“Quando eu era criança, falava como criança, sentia como
criança e pensava como criança. Agora que sou adulto, parei de agir como
criança”. (1 Cor. 13:11)
Creio que no íntimo de muitos pais é desejar que seus filhos
nunca crescessem. Se fosse possível, por todo o percurso da vida, seus filhos
sempre seriam crianças, porque com o tempo, aquela pureza e doçura de uma
criança findam, ou literalmente, morrem um dia. Com o tempo, os olhos da
inocência se abrem para o conhecimento real do que este mundo vago, sórdido e
grotesco pode mostrar. É evidente que nem tudo o que o mundo oferece é ruim,
porém, a malícia, a impureza se identifica na vida de qualquer um, quando se
deixa de ser criança.
Carlos era um pai exemplar. Sua mulher faleceu no parto de João
e Jonas, ambos gêmeos idênticos o que um pai amoroso não é capaz de fazer pelos
seus filhos? Carlos mimava-os, contava-lhes belas histórias, presenteava-lhes
com bons presentes e, principalmente, com o maior deles, que é aquele que não
tem preço: o amor.
João e Jonas tinham nove anos e eram crianças muito bem
educadas e amavam o pai que tinham como o herói de suas vidas.
A vida que surpreende a todos com bons ou maus
acontecimentos, também, surpreenderam a Carlos. Seu filho João adoeceu.
Contraiu uma enfermidade gravíssima: leucemia ou câncer no sangue e, somente um
milagre poderia salvá-lo. Carlos, um homem temente a Deus, colocou toda a sua
fé à prova, implorando que Deus tivesse misericórdia e não recolhesse seu
filho. O sonho do pequeno João era o de crescer um dia e ser médico e salvar
muitas vidas. Lamentavelmente, este sonho não se realizou. Antes de morrer, no
leito do hospital, o pequeno João falou ao pai:
- Não sofra e não chore por mim, meu pai. Sinto que ficarei
bem quando eu daqui partir. Não sei para onde vou, mas, deve ser para um lugar
lindo, aquele que o pai me contou que para lá, vão todas as crianças. Lá não
ficarei sozinho. Obrigado por tudo o que me fez, pai. Cuide de Jonas e, quero
acreditar que um dia, todos nós, incluindo a mamãe que não conheci, estaremos
juntos.
Foram as últimas palavras do pequeno João. Aparentemente, seu
semblante estava tranquilo, bonito e, no íntimo de Carlos, ele acreditava que
seu filho João, realmente foi para um lugar bonito, diferente deste mundo tão
sórdido e grotesco.
“Vinde a mim todas as crianças, porque delas é o Reino dos
Céus”. (Mateus 19: 13 – 15) Lindas palavras de Jesus.
Jonas cresceu forte e saudável. Não precisa mais ouvir as
histórias que lhe contava seu pai. Sentia-se homem como muitos garotos adolescentes. Seu comportamento agora era
devasso. Não queria mais ir à igreja com o pai, preferindo os prazeres do mundo
a o amor para com Deus. Seu envolveu com más companhias e pior do que isto: com
drogas e prostituição. Para manter seus vícios, muitas vezes, roubava seu
próprio pai. Sem dúvida, isto trouxe muito sofrimento para Carlos.
Jonas já não tinha o menor respeito para com seu pai. Além de
usar drogas e de se prostituir na frente do pai, ainda o batia. Carlos não
suportou isso por muito tempo. Teve um infarto do miocárdio, morreu agonizando
e, seu semblante estava horrível.
Assim é a vida que surpreende a todos nós. É errado dizer que
o destino é a gente mesmo quem faz. Os verdadeiros heróis deste mundo são
aqueles que mesmo morrendo velhos, nunca deixaram de ser como as crianças.
“E disse Jesus: Eu asseguro que, a não ser que vocês se
convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos Céus”. (Mateus 18: 3).
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