sábado, 6 de julho de 2013

UM PRESENTE DE DEUS AOS HUMANOS



Cansado de ouvir tanto choro, tanta lamúria, tanta conversa fiada, de ver tanta miséria, violência e, de sentir tanto cheiro podre de carniça poluindo mais e mais a terra, Jeová Giré (o Deus das girações e também das gerações) resolveu presentear os humanos. Desta vez não enviou anjos nem profetas, nem mandou homens escreverem nada. Disse pra si mesmo: “Descerei a terra pessoalmente e falarei com este povo estúpido, ignorante e mal criado”.

No que Giré pisa na terra uma terça parte dela já vai pro pau. O Japão e países vizinhos desaparecem do globo devido a um grande terremoto; chove lascado em Lima, no Peru e o país acaba-se em dilúvio; os Estados Unidos do Nordeste Brasileiro vão parar no Alaska, aí se dana tudo.

Giré pega um gigante chicote e dá uma surra nos humanos que restaram. Até mesmo os nenenzinhos sentem a lambada do chicote em suas bundinhas que nem pompom com protex lhes protegem nessa hora. Giré estava com a macaca, meu!

- Bando de vermes! Até quando vão perturbar minhas idéias? Estão me tirando pra lók?

O povo teme a Giré e nem pisca os olhos. Porém, por ser pai e, por sinal de muitos filhos, aplica a eles o seu grande amor.

- Darei a vocês um presente definitivo para que vivam em perfeita harmonia e para sempre assim como eu. Serão eternos, entenderam? Sim ou não?

O povo suspira e, o interessante é que até mesmo os nenenzinhos parecem entender tudo. Giré prossegue:

- Este presente é tão bom que nunca mais vão esperar a chegada do Natal, pois o Natal será todos os dias.

O povo vibra, se coça, bate palmas e grita numa só voz:

- Aleluia! Aleluia!

Giré prossegue:

- Fim das raspas nas panelas, da salada de capim e do bolo de água. Fim darei a fome para sempre.

O povo se rola no chão de tanta alegria.

- Aleluia! Aleluia!

- Querem mais? Querem queijo?

Giré joga toneladas de queijo para o povo e até mesmo os ratinhos se pudessem dizer diriam “aleluia!”

- SUS?! O que é isso?! Sistema único de saúde? Fim darei a hemorróida, diabetes, câncer da bexiga, das tripas e lombrigas, cirrose, trombose, artrose e toda a praga de moléstias e doenças.

O povo vibra:

- Aleluia! Aleluia!

Giré observa seus filhos e se emociona. Até chora:

- Amados, chega de sofrimento. Assim como eu amo as bactérias, os vírus, eu também amo vocês. Não faço acepção de nada de forma alguma. Vocês e uma reunião de baratas discutindo onde vão atacar para mim é a mesma coisa, porém, como um dia eu tive a ideia de criá-los a minha imagem e semelhança quero que sejam como eu, entenderam? Sim ou não?

O povo também se emociona, chora e ora. Giré prossegue:

- Todos vocês terão suas casas próprias. Fim darei ao aluguel, atestado de pobreza, bolsa família, seguro desemprego. Pode parar! Ninguém vai precisar trabalhar mais não. Quero ver vocês coçando o pé, o escroto numa boa, sem esse diabo de preocupação.

O povo se rola no chão, chora, berra, grita...

- Aleluia! Aleluia!

Giré prossegue:

- Fim darei ao avião, o trem, o metrô, o ônibus, o carro, o navio, o barco, a carroça, a escada rolante, o elevador e a todo veículo de transporte. Isso é tudo besteira, amados. Darei a vocês asas e voarão para onde quiserem. Sugiro que voem para a igreja.

O povo se cala e fica imaginando como será essa mudança assim tão radical. Giré prossegue:

- Voltando ao item fome: exterminarei da face da terra a galinha. Muitos de vocês estão comendo até o cérebro da bichinha, sem falar dos bicos e unhas. Pode parar! Até os ovos, bando de esfomeados darei fim. Vai acabar esse negócio de franguinho na panela. Aliás, fim darei as panelas também. Vocês vão comer frutas. Eu sugiro a banana que faz um bem enorme pros ossos.

O povo se cala de vez e Giré prossegue:

- Fim darei as festas também. Esse negócio de carnaval é festa da carne e jogo de bundas me dá nojo. Vocês viverão como irmãos e, inclusive fim darei as bundas também. Desde que criei a bunda, no princípio do mundo, ela só tem me causado sérios problemas. Vocês não precisarão mais de bundas. Sem bundas, entenderam? Sim ou não?

Um bundão no meio daquela multidão fica preocupado e pergunta para Giré:

- Cem bundas só, Senhor?

Giré entende a preocupação daquele sujeito.

- Eu disse: Sem bundas e não cem bundas, seu sem vergonha.

O povo fica triste porque a maioria gosta de bunda. Fica imaginando como poderá viver sem ela. Giré prossegue:

- Chega de sexo. Fim darei a todos os prazeres carnais, filé de bundas, surubas, etc.; pode parar.

O povo coça a cabeça, a orelha e não diz nada. Giré prossegue:

- Querem queijo?

O povo se alegra e diz numa única voz:

- Queremos.

Giré responde:

- Acabou. Fim darei as vacas também. Fim darei ao leite e seus derivados como a manteiguinha e o queijinho, etc. Chega de gases intestinais. Isso polui a terra e, depois outra: vocês não terão bundas.

O povo baixa a cabeça entristecido. Giré prossegue:

- Vocês comerão capim como o cavalo e frutas, só isso. Não vão se chapar de suco de uva que eu não quero nenhum nóia no paraíso.

O povo faz cara feia, mas nada diz. Giré prossegue:

- Tudo isso darei a vocês, porém, com uma única condição: aceitem meu filho.

O povo se retira aos poucos da presença de Giré e vai embora. Giré fica tão indignado que tem vontade de chicoteá-los de novo, mas não faz isso. Diz pra si mesmo: “Por que esse povo não aceita meu filho? Ele é tão legal".

doutorboacultural.blogspot.com/

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