“Soon”. Pensei em beber e me drogar naquela hora, mas não fiz isso. A
história que contei para aquele homem era muito forte, mas era a mais pura das
verdades:
“Eu tinha
três anos quando meu pai me abandonou. Disse-me que não demorava pra voltar
para casa e que me traria quando voltasse, meu Danoninho. Ele me enganou,
porque nunca mais voltou. Minha mãe era quem sustentava a casa e, com o passar
do tempo se adoeceu. Na minha adolescência eu batia muito nela e roubava o seu
dinheiro para me drogar. Eu queria o meu pai de volta, mesmo sem Danoninho. Eu
queria aquele homem que me contava lindas estorinhas, que me fazia rir;
fazia-me feliz. Era ele que me salvava da Cuca, do Bicho Papão em meus sonhos.
Sim, meu pai era o meu herói. Onde ele está agora?”
- O tempo
passou e, hoje estou aqui, doutor Boa, para lhe ouvir. Eu perdoo meu pai por
ele ter me abandonado. Hoje, eu tenho aversão a sexo. Não tenho um pai herói e
sim um viado.
- Alan, o
que é ser herói para você? Será que ser herói para você é ser forte, másculo?
“Viado” é pejorativo e, isso é ridículo. Seu pai é um homossexual e daí? O que
muda isso para você que, até um tempo atrás também era? Seu pai ouviu a sua
história, porém, você não ouviu a dele porque também ele não te contou.
Disse-me que quem te salvava da Cuca, do Bicho Papão nos teus sonhos era ele,
não era? Teu pai te contava lindas estorinhas, fazia você feliz. Por alguma
razão (que você nunca soube) ele te abandonou deixando você e sua mãe numa
situação bastante precária. A vida é maravilhosa, Alan, porém, ela nos
surpreende. Nem todo final de uma vida é feliz. As vidas de vocês (pai e filho)
não acabaram e jamais vão acabar um dia. O que aconteceu com vocês dois é obra
da carne e, a carne envelhece, morre e apodrece um dia. Ser ou não homossexual
não vai mudar nada. O espírito sim é forte e é eterno. Realmente, é uma
situação bastante delicada: pai e filho ter relações sexuais, porém, vocês não
sabiam disso. Como até as pedras se encontram, um dia creio que vocês vão se
encontrar. Dê um abraço bem forte em seu pai, ouça a história dele e depois
disso chame-o de herói. Lembre-se que ele apareceu em sua vida quando você já
estava se despedindo dela devido às drogas. Sim, ele é muito mais do que um
simples pai, é o seu pai herói.
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segunda-feira, 18 de agosto de 2014
O PERIGO
Jacó era um homem de muita sorte na vida. Tudo o que fazia
dava certo. Saudável como uma goiaba
comia de tudo e nada lhe fazia mal. Pai de família, casado com Lília, tinha
duas filhas: Virgília e Emília.
Jacó trabalhava como eletricista. Sem dúvida, um trabalho
muito perigoso. Ele emendava fios de luz nos postes e, haja sorte: escapou da
morte. Viu dois colegas de trabalho morrer eletrocutados e estavam a seu lado.
Decidiu mudar de ramo depois desta.
Arrumou um bom emprego: segurança de banco. Que moleza de
trampo! Cidade interiorana, repleta de caipiras bacanas, pacífica como as águas
do oceano de um poeta alagoano. A hora do almoço era sagrada para Jacó. Meio
dia ia almoçar em casa com sua família.
Sucedeu que, num dia, no que Jacó sai do banco, ocorre muito
espanto, horror e pranto: quatro assaltantes, provavelmente vindos de cidades
grandes invadem aquele banco e, muitos gritos, tiros e tiros que matam e deixam
muitos feridos. Decidiu mudar de ramo depois desta.
Jacó muito bem habilitado consegue um emprego como motorista
de viagem. Não queria mais nada do que passear pelas estradas. De Minas ao Rio,
do Rio a Minas e, ele voltava à sua casa para folgar dois dias com sua família.
Sucedeu que numa noite quando ele conduzia o ônibus para o
Rio, (olha o perigo) cochilou na direção. Veio em contramão, bem em sua
direção, (olha o perigo) um caminhão. Quando algo tem de acontecer,
simplesmente acontece e, não adianta fazer preces para aqueles que padecem e,
(olha o perigo) Jacó conseguiu desviar daquele caminhão que vinha do Rio e
caiu, coincidentemente num rio. Quem conduzia o caminhão era Liu, que fazia
dupla com Léo. Pois é, foi pro beleléo.
Morreu como também morrem os judeus.
Jacó ficou muito assustado depois deste episódio que viveu,
que presenciou que decidiu mudar de ramo. Afinal, vinha mais uma boquinha na família. Que maravilha! Sua
mulher Lília, branca feita à neve com leite de coco estava grávida de uma
menina que daria o nome de Cecília.
Jacó trabalhava agora numa grande fazenda como capataz de
Barrabás, um sujeito negro que tinha Jacó por seu braço direito.
Barrabás gosta tanto dos serviços de Jacó que lhe dá uma casa
em sua imensa fazenda. O que Jacó ia querer mais, Barrabás? Leitinho puro de
vacas e cabras, manteiguinha no pão, arroz e feijão, frutas de todos os tipos
e, isso inclui o figo, enfim, nova vida para ele e para a sua querida família.
Numa manhã de domingo, (olha o perigo) o galo cantou, a bolsa
de Lília estourou, (olha o perigo) e Cecília nasceu saudável feita uma pera. Quem fez o parto de Lília foi
Leonardo, um dos empregados de Barrabás.
O que deu errado, meu Deus? Só porque a neném nasceu pretinha? Não era questão de preconceito, mas, Jacó e Lília eram branquinhos, caçamba! Jacó ficou tão nervoso, mas, tão nervoso que chorou feito um bezerro apaixonado. Para aliviar tanta emoção resolveu tomar uma pinga. Na sequência mais uma, depois outra. Bebeu tanto, mas, tanto que quando voltava para sua casa, escorrega numa casca de banana e leva um tombo tão feio que, lastimavelmente, (olha o perigo) bate com a cabeça numa pedrinha traiçoeira e morre. Coitado! Que final de vida mais bobo.
O que deu errado, meu Deus? Só porque a neném nasceu pretinha? Não era questão de preconceito, mas, Jacó e Lília eram branquinhos, caçamba! Jacó ficou tão nervoso, mas, tão nervoso que chorou feito um bezerro apaixonado. Para aliviar tanta emoção resolveu tomar uma pinga. Na sequência mais uma, depois outra. Bebeu tanto, mas, tanto que quando voltava para sua casa, escorrega numa casca de banana e leva um tombo tão feio que, lastimavelmente, (olha o perigo) bate com a cabeça numa pedrinha traiçoeira e morre. Coitado! Que final de vida mais bobo.
“O perigo pode estar num marido, num amigo inimigo, num ente
querido, num tigre ferido, num abrigo, num caso mal resolvido, num remédio
vencido, num pudim amanhecido; num herói, num bandido, numa mulher, num pé,
numa fé, num café; num barranco, num trampo, num canto, num santo, num banco;
num volante, num instante, numa estante, numa Rita irritante, num alto falante,
num ignorante, num assaltante, num homem elegante, num mosquito, num elefante. Numa
sobra, numa cobra, numa dobra, numa fofoca, numa paçoca; num cortiço, num
comício, num início, num precipício, num vício, num elogio, num bolo prestígio;
numa ilha, numa maravilha, no seio de uma família e também numa Cecília. Não
importa se para muitos esta vida é torta, é morta. “Que soltem seus pintos da
gaiola porque a hora da vitória é agora e deem glórias e glórias e, esta é mais
uma das minhas histórias”.
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