quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SERES PEQUENOS


Meu nome é Andréa, tenho 22 anos. Sei que a história que eu vou contar aqui pode parecer paranoia doutor, mas, não é. Eu juro que não sonhei e nem tão pouco inventei isso.
Desde os meus 16 anos sempre gostei de me masturbar e, eu mesma perdi minha virgindade numa dessas masturbações sem precisar de um pênis de qualquer moleque, entende? Sempre gostei do meu corpo e sentia tesão comigo mesma.
Numa tarde, eu voltava do colégio para a minha casa, como sempre, de segunda a sexta-feira, filha única, meus pais trabalhando e eu ficava só em casa, em especial em meu quarto no andar de cima. Que saudoso sobrado! Lá, eu descalçava meus tênis e ficava massageando meus pés e, isso me dava muito tesão. Eu pisava em meus materiais escolares como lápis, canetas, régua e borrachas, sentindo-me superior a eles e, isso só aumentava o meu prazer, entende? E, confesso que nessas horas batia-me uma fome daquelas. Foda-se! Eu matava minha fome e meu tesão na frente do espelho do meu guarda-roupas.

Naquela tarde, eu sentia um tesão diferente, assim muito forte. Fazia um calor de 40 graus, (eu acho), tomei uma ducha fria e me joguei nua na cama, quer dizer: só de calcinha e, ela estava totalmente molhada de puros orgasmos. Deu-me um sono profundo; fiquei dopada e, nunca fui usuária de drogas. Dormi pra valer porque apagou tudo. Acordei assustada e, com uma fome violenta. Desci para a cozinha e peguei uma melancia e fui comer em meu quarto.



Que droga! De repente, entra pela janela uma “coisa” semelhante a uma nave ou um disquinho voador totalmente parecido com a melancia. E, aquela coisa bateu contra o espelho do meu guarda-roupas, e quebrou. Só que aquele disquinho voador também se danificou. Curiosa, fiquei observando: saíram de dentro daquela “coisa verde” dois homenzinhos jovens em miniaturas. Corpinhos lindos! Seres pequenos lindos, eu juro. Falavam uma língua estranha que eu não entendia nada, apenas deduzi que, eles estavam assustados. Um deles, o menor, tinha 18 cm e outro 30 cm. Que sadismo, o meu! É claro que eu os dominei. Eu com 1.75 m de altura era gigante para eles, entende?
Mergulhei um de cada vez na minha vagina e fiquei brincando com aquelas “coisinhas lindas” até eu ter vários orgasmos. Caracas! Fiquei assustada. Por pouco não os matei asfixiados ou afogados com o meu orgasmo. Dei um banho neles e, na sequência guardei-os na minha mochila escolar, antes, certificando de que, de lá, jamais fugiriam.
Com meus pés destruí aquela “coisa verde” e, com minha boca faminta e sádica comi toda ela. Confesso que tinha um gosto muito bom. Só que, minutos depois expeli tudo aquilo que engoli pra fora, no vaso sanitário. Que alívio! Tomei mais uma ducha, depois fui ver minhas miniaturas. Espera aí! Elas não estavam mais na minha mochila e, entrei em pânico. Procurei por elas em todo o meu quarto e, juro, doutor: isso não foi um sonho e, prova disso é o espelho quebrado do meu guarda-roupas. Não me chame de louca, Doutor, porque essa é a minha história.
DR. BOA:
Andréa, se tem algo que eu levo realmente a sério é a loucura dos loucos. Para que eu chegue à conclusão do misterioso caso dos “seres pequenos” vou precisar lhe fazer algumas perguntas e, peço que você seja sincera nas suas respostas, ok?
Andréa:
- Ok, doutor.
DR. BOA:
- Você é podólatra. Estou certo de que é.
Andréa:
- Sim. Como sabe disso?
DR. BOA:
- Qual a maior loucura ou fantasia que já fez por sexo?
Andréa:
- Esmaguei até sangrá-los e matá-los seis pintinhos de galinha com os meus pés e, enquanto fazia isso, tive orgasmos.
DR. BOA:
- Já se masturbou com objetos escolares?
Andréa:
- Sim.
Dr. BOA:
Com que objetos você se masturbou?
Andréa:
- Com minha caneta e minha régua, que eu mais gostei.

(30 cm)

 (18 cm)

DR. BOA:
- Você é sonâmbula?
Andréa:
- Nossa! Sou sonâmbula, sim.
DR. BOA:
Naquelas horas de tesão intenso o que você costumava comer?
Andréa:
- Melancia, a minha fruta predileta.
DR. BOA:
- Não precisa dizer mais nada, Andréa. Apenas, ouça-me. Você é podolatra, sádica como mesma disse-me. O prazer de dominar seres pequenos começou lá atrás, quando você esmagou com os seus pés, pintinhos de galinha; fez isso também com objetos escolares. Como sabia do tamanho exato daqueles seres pequenos que você injetou em sua vagina? Sem dúvida, foi sua caneta, que presumo que tenha 18 cm e sua régua, 30 cm. Depois, banhou-as e guardou-as em sua mochila escolar. Diante do espelho, você devorou a melancia (sua fruta predileta) e, seu tesão era tanto que conseguiu quebrar o espelho do seu guarda-roupas, sabe-se lá como, afinal, você é sonâmbula e, sonâmbulos fazem coisas que os “acordados” não entendem. Quando você despertou desse sonho erótico e maluco foi conferir se os seres pequenos ainda estavam lá na sua mochila escolar. Eles nunca estiveram lá, minha querida. Você deve ter notado que, entre os objetos no interior da mochila, dois estavam molhados, ou seja: sua caneta e sua régua.
Andréa:
- Meu Deus! Estavam mesmos molhados.
DR. BOA:
O mais estranho de tudo o que eu gostaria de entender foi como você conseguiu comer até as cascas da melancia. Se bem que você as expeliu tudo no vaso sanitário.
 Pula santa! Você é imaginativa demais e isso me mete medo.

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

A ESTANTE


Ana Cristina era uma grande mulher guerreira, trabalhadora. Ficou viúva de Rodolfo, um bom homem que lhe deu uma linda menina.

Júlia tinha apenas um ano de vida, mas, era esperta demais. Parecia entender tudo. Olhava atenta para um objeto e, nem piscava os olhos. Sabe-se lá o que a pequena Júlia imaginava.

Geralda, mãe de Ana Cristina era uma velha doente, acamada. Em nada podia ajudar a filha que, além de trabalhar fora, fazia os serviços domésticos. Era sempre aquela rotina de segunda a sexta: Ana Cristina acordava cedo, deixava a pequena Júlia na creche e ia pro trabalho. Quem cuidava da velha Geralda era Alda, uma boa vizinha.
Ana Cristina trabalhava como empregada doméstica numa casa de família. Ganhou de Leonora, sua patroa, uma linda estante, por sinal, muito grande e pesada. Leonora deixou bem claro:
- Ana Cristina, lhe dou de presente esta estante, madeira boa, fina e cara, porém, está com um dos pés quebrado. Bote um calço nela e boa.

Pensem numa estante bonita. A sala de Ana Cristina que era grande parecia agora pequena, porque aquela estante tomava um bom espaço.
Sucedeu que num dia de sábado, Ana Cristina estava atarefada demais com seus afazeres domésticos. Lavava roupas num tanquinho do lado de fora de sua casa e, de cinco em cinco minutos corria para a sala pra ver se estava tudo bem com Julinha. Que bonitinha! Ela assistia desenho animado na TV e nem piscava os olhos.
Alda, a boa vizinha, veio receber de Ana Cristina certo dinheiro por cuidar da velha Geralda durante a semana.
- Minha mãe tem lhe dado muito trabalho, Dona Alda?
- Não. Sua mãe é um doce, Ana Cristina. Nem parece uma retardada, uma débil mental, uma louca.
De repente, um barulho alto seguido de um estouro. Sim, o barulho era na sala. Ana Cristina corre para lá e aquilo que viu foi o motivo de sua loucura. Aquela imensa estante caída no chão. Nossa! Uma das veias de seu cérebro estourou. Só pode. Ela grita tanto, mas, tanto que soava até línguas estranhas. Uma loucura. Alda, a boa vizinha também grita e chora muito.
- Meu Deus! Meu Deus! Por que isso aconteceu? Coitada da pobrezinha Julinha.
Como a vida nos surpreende, gente! Como aquela estante foi tombar? Por quê?! Quantos “por quês” ainda iremos perguntar e quem vai nos responder?
Julinha era uma linda bebezinha adorável. Um anjinho de Deus, querida por todos. Quantas lágrimas! Pelo menos uns quatro homens fortes, bons vizinhos foram erguer aquela grande e pesada estante. Ana Cristina gritava, pulava e babava no quintal. Ficou realmente louca.
O que estava previsto acontecer, aconteceu. A estante caiu. Estava mal calçada, sei lá. Caiu, caiu. O que tem de acontecer acontece. Não entendemos os desígnios de Deus, mas, creio que Ele tem muito mais o que fazer do que ficar segurando uma estante. Onde estava o anjo da guarda daquela criança? Talvez brincando de esconde-esconde nas nuvens com outros anjos.
Não existe nada, absolutamente nada que seja mais lindo, mais puro do que um sorriso de uma criança. E agora, a culpa é de quem? Da mãe ignorante? Depois do fato ignora-se o ato. Não adianta ficar questionando feito um papagaio: "Mas, como isso aconteceu?". Mesmo que explique a causa para esse loro, ele não vai entender nada. Quem sabe pousou um pernilongo cansado de sua jornada sobre aquela estante e, esta não resistiu e por isso caiu. E a neném? Quem sabe uma família de cupins famintos e podólatras acabaram de comer o pé ferido da estante e, por isso, esta caiu. E a neném?
Uma criança é como um anjinho inocente. Não tem noção de que o perigo pode star presente até no amigo Vicente, num parente, num ausente, num presidente, num tenente, num demente, num deficiente, na gente, numa corrente, numa semente, numa mulher inteligente, num valente, numa mente, num paciente, num vivente, num ascendente, numa dívida pendente, num cachorro quente, em nossa frente, etc. Pode estar num poeta, num atleta, numa bicicleta, num pateta, não importa. O perigo pode estar numa porta, numa torta, numa morta, numa derrota, num agiota, num idiota, não é verdade? Está em toda parte. Numa arte, num biscate, num padre, num compadre, numa comadre, numa madre, num covarde. Que absurdo! O perigo pode estar em tudo. Está no mundo, num susto, num minuto, num assunto, num surdo mudo, num defunto, num presunto, num luto, num "vamos ficar juntos". É um dilema. O perigo pode estar num problema, num esquema, numa Maria Madalena, numa fêmea, numa alma gêmea, numa gema, numa algema. Diacho! O perigo pode estar num macho, num cacho, num riacho, sei lá. Pode estar num caminhar, num andar, num devagar, num apressar, num "olá", num "deixa pra lá", num cair e levantar, num "blá-blá-blá", no mar, num altar, num lugar ou em qualquer lugar.
E agora, o que dizer? Caiu, caiu. O perigo pode estar num fio, num tio, num assobio, num rio, num cio, num pavio, num pio, num "ninguém me viu", minha senhora. Pode estar numa sogra, numa nora, numa escola, numa cola, numa sacola, num "não me amola", num fora, num apavora, num "vamos embora", numa fofoca, numa foca, numa dorca, numa cobra, numa sobra, numa droga, numa Ioga, numa frota, numa bota, numa jóia, num nóia.
Como é triste a dor de perder um ente querido, meu Deus! Muitos protestam: “Difícil aceitar, se conformar.É muita injustiça".
Tem gente que é tão ruim, mas, tão ruim que odeia um final feliz de uma história. Por isso é que o perigo pode vir a todo instante. Pode estar num volante, num andante, numa amante, num diamante, num alto falante, num tratante, num ignorante e, até mesmo numa estante.
Ao erguerem do chão aquela imensa e pesada estante, uma surpresa que fez calar até a boca dos anjos: “Cadê Julinha, meu Deus?” A pequena Julinha, para surpresa de todos estava dormindo no colo de sua avó Geralda. Mas, como?
- Eu precisa ajudar minha filha Ana Cristina em alguma coisa. Desde que vi aquela estante, senti perigo. Com dificuldade, levantei-me desta cama e fui até a sala e peguei minha netinha trazendo-a para junto de mim.
Grande velha Geralda que hoje não está mais entre nós. Pobre Ana Cristina hoje está acamada, doente e, não varia das idéias. Quem cuida dela é a mocinha Júlia, uma grande figura.

Muitas vezes agimos como crianças que não têm noção do perigo. Achamos que nunca vai acontecer com a gente aquilo que vemos acontecer com os outros. Não somos como os diamantes no sol que duram para sempre. O perigo pode star num brilhante, num volante, num elefante, num restaurante, num ignorante, diante ou distante. Não importa. O perigo está em toda parte e, pode estar ao nosso lado também. Nada pode valer mais, possa ser mais valiosa, preciosa do que nossas vidas que são glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.
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