Eu amava demais Peidonésio, doutor. Da janela do meu quarto ficava o vendoele jogar bola com outros moleques e, ficava tão emocionada quando meu Peido marcava um gol que gritava: “Gol! Gol, gol, gol!! E chamava minha mãe cega para ver também e dizia: “Mamãe, (tá vendo?) aquele moleque, um dia será um homem e me casarei com ele. E, mamãe, moderna que só a pôrra mulçumana, dizia: “Vai fundo, filha da pura mãe”.
Como Peidonésio era lindo, Jesus! Sua mãe teve cinco derrames e ficou impossibilitada de fazer qualquer tipo de serviço, incluindo o doméstico. Foi quando eu me ofereci para trabalhar na casa de Peido, que morava só com a velha. Adorava lavar as meias e, principalmente as cuecas de Peido. Tinha aquelas marquinhas de bosta e, isso me excitava. Eu dava glórias, oras! Deixava-as limpinhas, perfumadinhas, aguardando as próximas remessas.
O pesado da faxina era ter que desentupir o vaso sanitário. Tinha cada troço grosso e gordo que só pela misericórdia. Mas, eu botava umas luvas e amassava bem as bostas até que elas virassem um caldo e, depois metia-lhes baldadas de água de poço e elas desciam pra fossa para alegria dos ratos e das baratas. Adeus, fedor, Jesus! Eu deixava aquela privada cheirando a leite.
Peidonésio era muito lindo, Jesus! Era fanho e gago; só tinha três dentes na boca; manco de uma perna, barrigudinho e, tinha um bundão que dava um show. Aquela sua bunda era uma glória, confesso.
Um dia, Peidonésio me flagrou cheirando uma de suas cuecas usadas e, ficou mais sem graça do que eu que até soltou um peido. Eu sorri e disse: “Eta peste!” Ele soltou mais um peido, depois outro e mais outro e, nós dois caímos na gargalhada e, ele conseguiu me fazer chorar quando me declarou em inglês: “Ai, ai, lóve is iull”. Que lindo! Como não entendi, ele me traduziu: “Eeu titi aamo”. Entendi o que ele quis dizer-me porque quem ama entende a língua dos fanhos e, dos gagos também. Começamos a namorar e eu, confesso: tinha ciúmes até dos seus peidos.
Eu tinha dezesseis anos e, coincidentemente ele também tinha dezesseis. Como sempre fui porreta em matemática, calculei nossas idades juntas no adicional e, o resultado dava trinta e dois. Estava na hora de casar, Jesus! Cheguei unto dele, olhei bem para os olhos dele, (tocava na rádio a música da nossa vida: “Meteoro da Paixão”) e disse pra ele:
- Peido, meu amor, quer ou não se casar comigo?
Ele, tímido que só pela misericórdia dos cegos de Jericó, se torceu todo, (parecia estar recebendo um espírito Exú) soltou um peido alegre e disse-me:
- Só se, só se, só se for agora.
- Me chame de “doce, docinho”, amor.
E ele ensaiou e disse-me:
- Dofe, dofinho.
E, diante de declarações tão lindas de amor, nos casamos. A velha da sua mãe morreu e deixou uma herança gorda para o meu querido Peido. Tinha dinheiro pro resto da vida. Compramos uma casinha, um aparelho de som e, uns cinco mil CDS piratas de modão sertanejo.
Finalmente, chegou à lua de mel. Fiquei peladinha na cama esperando-o sair do vaso sanitário, depois do banho. Tocava aquela do Teló: “Eu quero chá, eu quero chun, eu quero cha, chá, chun, chun, chun”. E, que decepção, doutor! Não queria acreditar no que via ou no que não via. Peidonésio não tinha pinto, Jesus! Aí, lascou-se tudo. Fiquei decepcionada de tal forma que tive que soltar uns peidos para me acalmar. Ele, também, ficou tão aborrecido que até se cagou todo. Arrumei minha mala e voltei para a casa de mamãe. Ficar com um homem sem pinto é um problema, não é doutor? Hoje, quando solto um peido, lembro-me dele. Devo voltar ou não para ele, doutor? Meu nome é Cunésia.
DR. BOA RESPONDE:
- Confesso piamente que nunca ouvi antes em toda a minha vida uma história tão horrorosa, absurda, nojenta e doente como esta que acabo de ouvir. A princípio, seus pais e, os pais dessa criatura denominada “Peidonésio” deveriam ter levado uma cabaçada de pau na saída do cartório, por terem registrado estes nomes horríveis em vocês; assim, como as pedras se encontram, creio que as imundícies também. Peidonésio e Cunésia, o que é isso Giré dos giros? É o massacre dos farrapos? A bomba de Hiroshima? O romance dos carrapatos ou a ópera da China?
Você é uma pessoa anti higiênica, literalmente porca e, principalmente doente. Esse teu fetiche de cheirar cuecas com marquinhas é doentio e precisa ser tratado. O fato de Peidonésio ser gago e fanho, sem problemas. Parece que o que te excitava era quando ele te chamava de “Dofe, dofinho”. Ser manco não é problema, dar mancadas que é ridículo. Três dentes na boca, minha cara? Um tremendo de um relaxado que deve ter chupado muitas balas de soda cáustica para deixar a boca neste estado. O humor de vocês resumia-se em peidos e isso é coisa de retardado; gente que adora viver no fedor tem é mais é que ir pros quintos dos infernos. Pra finalizar, volte pra ele independente dele ter pinto ou não. Hoje em dia se compra pinto de plástico por 1.99, minha cara. Pelo menos, não será traída por ele, mocréia. Rezem muito vocês dois e aprendam boas maneiras. Mudem seus nomes e, respeitem a vida.
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